Tite e Globo amargurados. Pelo baixo nível dos amistosos do Brasil
Árabes impõem amistosos de baixíssimo nível para o recomeço da Seleção. El Salvador e Arábia Saudita. Jogos insignificantes e de péssima audiência
Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli
São Paulo, Brasil
O coordenador de Seleções, Edu Gaspar, já havia avisado.
A primeira fase do ciclo de quatro anos até o Mundial do Qatar, depois do fracasso na Rússia, foi batizada por ele e por Tite de 'curto prazo'. Ou seja, seis jogos até o final de 2018, quando seriam feitas observações de novos jogadores.
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Neste período, Tite dará chance aos atletas que considera com potencial para vestir a camisa da Seleção em 2018.
Isso explica a escalação de amanhã contra El Salvador, em Washington.
Neto; Éder Militão, Marquinhos, Dedé e Alex Sandro; Casemiro; Douglas Costa, Arthur e Philippe Coutinho e Neymar; Richarlison. Seis novidades na equipe que venceu o time misto dos Estados Unidos, sexta-feira, por 2 a 0, em New Jersey.
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Nos dias 12 e 18 de outubro, a Seleção irá para a Arábia Saudita. Lá enfrentará a seleção local e a Argentina.
Em novembro, acontecerão mais duas partidas.
Como já foi publicado no blog, o desinteresse em relação à Seleção Brasileira é assustador. A partida contra o time misto dos Estados Unidos deu 25 pontos de audiência, 30 a menos que os 55 no último jogo da Copa, diante da Rússia.
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A tendência é que amanhã, a situação não mude.
El Salvador é a 72ª equipe no ranking da Fifa.
A Arábia Saudita também deverá opor pouca resistência. É a 70ª no ranking.
E também não se deve ter muita expectativa em relação à Argentina.
O time não terá Messi, que pediu para não atuar pela seleção do seu país até o final de 2018.
Este recomeço de trabalho de Tite está completamente travado.
A CBF precisa cumprir o que assinou.
O último ato de Ricardo Teixeira, antes de desistir da presidência da CBF, acossado por denúncias de corrupção foi vender os amistosos da Seleção em março de 2022. E negociou os jogos para a ISE, empresa da Arábia Saudita.
O acordo é simples, um milhão de dólares, cerca de R$ 4 milhões, para a CBF por jogo. E tudo fica por conta dos árabes. Os adversários, a arrecadação, organização e direito de transmissão das partidas.
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Normalmente, seleções fortes europeias só querem confrontos com o Brasil quando suas seleções estão bem preparadas. Além disso, há a Liga das Nações, torneio de amistosos criado pela Uefa.
Tite e a TV Globo, dona do monopólio do futebol na tevê aberta, estão igualmente revoltados. O treinador queria de qualquer maneira aproveitar esses quatro anos até a próxima Copa para mergulhar no intercâmbio com partidas contra os europeus. Mas já percebeu que serão poucos os confrontos.
A ISE quer os amistosos mais rentáveis.
E ponto final.
Por isso, o Brasil já foi jogar contra o Iraque, Zâmbia, Panamá, Honduras, Japão, África do Sul, China.
E tem neste recomeço El Salvador e Arábia Saudita.
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Se o nível do adversário for fraco problema do Brasil.
A CBF não tem a preocupação de pressionar a ISE para melhorar o nível dos rivais. Até porque quer a Seleção acumulando vitórias para tentar empolgar o torcedor para a Copa América de 2019, que será disputada no Brasil.
A ISE obriga, por contrato, a CBF a ter os melhores jogadores em campo. Por isso, a presença de Neymar amanhã e em todos amistosos insignificantes marcados pelos árabes.
A situação é complicada e irrita Tite.
Mas não há como exigir, depois do fracasso na Rússia.
A Globo também precisa de rivais mais fortes.
Para atrair mais telespectadores.
Só que a CBF não tem se dobrado à emissora carioca.
E tem deixado os árabes à vontade.
O recomeço do Brasil é péssimo.
Enfrentando adversários que não acrescentam nada.
O sonhado ciclo de Mundial a Mundial não alegra Tite.
Pelo contrário.
Já percebeu o quanto está amarrado para escolher adversários.
Por motivos parecidos, o Brasil já acumula 16 anos sem Copa.
Quatro Mundiais fracassados.
Sem chegar nem à final...
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