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Cosme Rímoli - Blogs

Racismo contra Luighi terá consequências. Governo brasileiro cobra CBF para que enfrente, de verdade, a Conmebol. Leila, indignada

Atacante de 18 anos foi vítima de racismo, ontem em Assunção, pela Libertadores sub-20. Jogador do Palmeiras chorou depois de ver torcedor o ironizando por ser negro, imitando macaco. Além disso, recebeu cusparadas. Governo Lula exige punições

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O choro e a cobrança de Luighi, no microfone da própria Conmebol, ganharam repercussão mundial Conmebol

“O racismo que fizeram comigo... é sério?

“Até quando a gente vai passar por isso? O que fizeram comigo foi um crime.

“Você (entrevistador) vai perguntar sobre o jogo?

“A Conmebol vai fazer o que sobre isso?


“CBF?

“Não vai perguntar sobre isso? Não ia, né?


“O que fizeram foi um crime.

“Aqui é formação, estamos aprendendo.”


Chorando, Luighi, jogador do Palmeiras, de apenas 18 anos, mostrou toda sua indignação pelo ato de racismo que sofreu, ontem, no Paraguai.

O repórter que o entrevistava ficou paralisado, por representar a própria Conmebol, não sabia o que falar.

E encerrou a entrevista com um envergonhado ‘obrigado’.

Torcedor imita macaco. Segurando uma criança. Ele é facilmente identificável, se as autoridades paraguaias quiserem a punição Conmebol

O jogo era contra o Cerro Porteño, pela Libertadores sub-20.

E ele, jovem negro, teve de ver um torcedor paraguaio, segurando uma criança, o atacando moralmente, imitando um macaco.

Diante da sua postura chocada, outros ‘torcedores’ decidiram dar cusparadas no atleta brasileiro.

O estádio acanhado Gunther Vogel, na província de San Lorenzo, facilitou os ataques vergonhosos, por ser acanhado, pequeno.

A ira pela derrota por 3 a 0 foi descontada com racismo e cusparadas.

A direção do Palmeiras tentou prestar queixa como crime.

Mas no Paraguai não há lei específica sobre racismo.

Há apenas ‘prevenção’, de acordo com o coordenador João Paulo Sampaio.

Ele garantiu que o Palmeiras não abandonou o campo, depois do ato racista e as cusparadas, para não ficar refém esportivamente. E o clube perder a partida por WO.

Luighi ainda recebeu cusparadas de torcedores paraguaios. Também facilmente identificáveis Reprodução/Goat

De acordo com o dirigente, a presidente Leila Pereira telefonou para o presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues.

E também para o presidente da Conmebol, Alejandro Domínguez.

Cobrou os dois por uma severa punição ao racista e ao Cerro Porteño.

O Palmeiras diz que identificou o homem que imitou o macaco para Luighi.

O jogador de 18 anos recebeu a solidariedade de clubes rivais, como o São Paulo e o Corinthians, pelo que sofreu.

Mas não ficará apenas nisso.

O governo brasileiro resolveu agir.

O Ministério da Igualdade Racial e o do Esporte cobraram a CBF.

Quer uma ação efetiva contra o ato de racismo contra o cidadão brasileiro Luighi.

E Ednaldo Rodrigues já entrou em contato com Alejandro Domínguez, cobrando punição ao Cerro Porteño.

O Palmeiras quer muito mais do que a simples ‘representação’ da CBF pelo ato racista.

Não apenas uma mera queixa.

Mas punição séria ao clube paraguaio.

Luighi chorando muito, indignado, por ter sido comparado a macaco, por ser negro. Palmeiras quer punição exemplar Reprodução/Goat

Para servir de exemplo e tolher os preconceituosos, já que a legislação paraguaia é tolerante.

Luighi é um dos jogadores mais valorizados da base do Palmeiras.

Tem várias convocações para a Seleção Brasileira de base.

Disputou a Copa do Mundo sub-17.

Sua multa rescisória é de R$ 497 milhões.

E ele é muito consciente do preconceito que os negros ainda enfrentam.

“Dói na alma. E é a mesma dor que todos os pretos sentiram ao longo da história, porque as coisas evoluem, mas nunca são 100% resolvidas. O episódio de hoje deixa cicatrizes e precisa ser encarado como é de fato: crime.

“Até quando? É a pergunta que espero não ser necessária ser feita em algum momento. Por enquanto, seguimos lutando.”

O Palmeiras estuda fazer um protesto contra o racismo na partida contra o São Paulo, na segunda-feira, pela semifinal do Paulista.

Para chamar ainda mais a atenção.

Não só sobre o que aconteceu com Luighi.

Mas pela tolerância ao racismo na sociedade.

Enquanto isso, Leila Pereira exige atitude firme da CBF diante da Conmebol.

Com o apoio governamental.

“O choro de Luighi nos comove e indigna, o racismo nos desumaniza, nos fere e machuca nossa dignidade de ser e existir.

“O MIR, junto ao Ministério dos Esportes e outros entes esportivos, tem reunido esforços para combater o racismo nos esportes”, postou a comandante do Ministério da Igualdade Racial, Anielle Franco.

O Palmeiras não vai se contentar com postagens.

Quer ações efetivas.

Ednaldo Rodrigues e Alejandro Domínguez sentiram a pressão da sociedade brasileira...

Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.

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