Róger Guedes revoltado com Vítor Pereira. Corinthians quer contornar a situação. À beira de decisão na Libertadores
O atacante ficou revoltado com a exposição do treinador, sobre a falta de empenho nos treinos. A diretoria fará uma reunião para colocar fim no confronto. Não quer perder o atacante. E nem tirar a autoridade do técnico
Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli
São Paulo, Brasil
Tensão no Corinthians.
Pela reação de Róger Guedes à exposição feita por Vítor Pereira.
O técnico português deixou claro que o jogador não está se esforçando no treinos, desde que não pode jogar no lado esquerdo do ataque, onde Willian é o escolhido.
A preocupação é que o atleta, que o Corinthians tem apenas 40% dos direitos, peça para ir embora.
Não queira seguir na reserva com Pereira.
É tudo que a direção quer evitar.
Já alinhando uma conversa com o jogador, com o técnico e a parte diretiva, para não deixar a situação crescer ainda mais.
Róger Guedes sempre teve personalidade forte.
Nascido em Ibirubá, no Rio Grande do Sul, começou na base do Grêmio, time do seu coração e da família. Ao não ter oportunidades, por ter pequena estatura, não se importou em ir para o Criciúma, em Santa Catarina. Foi sem olhar para trás.
Foi para o Palmeiras com 20 anos, em 2016. Sua personalidade forte logo chamou atenção como seu futebol. Questionava treinadores, líderes do time. Queria jogar, mesmo com o elenco recheado de ótimo atacantes. Não se conformava com a reserva.
O ponto mais baixo foi quando Eduardo Baptista o havia deixado de fora de uma partida. E na outra, quis escalá-lo. Róger Guedes se negou a jogar. Foi quando o líder do elenco, Felipe Melo, resolveu 'dar uma lição' no jovem atacante.
Inventando 'ser aniversário de Róger', que nasceu em outubro, em abril de 2017, Felipe Melo combinou um violento trote. Diante da imprensa que, na época podia acompanhar os treinamentos, ele foi amarrado. E os jogadores estouraram vários ovos na sua cabeça.
Era a 'lição de humildade'.
Deu tudo errado, o jogador jamais se recuperou da humilhação. E passou a se isolar, forçando sua saída do Palmeiras. Apesar do alto potencial foi emprestado para o Atlético Mineiro. Adorado pela torcida, jogando bem em Minas Gerais, o Palmeiras recebeu proposta do futebol chinês: do Shandong Taishan.
Diante de uma excelente proposta financeira, Róger enfrentou a direção atleticana. E disse abertamente que iria para a China de qualquer maneira, mesmo tendo contrato.
"Presidente, eu nunca mais jogo aqui, hein?!. Eu vou ser problema aqui, hein?!", revelou o ex-presidente do Atlético Mineiro, Sérgio Sette Câmara.
Ele foi para a China.
Depois de três temporadas, a crise financeira alcançou os clubes chineses. Mais a pandemia. Foi a deixa para Róger Guedes enfrentar a direção do Shandong Taishan. Depois de meses de negociação, acertou sua rescisão.
Voltou para o Brasil, para o Corinthians, por conta do seu empresário, Paulo Pitombeira, muito ligado a Duilio Monteiro Alves e Roberto de Andrade, presidente e diretor de futebol.
O plano de Róger e Pitombeiras: aproveitar o time fortíssimo que Duilio e Roberto prometeram. Se valorizar, lutar, a partir do segundo semestre, por um ano, pela chance de jogar na Seleção. Ou, no mínimo, se valorizar para atuar onde sempre sonhou: no futebol europeu.
Do seu lado, o Corinthians teria sua dedicação máxima para levar o time o mais longe possível nas lucrativas Libertadores e Copa do Brasil. Assim como brigar no Brasileiro.
No final deste ano ou, no máximo, na janela do meio de ano de 2023, Pitombeiras procuraria a melhor oferta europeia para o atleta.
Mas a realidade travou a teoria.
Já com Sylvinho, houve complicações, porque Róger e Willian rendem mais abertos na ponta esquerda. O ex-treinador buscou revezar a dupla. E, como Jô estava muito mal fisicamente, Róger passou a ser improvisado, em algumas partidas, centralizado.
O problema piorou com a chegada de Vítor Pereira. Ficou evidente que a preferência para o setor que Róger Guedes mais gosta de atuar, e mais rende, ficou de vez com Willian. Com personalidade muito mais forte do que a de Sylvinho, Vítor não aceitava a postura descontente, irritadiça do atacante.
Principalmente nos treinamentos.
E resolveu enfrentá-lo, mostrar quem manda. O tornando reserva fixo. E não colocando um minuto em campo contra o Boca Juniors e contra o São Paulo, situação que o técnico assumiu publicamente após o clássico do domingo.
Conhecendo bem Róger Guedes, a direção corintiana procurou Paulo Pitombeiras e pediu que ele convencesse o jogador a ter mais 'paciência', colaborar com o time. Evitasse o conflito, porque todos perderiam, seriam desvalorizados.
Enquanto isso, Guedes colocou nas suas redes sociais estatísticas provando que ele é o artilheiro do time, o jogador com maior participação em gols da equipe.
Ele não é mesmo de engolir desaforos.
O atacante sabe que tem mercado.
A postura da direção corintiana é clara. Vai tentar resolver a situação, contornar a crise. Aproximar Vítor Pereira do atacante.
Até porque sabe que Willian completará 34 anos em agosto. Jô tem 35 anos. Há a necessidade de revezamento.
Róger tem 25 anos. Está em grande momento físico.
Mas não fazia parte dos seus planos ficar na reserva do Corinthians.
Ainda mais exposto pelo treinador.
Vítor Pereira preserva muito a sua autoridade.
Sabia muito bem o que estava dizendo após o clássico.
"Tomara que ele me transmitisse a confiança para contrar com ele, para alterar um jogo ou começar uma partida. Mas eu não estou sentindo esta confiança. Isto não quer dizer que ele não queira, não estou dizendo isso. Mas nem em termos de treino, nem em termos de jogo, as indicações são essas. Não posso tomar decisões com base no nome do Róger Guedes ou do que ele já fez, mas do que ele está fazendo agora."
Duilio Monteiro Alves queria marcar a conversa ainda hoje.
Para colocar 'panos quentes'.
O Corinthians é líder do Brasileiro.
Vai decidir a passagem para as oitavas da Libertadores na quinta-feira, em Itaquera, contra o boliviano Always Ready.
Está classificado para as oitavas da Copa do Brasil.
O que o clube precisa é de união no elenco.
A prioridade é 'matar' essa situação hoje.
Com a paz entre Róger Guedes e Vítor Pereira.
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