Logo R7.com
Logo do PlayPlus
Cosme Rímoli - Blogs
Publicidade

Dois 'títulos' para o Palmeiras. Sem hipocrisia, é campeão brasileiro de 2023. E Abel deixa claro que vai ficar. 'Não sou ingrato!'

O Palmeiras venceu o Fluminense e, mesmo se perder para o Cruzeiro, o Atlético teria de ganhar por 8 a 0 do Bahia. E o Flamengo, por 16 a 0 do São Paulo. E Abel não vai se deixar levar pelo dinheiro do Catar

Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli


Breno Lopes marcou o gol que fez a torcida gritar, sem hipocrisia. 'É campeão, é campeão'
Breno Lopes marcou o gol que fez a torcida gritar, sem hipocrisia. 'É campeão, é campeão'

São Paulo, Brasil

Duas situações de sonho para os palmeirenses.

Primeiro, a conquista do Brasileiro.

A vitória sobre o Fluminense fez com que o clube abrisse três pontos de vantagem na liderança do campeonato: 66 contra 63.

Publicidade

E a certeza do título está no saldo de gols absurdo que Atlético Mineiro e Flamengo teriam de tirar na última rodada: 8 e 16.

A matemática, desta vez, pode, sim, ser desprezada.

Publicidade

Sem hipocrisia, os torcedores que comemoravam a vitória nesta tarde, por 1 a 0, gol de Breno Lopes, tinham razão ao extravasar gritando no fim do confronto.

Clique aqui e receba as notícias do R7 Esportes no seu WhatsApp

Publicidade

Compartilhe esta notícia pelo WhatsApp

Compartilhe esta notícia pelo Telegram

Assine a newsletter R7 em Ponto

"É campeão... É campeão... É campeão..."

O segundo motivo para celebração só saiu na última frase de Abel Ferreira na coletiva após a vitória.

Não é segredo que ele recebeu uma proposta do Al-Sadd, para treinar o time catariano em 2024. Ela chegaria a R$ 9 milhões por mês.

Como o blog publicou, jamais a presidente do Palmeiras, Leila Pereira, ficou tão preocupada em relação à sequência ou não do treinador português no Palestra Itália.

Ele enrolou, disfarçou, não queria falar sobre sua permanência ou saída.

Fez inúmeros desabafos, criou um clima de tensão, mostrou quanto está desgastado com a rotina do futebol brasileiro, reclamou, exigiu a troca do gramado sintético do estádio palmeirense.

Mas, empolgado com a conquista real do seu nono título comandando o Palmeiras, ele não se segurou.

"Não sou ingrato!"

Falou e encerrou a coletiva.

Ou seja, deixou claro que não trocará o Palmeiras pelo Catar.

Mesmo pelo salário, que é mais do que o triplo dos R$ 2,5 milhões que recebe.

A notícia se espalhou nesta noite entre os conselheiros.

A comemoração é como se fosse um segundo título no mesmo dia.

No começo da entrevista coletiva, ele até que tentou se resguardar.

"Não vou comentar especulações. Vocês sabem como é o futebol brasileiro. Já falei ao longo do ano, tem várias especulações, é normal. O mais importante é o jogo mais importante do ano. Queremos carimbar este título, porque neste momento não somos campeões e queremos muito ser."

Abel chega ao nono título. E não se segurou. Deixou escapar que ficará em 2024. 'Não sou ingrato!'
Abel chega ao nono título. E não se segurou. Deixou escapar que ficará em 2024. 'Não sou ingrato!'

Mas não resistiu à provocação para não falar sobre o seu futuro.

Abel tem contrato até o fim de 2024.

E seu sonho é treinar um grande clube europeu. Não ir para o mundo árabe.

Com a situação teoricamente resolvida, Abel fez questão de detalhar os pontos principais que fizeram do Palmeiras novamente campeão do Brasil.

Mesmo sem Dudu e Gabriel Menino, contundidos. E Rony, que perdeu para o resto da temporada, por uma fratura no antebraço direito, no jogo contra o América Mineiro, na quarta-feira (29).

"Digo duas coisas: estivemos a 14 pontos, ou 13. Disse a eles que, se largassem, eu seria o primeiro a largar. Se eu sentisse que eles largassem [o campeonato], eu largaria. Essa foi a primeira. E a segunda foi que vos disse: temos uma oportunidade de sair daqui, eu como melhor treinador, e vocês como melhores jogadores. São estes momentos que podem nos fazer crescer e retornar ainda melhores, e acho que eles entenderam o que quis dizer", declarou.

"Eu não via sentido que eles tinham largado, mas, com 14 pontos atrás, o natural seria pensar que não havia mais o que fazer. Também sempre disse que temos uma identidade, um caráter. Esta equipe tem uma história neste clube. Foram essas duas frases que eles conseguiram entender, e isso me enche de orgulho."

Endrick, em um momento de devaneio. 'Não somos campeões. O Atlético pode ganhar de 10 a 0'
Endrick, em um momento de devaneio. 'Não somos campeões. O Atlético pode ganhar de 10 a 0'

O técnico também fez questão de lembrar que saíram vários jogadores nesta temporada: Danilo, Scarpa, Merentiel, Jorge, Wesley, Kuscevic, Giovani, Navarro.

E só foram contratados Richard Ríos e Artur.

"Questionaram muito as contratações do Palmeiras. E eu sempre disse: 'Se gastar dinheiro, pagar 15 milhões, para faltar dinheiro para pagar os funcionários do CT, eu não quero nenhum'. Meu pai sempre me ensinou que só gasta o que tens. Não sou eu que trato da contabilidade, mas foi isso que falei ao clube."

