Sampaoli deu uma aula para Jardine. Santos 2 a 0
O argentino não deu chance diante do novato são paulino. Os santistas se desdobraram, não deram o mínimo espaço. E venceram, com justiça
Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli
São Paulo, Brasil
Foi a vitória da modernidade.
Mas da vivência.
De um professor para um aluno.
Jorge Sampaoli conseguiu mostrar, em pouco tempo, a importância de um ótimo técnico.
Em vez de chorar, reclamar ou desistir diante do elenco limitado que a diretoria santista teve capacidade de entregar, ele tem trabalhado.
O argentino tem conseguido tirar o melhor taticamente do que tem nas mãos. E no movimentado clássico do Pacaembu, fez o Santos se impor diante do caro time que os dirigentes são paulinos deram para o inexperiente André Jardine.
São 15 anos comandando times profissionais contra três meses.
A vitória incontestável do Santos por 2 a 0 tem raiz na estratégia, na exigência física dos times de Sampaoli. Luiz Felipe e Derli González conseguiram mostrar que a defesa do São Paulo segue falha pelo alto e o time tem grave problema de recomposição.
O time santista é o único no Campeonato Paulista a vencer os três jogos que disputou.
A leitura do adversário sempre foi ótima característica do treinador santista.
Sabia o que teria pela frente.
Jardine assumiu no lugar de Diego Aguirre, no final de 2018. Ele tinha a obrigação de acabar com a apatia, a letargia do time. A opção do jovem técnico, que se impunha com os garotos, foi treinar a posse de bola. Ter o domínio do jogo, acabar com a dependência dos contragolpes.
Só que o Santos travou as intermediárias, asfixiou o meio de campo, não deixou a bola chegar para Pablo e Diego Souza finalizarem. Jucilei, Hudson, Helinho e Everton não conseguiram espaço para respirar. Marcando em bloco, dois, três jogadores de Sampaoli iam para a mesma jogada.
A força psicológica santista também foi um dos segredos no clássico.
Ela foi muito maior do time da Vila Belmiro.
Nos últimos minutos, o Santos poderia fazer até mais gols.
Os dirigentes são paulinos precisam saber o que estão fazendo.
A desculpa da ausência de Hernanes é rasa demais.
O clássico no Pacaembu colocou um treinador com o total comando de seus jogadores diante de um técnico que começa sua carreira e precisa lidar com veteranos. Se os atletas santistas estavam dispostos a darem a alma, a obedecer cegamente os comandos de Sampaoli, os do São Paulo seguiam o ritmo que se acostumaram. O tricampeão mundial não está sem vencer títulos desde 2012 por acaso.
A lentidão e falta de personalidade nos jogos importantes, decisivos, têm sido uma maldição. Segue impressionante como o time se encolhe diante de um rival decidido, vibrante, sem medo. Foi assim que a decepção virou uma parceira constante. Mesmo diante de elencos com menor potencial técnico como foi o caso, hoje.
O Santos foi montado por Sampaoli para se impor, acabar com o ponto forte de Jardine. O argentino convenceu seus atletas que os rivais não iriam tocar a bola, ter o domínio das ações. Com coragem montou uma linha de três defensores: Luiz Felipe, Gustavo Henrique e Alisson. Na intermediária para a frente, movimentação frenética. Transformou os laterais Victor Ferraz e Orinho em volantes que fechavam os espaços dos lados, com o auxílio e dedicação impressionantes de Diego Pituca e Carlos Sánchez.
Jean Mota e Soteldo se apresentavam com muita velocidade na retomada de bola e o paraguaio renascido por Sampaoli, Derlis González se mostrava como a melhor opção na frente.
Foi uma aula diante do 4-4-2 previsível e sem movimentação do São Paulo.
O goleiro Vanderlei não fez sequer uma defesa importante, enquanto Tiago Volpi fez três, além de ter tomado dois gols.
"Cotaram a gente como quatrta força, viemos trabalhando jogo a jogo, para manter a pegada e continuar trabalhando.
Sampaoli é um treinador que busca opções, ele teve uma visão tática muito boa, no final a gente tava com o meio congestionado, ele colocou três zagueiros e saímos com a vitória merecida", resumia Jean Mota.
Uma cobrança de falta fez justiça para o melhor primeiro tempo santista. Aos 44 minutos, Jean Mota cobrou falta na intermediária. Arboleda estava desatento e Luiz Felipe marcou com uma bela cabeçada. 1 a 0.
Na segunda etapa, Jardine adiantou seu meio de campo, trocou o intimidado Helinho por Diego Costa. E ofereceu os contragolpes para Sampaoli. Com todo o São Paulo desarrumado, tentando empatar, Alison fez um lançamento sensacional para Derlis González. O atacante driblou como quis Tiago Volpi e fez 2 a 0, aos 21 minutos.
O jogo estava decidido.
A aula estava dada...
Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.