São Paulo e Água Santa no estádio do Palmeiras. Provocações deixam claro. Jogo contra o Água Santa é de alto risco
Principal organizada do Palmeiras não aceita jogo do São Paulo no Allianz. Torcedores do São Paulo ironizam rebaixamentos do rival. Partida do tricolor contra o Água Santa, pelas quartas do Paulista, é de alto risco
Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli
São Paulo, Brasil
Há o mundo ideal.
E há o mundo real.
Quando as direções do Palmeiras e do São Paulo celebraram um acordo, no início de fevereiro, em que o clubes usariam os estádios dos rivais, por compromissos comerciais, houve até comemoração na Federação Paulista de Futebol.
Por conta do aluguel do Allianz para o Carnauol, com show de Claudia Leite, o Palmeiras enfrentou o Santos, no dia 4 de fevereiro, no Morumbi. Com sua torcida única.
A segurança do estádio foi reforçada, e houve uma campanha comandada pela Mancha Verde, a principal torcida organizada palmeirense, para que não houvesse depredação.
Só houve duas cadeiras quebradas no Morumbi. Uma vitória, diante do vandalismo entre torcidas rivais.
O estafe do Palmeiras fez questão de limpar seu o vestiário no Morumbi e divulgar a imagem, deixando claro que respeitou o espaço do rival.
Mas chegou a vez de o São Paulo usar o Allianz como casa, nestas quartas de final.
Na segunda-feira (13), contra o Água Santa.
Também com torcida única, como foi no Morumbi.
Por conta dos shows do Coldplay.
Só que a situação está muito preocupante.
Trazendo muita preocupação para as autoridades, principalmente para a Polícia Militar, cuja cúpula acompanhou com tensão esse acordo.
A começar pela postura oficial da Mancha Verde, que divulgou uma nota contra o São Paulo assumir como mandante o jogo de segunda-feira, no Allianz.
UMA AFRONTA À NOSSA HISTÓRIA!
As críticas que fizemos até aqui à presidente Leila Pereira refletem visões distintas sobre prioridades de investimento do clube. Mas nenhum equívoco cometido neste primeiro ano de gestão se equipara à inaceitável decisão de ceder o Allianz Parque ao clube que, décadas atrás, tentou tomar a nossa casa.
Leila tomou tal medida sem consultar ninguém e, mesmo diante da repercussão negativa entre os palmeirenses, seguiu adiante com um acordo que só é bom para o nosso inimigo.
Ao longo do último mês, Leila foi alertada dos riscos de tal arranjo, primeiro em uma carta aberta assinada por 34 conselheiros e depois em conversas com inúmeras pessoas influentes e que conhecem a fundo a história do clube. E o que fez a mandatária? Simples: ignorou a sensatez dos que cumpriram o dever de aconselhá-la.
Alheia às vozes divergentes, ela segue tomando decisões monocráticas e que parecem atender mais a suas aspirações pessoais do que aos interesses da coletividade palmeirense.
O empréstimo do Allianz Parque a um clube inimigo desconsidera uma série de fatores: o entorno do estádio, com a presença de incontáveis sedes de torcida, lojas, bares e estabelecimentos que respiram Palmeiras; o direito de ir e vir dos associados do clube social; e mesmo a segurança dos moradores de um bairro alviverde como nenhum outro.
A revolta entre os palmeirenses é consensual, mas, ao que parece, a mandatária prefere dar ouvidos ao dirigente rival que, há menos de um ano, atuou nos bastidores para tentar impedir que o Palmeiras jogasse em casa a final do Paulistão — lembram-se disso?
A realização desta partida lamentável no Allianz Parque constitui uma afronta à nossa história, aos nossos símbolos e à nossa coletividade. E é uma página tenebrosa a desonrar a memória dos bravos palestrinos da Arrancada Heroica, que protegeram o nosso estádio do ataque inimigo.
Diretoria Mancha Alvi Verde
Alguns torcedores do São Paulo decidiram ironizar a situação.
Tocando em um trauma dos palmeirenses.
O exemplo do clima de provocação está na montagem que circula em várias redes sociais.
Com uma faixa no Allianz Parque, com a frase.
"Nunca Fui Rebaixado", com o distintivo do São Paulo.
Mas bem real é a preocupação da PM com os vários pontos comerciais que circundam o Allianz.
São absolutamente identificados com o Palmeiras e suas organizadas.
O encontro com torcedores organizados do São Paulo tem grande chance de conflito, pelo clima que está sendo criado.
A cúpula da FPF pediu policiamento reforçado também nas ruas que dão acesso ao estádio. E às estações de metrô.
O que era ideal se mostra complicado.
Até porque o São Paulo terá de jogar a semifinal, caso derrote o Água Santa, no tempo normal da partida, também fora do Morumbi.
Os planos era para que fosse no Allianz.
Mas não será surpresa se o jogo for para a Vila Belmiro.
Ou mesmo o Canindé.
O interesse do São Paulo no Allianz foi a possibilidade de vender mais 30 mil ingressos.
No outros estádios disponíveis, pouco mais da metade.
Jogar em Itaquera, no estádio do Corinthians, a direção do São Paulo nem cogita.
Por conta da rivalidade ainda mais agressiva...
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