Tiago Nunes impõe cartilha. E deixa Corinthians tenso pelas cobranças
O clube, berço da "Democracia Corintiana", agora se submete à cartilha de Nunes. Ironia para o liberal Andrés e Duílio, filho de Adilson Monteiro Alves
Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli
São Paulo, Brasil
A diretoria do Athletico Paranaense não se limitou a mudar a grafia do próprio nome.
"Europerizou", tirando o acento e colocando um h entre o t e o l, tornou seu nome menos 'brasileiro' para o mercado internacional.
Mas o homem que domina o clube, Mario Celso Petraglia, há muito já havia feito mais.
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Copiou costumes do Velho Continente e os impôs na concentração.
Trouxe regras rígidas de convivência.
Há anos, tudo é controlado no Centro de Treinamento do Caju.
Por isso, Dunga, que sempre defendeu que a concentração deve ter regras firmes, quase militares, levou a Seleção Brasileira, em maio de 2010, para o CT do Athletico.
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Thiago Nunes chegou ao clube de Petraglia, em 2017. Passou dois anos inteiro acompanhando o controle absoluto e a força da hierarquia imperando.
Daí o choque quando chegou ao Corinthians.
Era tudo muito mais tranquilo, solto.
Com a permissão de Andrés Sanchez, a situação mudou.
As novas regras, impostas a partir da disputa da Florida Cup, deixou o ambiente mais pesado.
Era uma questão de tempo para que o descontentamento chegasse à imprensa.
E desde ontem não se fala em outra coisa no Corinthians.
O ex-deputado federal pelo PT e presidente, Andrés Sanchez, sempre se considerou um 'democrático'.
O diretor de futebol, Duílio Monteiro Alves, é filho do sociólogo Adilson Monteiro Alves, criador da Democracia Corintiana, movimento liberal da década de 80.
As novas regras vieram à tona.
Acabou a liberdade de os atletas tomarem café, almoçar ou jantar em horários determinados. Todos passaram a comerem juntos. Para irritação de vários atletas acostumados a dormirem até mais tarde.
Ou que adaptavam os horários de refeições para resolverem problemas particulares.
Se alguém precisar sair mais cedo tem a obrigação de avisar o capitão Cássio.
Visitas de amigos e parentes no CT só em 'último caso'.
Vestiários foram fechados até para os filhos dos jogadores. Funcionários de outra área, nem pensar.
A lista dos atletas convocados para o jogo só na véspera da partida. O que feriu interesses de quem, por exemplo, reservas dos reservas, estavam acostumados programarem viagens, se não forem entrar em campo. Eles sabiam muito antes de estariam no banco ou não. Agora, isso acabou.
Nos dias de jogos, nada de dormir até mais tarde. Atividade física leve pela manhã. Mas que impossibilita mais horas de sono.
O vazamento do incômodo dos atletas obrigou que o capitão Cássio fosse hoje dar suas explicações como capitão do time.
Ele tentou de todas as maneiras amenizar as atitudes duras que Tiago Nunes trouxe do Athletico.
Mas não conseguiu.
Cássio também insistiu que não fosse relacionada a eliminação do Corinthians, da 'pré-Libertadores' com a nova rigidez da concentração.
A verdade é que a situação não é irrelevante.
Tanto que a diretoria e o próprio Tiago quer saber quem vazou as novas regras no Corinthians para a imprensa.
Não se sabe se foi jogador, empresário ou membro da própria diretoria.
A situação não é confortável.
O Corinthians não é um clube controlado por um homem só como o Athetico.
Tem sua tradição democrática.
De dar responsabilidade aos atletas.
Não tratá-los como em um quartel.
São adultos, não crianças.
O que acontecendo no Corinthians é mais sério do que parece.
Não se muda a tradição, a cultura de um clube do dia para a noite.
O incômodo dos atletas não veio à público por acaso.
Mas para demonstrar o excesso da rigidez...
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