Saudade de Neymar. Monótono, o Brasil vence a Venezuela
Um salvador gol de Roberto Firmino evitou o vexame no Morumbi. Tite errou na escalação. E os jogadores, sem brilho, apelavam aos chuveirinhos
Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli
São Paulo, Brasil
Monótono.
Previsível.
Burocrático.
O Brasil jogou muito mal hoje no Morumbi, contra a fraquíssima Venezuela.
Sem o talento, o improviso de Neymar, parecia que os jogadores estavam proibidos de driblar.
E apelando para o recurso dos times sem imaginação, chuveirinho, a Seleção venceu por 1 a 0, gol de Roberto Firmino, aos 21 minutos do segundo tempo.
Na estatística, perfeito.
O Brasil venceu seus três primeiros jogos nas Eliminatórias, algo que não acontecia desde a disputa para ir à Copa de 1982.
Desta vez, Bolívia, Peru e Venezuela foram as vítimas. Adversários fracos, escolhidos a dedo pela força política da CBF na Conmebol.
Mas dentro do campo, principalmente hoje, o futebol foi péssimo.
O primeiro tempo mostrou um time mal escalado.
Tite deveria saber o que qualquer adolescente, que gosta de futebol, tinha certeza que aconteceria.
O treinador português da Venezuela, José Peseiro, tratou de montar seu limitadíssimo time no 4-5-1.
Não havia cabimento o Brasil atuar com dois volantes de marcação: Alan e Douglas Luiz. Eles tinham a mesma função. Com extrema dificuldades em passes ofensivos.
Era óbvio que os venezuelanos com duas linhas fixas de marcação, Everton Ribeiro e Roberto Firmino, os meias brasileiros, acabavam encaixotados.
Quem tinha liberdade nas intermediárias não tinha potencial para criar, os volantes. Passes e lançamentos errados irritavam, enervavam, afobavam os atacantes Gabriel Jesus e Richarlison.
Com medo de Soteldo, pequeno, habilidoso e veloz jogador do Santos, Tite prendia exageradamente Danilo. Só o lateral Renan Lodi tinha liberdade. Mas Peseiro sabia do seu potencial e tratou de colocar Machis para ajudar Mago.
O mais inacreditável foi que a Seleção passou a apelar para cruzamentos, chuveirinhos para a área, onde estivesse a bola. Cruzamentos aéreos que pegavam os venezuelanos de frente e os brasileiros de costas.
Times medíocres, sem criatividade, apelam para chuveirinhos.
Era óbvio que faltava até personalidade para os jogadores brasileiros tentarem os dribles, para abrir o forte sistema defensivo venezuelano.
Daí a saudade eterna de Tite de Neymar só aumentar.
Para piorar as coisas, o Brasil evitava chutar de fora da área.
Ou seja, a Seleção teve 73% de posse de bola, mas conseguiu apenas quatro finalizações.
No segundo tempo, Tite fez sua obrigação.
Tirou Douglas Luiz, que jogou muito mal.
Colocou Lucas Paquetá, meia ofensivo, para revezar com Everton Ribeiro, abrir espaço no sistema defensivo venezuelano.
O Brasil voltou com a marcação mais adiantada.
Tite sabia que seria um vexame, caso a Seleção empatasse com a fraca Venezuela.
Ainda mais jogando em casa.
No Morumbi.
A dificuldade continuava.
Mas os venezuelanos começavam a cansar e perder a concentração.
O que pesava nos excessivos cruzamentos da Seleção Brasileira.
Foi assim que Paquetá descobriu Everton Ribeiro infiltrado pelo lado direito da área venezuelana.
Ele invadiu e cruzou para Renan Lodi que brigou com a zaga e cabeceou para Roberto Firmino, livre, marcar 1 a 0.
Gol apenas aos 21 minutos.
Foi a única jogada de perigo do Brasil no segundo tempo.
Mesmo com a entrada de Pedro e Everton Cebolinha, primeiro atuando errado, na direita, e só no final da partida, pôde atuar na esquerda, o time de Tite seguiu improdutivo.
De bom, só a visão, a movimentação, os passes precisos de Everton Ribeiro, o melhor da Seleção.
Terça-feira, o futebol da Seleção tem de melhorar muito.
Uruguai, em Montevidéu.
Talvez a saudade de Neymar aumente...
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