Se o Brasil for hexa, Tite não levará a taça a Bolsonaro. Jura que também não celebrará com Lula. 'Não sou comunista. Sou humanista'
Apesar de a CBF tentar a conciliação, técnico da seleção rechaça ir para Brasília festejar, se o Brasil for hexa. Bolsonaro será o presidente, mesmo se perder a eleição. Mandato termina no final de dezembro, depois da Copa
Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli
![Tite teve um rápido contato com Bolsonaro na entrega das medalhas e taça da Copa América em 2019](https://newr7-r7-prod.web.arc-cdn.net/resizer/v2/FU7RLH4BSFKEXFYBFMZ3I4R4SA.jpg?auth=5a6ece3301c3f315f9d0020e46d8a83b51bf251daecc36a5409e303330f6763b&width=780&height=470)
São Paulo, Brasil
Ednaldo Rodrigues foi eleito em março de 2022.
Assumiu a presidência da CBF até março de 2026.
O nome da chapa que o levou ao poder, recebendo 137 votos dos 141 possíveis, é simbólico.
"Pacificação e Purificação do Futebol."
Antes dele, os últimos quatro presidentes tiveram de deixar o cargo.
Ricardo Teixeira se afastou, e depois foi banido do futebol, acusado pela Fifa, de receber propina para votar no Catar. O ex-governador de São Paulo, José Maria Marin, virou presidiário. A acusação: receber dinheiro de organizadores de campeonatos na América do Sul.
Marco Polo Del Nero foi banido do futebol, também pela Fifa, pela acusação de suborno e corrupção.
Rogério Caboclo perdeu o cargo, afastado pela Assembléia Geral da CBF. As acusações: assédios moral e sexual contra funcionários da entidade.
Diante desse quadro, o baiano Ednaldo Rodrigues antes mesmo de ser eleito definitivamente, ele tratou de amarrar um acordo de pacificação entre os clubes das Séries A e B. Para que não lutassem na justiça contra a forma de indicação da CBF, com as Federações com votos valendo três vezes mais e com capacidade de eleger o presidente, independente dos clubes.
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Ednaldo propôs que a CBF iria cuidar apenas da Seleção, justamente a sua maior fonte de renda. Os campeonatos nacionais, como Brasileiro e Copa do Brasil, ficariam com a liga que os clubes ainda tentam formar.
Esta é a personalidade de Ednaldo, conciliadora.
Discreto, prometeu vender o helicóptero e o jatinho particular da CBF. Sabe que a entidade segue bilionária, enquantos clubes tradicionais, como Cruzeiro, Botafogo e Vasco, precisam vender suas autonomias para sócios. Buscando escapar da falência.
Ednaldo já conseguiu amarrar vários acordos com televisões, federações, o clima na CBF está muito mais leve para a Copa. Ele quer aproximar a Seleção 'do povo'. Promete que a cobertura do Mundial no Catar não será tão rígida quanto foi no Munidal de 2018. E os jornalistas brasileiros terão mais acesso aos jogadores e ao técnico Tite.
Ou seja, o 'pacificador' presidente da CBF está atuando em várias frentes.
Mas fracassou em uma significativa.
Tite já avisou que não se submeterá, não irá para Brasília com o restante do elenco, se o Brasil ganhar a Copa do Mundo.
Não fará como nas cinco outras vezes que a Seleção foi campeã do mundo.
Como em 1958, que a taça foi levada até Juscelino Kubitschek, em 1962 até João Goulart, em 1970 até Emílio Garrastazu Médici, em 1994 até Itamar Franco e em 2002 até Fernando Henrique Cardoso.
O primeiro turno acontecerá no dia 2 de outubro. E, caso nenhum candidato ultrapasse 50% dos votos válidos, haverá o segundo turno, dia 30 de outubro.
Portanto, excepcionalmente, antes da Copa do Mundo, que começará dia 20 de novembro. E terminará dia 18 de dezembro.
O Brasil se mostra polarizado, dividido, entre Jair Bolsonaro e Lula. Mesmo se Lula for eleito presidente, será Bolsonaro que estará no cargo. Seu mandato termina no dia 31 de dezembro.
![Tite com o presidente Lula, entregando taça e faixa de campeão da Libertadores, em Brasília](https://newr7-r7-prod.web.arc-cdn.net/resizer/v2/6O2JIHXJ3BM33FREAYOTQ6QOE4.jpg?auth=560b3e812e73de7af5c0dfc0e278d994ceb4ebe25b956e49d0d36c363cd7df87&width=941&height=627)
Ou seja, Tite não aceita fazer parte da delegação que festejaria a 'entrega' da taça para o presidente do Brasil.
"Uma questão de coerência", repete o técnico.
Em 2018, ele também não entregaria a taça para o então presidente Michel Temer.
Diz que também não aceitaria qualquer link, em caso de conquista, este ano, com Lula, se ele for o presidente eleito.
O treinador vê o Brasil dividido.
E teme que a polarização atinja a Seleção na Copa do Catar.
Com o ressentimento da ala que perder a eleição.
Tite fez parte da deleção do Corinthians que foi levar o troféu da Libertadores para o então presidente Lula, em 2012.
Na conquista da Copa América de 2019, Tite apertou rapidamente a mão do presidente Bolsonaro, na entrega da sua medalha.
Assim que ela foi colocada no seu pescoço, o treinador se afastou, para abraçar o ex-presidente Rogério Caboclo, afastado por assédios sexual e moral.
Nas redes sociais, Tite, foi muito atacado pela maneira com que tratou Bolsonaro.
Ele foi classificado como 'comunista'.
O treinador respondeu em off para jornalistas.
"Não sou comunista, sou humanista. Sou pela democracia."
Ednaldo Rodrigues tentou mas Tite segue firme.
Não irá para Brasília para encontrar o presidente Bolsonaro, se o Brasil ganhar a Copa do Mundo.
Postura definitiva, 'pela coerência', avisou a Ednaldo.
Assim que terminar a Copa do Mundo, com a conquista ou não do Brasil, o treinador estará desligado da delegação.
Ainda no Catar.
O que facilitará politicamente a situação para o presidente da CBF, se a Seleção for hexa.
Os jogadores não terão opção.
Serão obrigados a irem até Brasília.
O costume de o treinador e atletas levarem a taça da Copa do Mundo, para o presidente do país campeão, faz parte da tradição do futebol.
Mas se o Brasil vencer, Bolsonaro não terá Tite a seu lado...
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