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Tite armou armadilha para ele mesmo. Colocou o Brasil mais ofensivo desde que assumiu. E não será titular na Copa. 3 a 0 em Gana

No penúltimo amistoso antes da Copa do Mundo, Tite coloca cinco jogadores ofensivos. Situação que não está no seu DNA. E nem será titular no Catar. O treinador fez um teste tardio. Facilitado pela fragilidade ganesa

Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli

O Brasil mais ofensivo desde que Tite assumiu seleção, em 2016. Time que não será titular no Catar
O Brasil mais ofensivo desde que Tite assumiu seleção, em 2016. Time que não será titular no Catar

São Paulo, Brasil

Tite armou uma armadilha para ele mesmo.

No penúltimo amistoso da seleção brasileira antes da Copa do Mundo, o treinador tratou de colocar uma equipe que não será titular no Catar.

O técnico não abrirá mão de jogar com a dupla de volantes Fred e Casemiro marcando. E de um lateral de verdade.


O que já diminui, e muito, o ritmo ofensivo mostrado hoje na França.

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Com apenas Casemiro como marcador, o técnico tratou de colocar Paquetá, Neymar, Raphinha, Richarlison e Vinicius Júnior juntos.


O que foi um espetáculo para quem assistiu à partida.

Ainda mais com o péssimo time ganês levando muito a sério o combinado entre duas equipes que vão disputar a Copa do Mundo. Nada de faltas duras, fortes. Muito pelo contrário, o técnico Otto Addo deu todo o espaço sonhado para que os brasileiros mostrassem seu talento. 


Foi o 4-5-1 mais aberto do ano. 

Os ganeses estavam constrangidos para fazer faltas.

O placar de 3 a 0 foi modesto demais.

Tite sabia que o adversário era fraco e tratou de fazer seu time marcar a saída de bola, não deixar a equipe africana respirar. Os jogadores sem técnica, espaçados, assustados, mostraram desde o início o quanto fácil seria a partida. 

Aos 27 minutos de jogo, o Brasil já vencia por 2 a 0. Gols de Marquinhos, depois de escanteio cobrado por Raphinha, aos oito minutos, e de Richarlison, de fora da área, em assistência de Neymar. O atacante do Tottenham marcou outro, aos 39 minutos. Após levantamento, em cobrança de falta, de Neymar. 

Com tanta liberdade, o jogador do PSG pôde flutuar à vontade na intermediária. Assim como Vinicius Júnior fazia o que queria na ponta esquerda. A movimentação de Richarlison foi muito boa buscando os espaços vazios. Paquetá teve liberdade para atuar, já que Tite fez o absurdo de improvisar Militão na ala direita, com a intenção de guardar o lugar para Daniel Alves, com seus 39 anos e a pior fase na carreira. 

Neymar teve mais espaço do que teria se fosse coletivo, contra os reservas. No segundo tempo, levou pontapés
Neymar teve mais espaço do que teria se fosse coletivo, contra os reservas. No segundo tempo, levou pontapés

O primeiro tempo pode ser resumido de forma muito clara.

Foram 14 chutes a gol da seleção brasileira contra um de Gana.

Desequilíbrio à flor da pele.

No segundo tempo, com a vitória garantida, o Brasil diminuiu o ritmo. E Gana apertou a marcação, com direito a pontapés até sem bola. Lógico que o mais caçado era o mais talentoso e provocador: Neymar. Evidente que ele retrucou e acabou recebendo cartão amarelo. 

Tite que tenha coragem de, uma vez por todas, enquadrar o seu camisa 10. Para que não caia em toscas e previsíveis provocações. Não é possível que continue agindo como um menino, aos 30 anos.

Neymar foi o maestro do time, jogando muito bem, principalmente no primeiro tempo, como o articulador da seleção. 

O ponto fraco da seleção foi, como se esperava, a lateral. Óbvio, o improvisado Militão e Alex Telles, que, de novo, não aproveitou a oportunidade. Alex Sandro, o titular, teve uma lesão muscular e foi cortado dos amistosos.

No modorrento segundo tempo, com a seleção brasileira mostrando desinteresse, cansaço, com a chuva, faltou o treinador dar chance a Pedro. Ele não o deixou atuar, apesar da excepcional fase que vive, nem por um minuto. Escolheu Matheus Cunha. Tite não acredita nos jogadores que atuam no Brasil. Esta tem sido sua marca registrada nos longos seis anos que está à frente da seleção. 

Vale lembrar que Gana foi escolhida pela CBF porque teria as mesmas características que Camarões, que está no grupo do Brasil na Copa. Não tem. Não é ofensiva, não contragolpeia com convicção, em bloco. A marcação é muito mais frouxa. Não mostra nem a mesma força física. O amistoso de hoje foi uma tentação para quem deseja se iludir, como antes da Copa de 2018.

Agora, Tite terá de conviver com a cobrança pela sombra do time ofensivo que colocou hoje em campo. E que não se repetirá no Catar. Não como titular.

Provavelmente nem em situações específicas.

Se seu time estiver perdendo uma partida eliminatória, como foi contra a Bélgica, na Rússia, por exemplo. 

Richarlison roubou a cena. Foi o melhor em campo. Dois gols e excelente movimentação
Richarlison roubou a cena. Foi o melhor em campo. Dois gols e excelente movimentação

Uma pena que o treinador não levará a sério o seu teste, com cinco jogadores ofensivos. 

Não está no DNA de Tite.

Nunca esteve pelos clubes que passou.

Muito menos na seleção brasileira...

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Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.

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