Abel ainda reclamou do estado do gramado sintético do estádio palmeirense.

"Se eu fosse o Diniz, e fosse disputar o Mundial de Clubes, faria a mesma coisa [pouparia jogadores]. O piso do nosso estádio precisa ser trocado. Não tem condições. Está desgastado. Não suportou o número de shows e jogos."

Foi graças a Abel que o Palmeiras enfrentou o América Mineiro e o Fluminense no estádio da Água Branca. Ele exigiu da direção do clube mudar os jogos da Arena Barueri, que o clube arrendou por 25 anos.

"Nossa casa é aqui. Nós nos sentimos bem na nossa casa. Qualquer lugar é jogar fora." 

Leila teve da acatar.

E vieram as duas vitórias que deram o título ao Palmeiras.

Breno Lopes ganha na velocidade do ex-palmeirense Thiago Santos. Palmeiras encurralou o Fluminense
Breno Lopes ganha na velocidade do ex-palmeirense Thiago Santos. Palmeiras encurralou o Fluminense

Até porque ninguém imagina, a sério, o Flamengo vencendo o São Paulo por 16 a 0, no Morumbi, ou o Atlético Mineiro ganhando do Bahia, em Salvador, por 8 a 0 na última rodada.

Contra 26 do Atlético e 15 do Flamengo.

E só não é anunciado como campeão brasileiro de 2023 por uma questão burocrática.

Só mesmo os 17 anos de Endrick para fazê-lo acreditar no que Abel pregava no vestiário.

"Torcida é assim: eles estão felizes, gritam que é campeão, mas a gente sabe como é o Brasileirão. Não podemos deixar isso subir para a cabeça. É seguir com os pés no chão, e para mim não tem nada ganho.

"O Galo pode fazer 7, 10 a 0, e a gente perder o título.

"Temos que manter os pés no chão, treinar e fazer uma boa partida contra o Cruzeiro para sacramentar a vitória."

O excelente jovem atacante palmeirense falou o que ouviu o treinador português recomendar aos seus atletas. Evitar a comemoração antecipada. Nem ele pode acreditar no que falou. O time de Luiz Felipe Scolari ganhar da equipe de Rogério Ceni por 10 a 0...

Endrick obedeceu o técnico, para não assumir a conquista do Campeonato Brasileiro mais disputado da história.

A recuperação do Palmeiras, rumo ao título, foi épica.

O clube teve de superar duas eliminações constrangedoras.

Ambas no seu estádio: a Copa do Brasil e a Libertadores. Contra o São Paulo e o Boca Juniors.

E 13 pontos atrás do então líder, Botafogo, a recuperação veio, jogo a jogo.

Como a partida fundamental de ontem.

Com sede de ser bicampeão do país, foi objetivo, competitivo e vibrante.

Calculista, sem se preocupar em dar espetáculo, golear.

Nada disso.

Mesmo com um jogador a mais, no segundo tempo, com a expulsão do jovem lateral Justen, o técnico português manteve seu esquema com três zagueiros. Não abriu a equipe. Queria os três pontos. E foi o que conseguiu.

E se impôs ao fantasioso e autoral Fluminense de Fernando Diniz.

Ainda mais com os cariocas repletos de desfalques, atletas como Marcelo, Cano, Ganso, Arias, Felipe Melo, Arias, poupados para a disputa do título mundial.

Se a escalação de Diniz prejudicava o Flamengo, o Atlético Mineiro, o Botafogo?

Pior para os clubes, que não conseguiram os pontos de que precisavam.

Os palmeirenses chegaram a 69 pontos e só precisam de um empate com o Cruzeiro, na quarta-feira (6), em Belo Horizonte, para a conquista do 12º título brasileiro.

Até a derrota em Minas Gerais pode valer o Brasileiro.

Por conta do saldo de gols.

Breno Lopes, com quem muitos no Palestra Itália brincam, chamando-o de "predestinado", ainda remetendo ao gol que marcou na final da Libertadores de 2019, foi o homem decisivo. 

Ele foi lançado de forma impressionante pelo polivalente Zé Rafael. E não teve a coragem de perder o lance, diante de Fábio. Gol aos 29 minutos do primeiro tempo.

O Palmeiras foi montado da forma mais segura possível, para evitar o toque de bola do Fluminense. Com três zagueiros, com Marcos Rocha atrás, onde John Kennedy costuma correr.

Com cinco jogadores no meio-campo, superpopulando as intermediárias. E com Breno Lopes e Endrick na frente.

John Kennedy obriga Weverton a trabalhar. Foi um raro arremate do time carioca. Reservas lutaram
John Kennedy obriga Weverton a trabalhar. Foi um raro arremate do time carioca. Reservas lutaram

Os reservas do Fluminense careciam de entrosamento e foram se apequenando.

O Palmeiras conseguiu 22 finalizações, contra 6 do time carioca.

Vitória mais do que justa do campeão brasileiro Palmeiras.

O motivo da festa será duplo.

Pelo 12º título brasileiro.

E pela permanência do incrível Abel Ferreira.

Dono de nove títulos em três anos.

Para o alívio de Leila Pereira, que sabe muito bem o que tem de fazer.

Contratar.

E trocar o piso sintético do estádio palmeirense...

Conheça Estevão, joia do Palmeiras e da seleção que pode se tornar mais cara que o amigo Endrick

Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.

Últimas

Utilizamos cookies e tecnologia para aprimorar sua experiência de navegação de acordo com oAviso de Privacidade.