Prefeitura de BH nega ser 'vilã' por Arena MRV custar R$ 350 mi a mais
O blog conseguiu o desmentido oficial da prefeitura de BH.Não aceita a explicação do presidente Sette Camara para arena passar a custar R$ 760 milhões
Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli
São Paulo, Brasil
Dirigentes do Atlético Mineiro sempre sonharam com um estádio à altura da sua apaixonada torcida.
Principalmente depois da reconstrução do Mineirão para a Copa de 2014.
As taxas foram consideradas pela cúpula atleticana 'exageradas' pela concessionária Minas Arena, que administra o estádio.
E o Cruzeiro passou a usar a arena como seu fosse 'sua'.
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E o clube tratou de buscar recursos para, parar de sonhar, e ter sua arena.
Por R$ 268 milhões, de acordo com seu balanço de 2019, 50,1% do shopping Diamond Mall foram vendidos à empresa Multiplan.
A construtora MRV comprou os naming rights do futura arena por R$ 60 milhões.
As obras começaram há 160 dias.
Estão em 'ótimo ritmo'.
Com a previsão da entrega da arena em 2022.
As cadeiras cativas vão custar entre R$ 40 mil e R$ 30 mil, para uso por 15 anos.
Uma conta básica, para os torcedores e mídia.
R$ 268 milhões mais R$ 60 milhões são R$ 328 milhões.
Seria fenomenal, já que a arena deveria custar R$ 410 milhões, de acordo com os dirigentes do clube.
Não seria difícil investidores e, até mesmo empréstimos, para finalizar a obra.
Só que a diretoria do presidente Sergio Sette Camara divulgou que os custos da arena saltaram.
Serão R$ 350 milhões mais caros.
A arena do Atlético custará R$ 760 milhões.
A 'vilã' seria a prefeitura de Belo Horizonte, que teria exigido várias 'condicionantes', de acordo com Sette Camara.
"Não se tem notícia de uma outra obra em Belo Horizonte que tenha tido tantas condicionantes como foram impostas no caso da construção da Arena MRV. Foi o que ouvi dos investidores.
"No contexto todo, de atraso no início da obra, mais condicionantes e outras situações de encarecimento de todo o projeto, o que também me foi falado, pelos mesmos investidores, é que esse valor chega próximo a essa quantia de R$ 350 milhões, infelizmente.
"Com relação a esses números, o que eu sei é o que os investidores me disseram. E o que os investidores me disseram é que foram feitas muitas exigências, condicionantes - e eu não estou aqui discutindo se eram legais ou não eram -, que chegaram a um valor de aproximadamente R$ 100 milhões, só de exigências pra que fosse liberado o alvará do clube.
"Essas condicionantes são obras que o clube teve que aceitar, contrapartidas que o clube terá que fazer na região.
"É comum acontecer esse tipo de exigência dos governantes, mas eu acho, pelo que me passaram os investidores, que houve uma exigência muito grande nesse aspecto."
Esse foi o depoimento do presidente Sette Camara para a rádio Itatiaia, ontem.
Por trás dessas declarações há uma briga velada, mas irreconciável com o prefeito Alexandre Kalil, ex-presidente do Atlético Mineiro e ex-mentor do atual presidente.
Foi Kalil quem garantiu o cargo a Sette Camara.
O confronto afeta diretamente a eleição do clube, marcada para dezembro.
O próprio prefeito de Belo Horizonte decidiu se afastar dessa briga interna do clube e focar apenas na sua reeleição.
Sérgio Batista Coelho e Sérgio Zech Coelho disputam a indicação.
Só que desta vez, os principais personagens que garantirão o novo presidente serão Ricardo Guimarães e Rubens Menin.
Mesmo assim, Sette Camara tenta buscar apoio político para tentar a reeleição.
Mas as chances são muito pequenas, quase nulas.
A briga com Kalil é escancarada, não assumida.
""Falar que o prefeito é meu desafeto não é verdade.
"Se eu sou desafeto dele, é diferente.
"Quer dizer...
"Eu não tenho essa coisa aí, não existe isso", disse o presidente.
Desde a manhã, o blog entrou em contato com a prefeitura de Belo Horizonte.
Para esclarecimentos sobre o que teria feito o estádio do Atlético ficar R$ 350 milhões mais caros.
A negativa veio em tom oficial, em primeira mão, às 15h17.
"A Prefeitura de Belo Horizonte esclarece que o processo de licenciamento ambiental do empreendimento MRV Arena Multiuso estabeleceu as medidas mitigadorar dos impactos decorrentes de sua implantação e futura operação, identificados no estudo apresentadio pelo próprio empreendedor.
"Os trâmites legais da Prefeitura não impactaram de nenhuma maneira no custo das obras.
"Dentre as medidas constam intervençoes viárias para possibilitar o acesso ao Estádio, inclusive as interseções com o Anel Rodoviário e BR-040, conforme estabelecido na Licença de Instalação (LI).
"O empreendimento também atende às exigências legais, inclusive federais e estaduais, relativas às intervenções em Área de Preservação Permanente e supressão da Mata Atlântica.
"Todas as medidas mitigadoras foram discutidas com os empreendedores, como é de praxe, e sem dúvida, contribuirão para o funcionamento do estádio e sua correta inserção urbana e ambiental na cidade.
"Os prazos referentes à aprovação do empreendimento foram absolutamente compatíteis com os padrões aplicáveis a um empreendimento deste porte e características do terreno."
Ou seja, a Prefeitura de Belo Horizonte nega que os 'trâmites legais da obra' tenham influenciado no novo custo da obra.
Tudo foi acertado antes do início da contrução da arena.
A situação precisa ser esclarecida...
(O departamento de comunicação do Atlético Mineiro entrou em contato com o blog.
E declarou que Sergio Sette Câmara não foi claro.
Sua entrevista para a rádio Itatiaia deixou margem para dupla interpretação.
O estádio custará mais R$ 140 milhões do que previsto.
Pelas obras externas à arena.
Não R$ 350 milhões a mais.
"R$ 200 milhões foram de perda de receita, não foi aumento de custo de obra. Cada ano, a receita (prevista) é de R$ 100 milhões na arena.
"Como atrasou dois anos, são R$ 200 milhões de perdas. Mas não foi aumento de custo, foi perda de receita", garantiu Rubens Menin, dono da MRV construtora, ao ge.
A arena deveria ficar pronta em 2020, mas pela pandemia, passou a ter o seu término previsto para 2020.
O estádio que custaria R$ 410 milhões passou para R$ 550 milhões.
Pelas explicações de Menin.
Ele reclamou da contrapartida de R$ 100 milhões, segundo ele, exigida pela Prefeitura.
"Não era aguardado. Uma contrapartida de R$ 5 milhões, R$ 10 milhões, é normal. Mas esse valor de R$ 100 milhões eu nunca vi na minha vida. É o maior da história do Brasil", desabafou...)
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