Ser celebridade livra Ronaldinho da prisão no Paraguai
A pressão por lidar com o ex-melhor do mundo pesou. E a justiça paraguaia aceitou argumentos pífios para entrada no país com passaporte falso
Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli
São Paulo, Brasil
Prestígio de duas vezes melhor do mundo.
Mais argumentos pífios.
E um bizarro item do Código Penal Paraguaio.
Esses itens livraram Ronaldinho Gaúcho da acusação de circular no paraguai com documentos falsificados.
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Ele e seu irmão passaram 24 horas detidos por agentes do Ministério Público e pela polícia paraguaia.
Os dois entraram no país vizinho com passaportes falsos.
A falsificação era tosca, detalhando que os dois seriam paraguaios naturalizados. Os números dos passaportes denunciavam. Os documentos foram registrados emm nomes de duas mulheres.
Foi um escândalo de enormes proporções a detenção de Ronaldinho Gaúcho.
O ex-jogador que foi melhor do mundo em 2004 e 2005, além de vencedor da Copa de 2002, corria o risco de ficar cinco anos preso, por circular com documentos falsos.
Ou pagar uma multa e ser expulso do país.
Ronaldinho Gaúcho é embaixador do turismo no Brasil, escolhido pelo governo de Jair Bolsonaro.
Ele passou o dia todo depondo para as autoridades paraguaias.
E repetiu a mesma história.
Estava 'chocado' com a situação e que havia recebido o documento do empresário brasileiro. Wilmondes Sousa Lira.
Que ele e seu irmão Assis receberam os passaportes e acreditavam que era uma 'homenagem' do governo paraguaio.
Wilmondes se recusou a explicar o motivo de ter dado os passaportes aos irmãos.
Qualquer brasileiro entra no Paraguai portando apenas uma cédula de identidade.
O empresário acabou preso, junto com as paraguaias María Isabel Galloso e Esperanza Apolonia Caballero, cujos nomes constavam nos passaportes, antes da falsificação.
O Ministério Público do Paraguai considerou que Ronaldinho e seu irmão Assis foram 'enganados de boa-fé', depois das suas explicações.
A promotoria decidiu usar o bizarro item do Código Penal Paraguaio batizado de "critério de oportunidade".
Quando suspeitos confessam o delito e não têm antecedentes criminais.
Fosse Ronaldinho, uma pessoa comum, e não celebridade mundial, teria de explicar porque aceitou empunhar o passaporte que o mostrava como naturalizado paraguaio.
Apesar de Assis tomar todas as decisões importantes, adultas, da vida do duas vezes melhor do mundo, Ronaldinho sabe ler.
A 'homenagem' não seria tão grande, capaz de mudar a nacionalidade do ex-jogador.
Mas tudo será esquecido.
Ronaldinho não ficará cinco anos preso.
Nem será expulso do país.
E muito menos pagará multa.
No máximo, terá uma pena social.
Visitar crianças doentes em um hospital, algo do gênero.
Talvez nem isso.
"O senhor Ronaldo Assis Moreira, mais conhecido como Ronaldinho, aportou vários dados relevantes para a investigação e atendendo a isso, foram beneficiados com uma saída processual que estará a cargo do Juizado Penal de Garantias", garantiu o promotor Frederico Delfino.
Ronaldinho e seu irmão Assis foram convidados para viajarem ao Paraguai pelo empresário Nelson Belottii, dono de um cassino. O ex-jogador é embaixador dessa casa de jogos.
Belotti é citado em vários processos. Desde a operação Lava Jato, do Petrolão a JBS, em operações com doleiro Alberto Youssef.
O escândalo acabou com a demissão do Diretor de Migração do Paraguai, Alexis Penayo. Por Ronaldinho não ter sido detido assim que chegou ao país, com passaporte falso.
Ele não foi pelo assédio das pessoas ao ex-jogador.
Ronaldinho e Assis depuseram por oito horas.
Em seguida, liberados.
O ex-jogador decidiu ficar no Paraguai.
Está feliz.
Sabe: não será punido pelos passaporte falso.
Essa história está muito mal contada.
Ser celebridade e embaixador do turismo do Brasil pesaram.
Mas não resta dúvida.
Foi mais um vexame na vida de Ronaldinho...
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