Presidente da CBF enfrenta o técnico do Palmeiras
Caboclo mudou o roteiro morno da premiação do Brasileiro. No discurso, decidiu responder a Abel Ferreira. Disse que 'a CBF não faz calendário irracional'
Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli
São Paulo, Brasil
"Não sei quantas equipes no Brasileirão tiveram isso: jogam, recuperam e no terceiro dia jogam outra vez.
"Eu volto a dizer: isso não existe em lado nenhum, só no Brasil.
"As pessoas que organizam e tomam conta da marcação dos jogos têm que ter coragem para tomar decisões."
As palavras do técnico do Palmeiras, Abel Ferreira, foram diretas para a CBF.
Logo após a derrota para o Coritiba há nove dias.
Ele não estava ferido por perder para o rebaixado time paranaense.
Sua mágoa foi não ter tido tempo para preparar o Palmeiras para o Mundial.
O clube terminará a temporada 2020 com os dois jogos finais da Copa do Brasil contra o Grêmio.
Seu elenco completará 77 partidas, o que revoltou o português, pelo acúmulo de jogos.
A crítica chegou aos ouvidos do presidente da CBF, Rogério Caboclo.
Ele não digeriu o ataque do treinador palmeirense.
E resolveu, quando menos esperava, dar o troco.
Justo na noite desta sexta-feira, na tradicional festa final do Brasileiro.
Festividade que costuma ser morna, sem graça.
Caboclo, sem ninguém esperar, colocou fogo na entrega de prêmios.
"Se os clubes jogam 80 partidas, significa que os clubes assinaram 80 partidas e a CBF transforma isso em calendário.
"O calendário não é feito pela CBF e não é o presidente de hoje, é o de ontem, que fez com que o jogador que está aqui, o técnico que está aqui, dispute 80 partidas...por conta dos contratos firmados, não pela CBF, a CBF não assina os contratos.
"Falo para os presidentes isso.
"Se algum treinador ouviu errado, que agora entenda certo.
"Não existe calendário irracional feito pela CBF", disse, em ataque aberto a Abel Ferreira.
Nesta briga, os dois lados estão certos.
E o futebol brasileiro errado.
As competições se sobrepõem.
A CBF organiza os campeonatos nacionais, sim.
Mas os presidentes de clubes aceitam.
Seja qual for o regulamento.
O número de jogos.
A grande maioria apoia esperando ser recompensada.
Com adiantamento de cotas.
E o prejuízo neste cenário fica com quem vence.
O Palmeiras vencendo a Libertadores, o Paulista e chegando à final da Copa do Brasil, disputou seu número máximo de jogos. Além dos 38 tradicionais do Brasileiro. E ainda o Mundial.
Desde 2013, por exemplo, a CBF passou a permitir que os clubes que disputam a Libertadores participem da Copa do Brasil.
Nenhum presidente reclamou por conta do dinheiro da competição.
Ou seja, a cúpula da CBF e os dirigentes de clubes são os responsáveis por este calendário irracional.
As consequência recaem sobre treinadores, jogadores.
E quem acompanha as partidas, os torcedores.
Porque o nível fica cada vez mais baixo.
Do que adianta transmitir o Brasileiro para o mundo?
Se os melhores clubes estão preocupados com a Libertadores, Copa do Brasil, Sul-Americana enquanto o torneio acontece?
A fórmula cruel no Brasil é simples.
A CBF propõe e os clubes aceitam.
O Brasileiro tem os naming rights vendido para o grupo de Supermercado Assaí.
A Copa do Brasil para a Continental, fabricante de Pneus.
Os patrocínios ficam para a CBF.
Não há ingênuo neste festança...
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