Pedrinho não joga mais no São Paulo. As acusações de agressão e ameaça de morte contra namorada podem levá-lo à cadeia
O clube levou dois dias para agir, ao contrário que fez com Jean, em 2019. Mas a direção acordou e decidiu afastá-lo. Não será comprado do Lokomotiv. Ele terá de enfrentar a Justiça diante das fortes acusações
Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli
São Paulo, Brasil
"Você é um lixo! Tem que virar prostituta. Você é pobre. Sua família não presta. Se você explanar para alguém, acabo com sua vida.
"Cadê seu celular? Não está com você? Que bom, pois assim vou dar um sumiço, te matar e ninguém vai ficar sabendo."
Esse é o principal trecho de um boletim de ocorrência de Amanda Nunes, namorada, há quatro anos, do atacante Pedrinho, do São Paulo, que se tornou público na quarta-feira passada.
Em outros trechos, ela revela ter sofrido socos e empurrões.
Mesmo depois de revelada a gravíssima acusação, o atacante emprestado pelo Lokomotiv treinou normalmente, se preparando para o jogo de amanhã contra o Botafogo.
Tudo o que a direção do São Paulo fez foi divulgar uma nota em que avisa que não compactuava com a violência contra mulheres.
O espanto foi generalizado. A mídia cobrou de maneira muito forte omissão do presidente Julio Casares, que não afastou o jogador. Conselheiros também não entenderam a postura.
O São Paulo precisa vencer amanhã o Botafogo para garantir a terceira colocação geral no Paulista e ter vantagem de jogar em casa nas quartas e na semifinal do torneio, caso consiga vencer as quartas.
Pedrinho era um jogador importante no elenco para a partida de Ribeirão Preto. A desconfiança era que o clube levaria a situação até o confronto.
Só que não conseguiu.
Atitude completamente diferente daquela que tomou a tão criticada diretoria comandada pelo inseguro presidente Leco. Diante da acusação da esposa de Jean, Milena Bemfica, e da prisão do goleiro nos Estados Unidos, o então responsável pelo futebol, o ex-jogador Raí, foi claro. Ele não jogaria mais no São Paulo.
A situação aconteceu em dezembro de 2019.
E foi o que aconteceu, até ser emprestado para o Atlético Goianiense.
O mundo civilizado ficou muito menos tolerante às agressões contra as mulheres.
A letargia da atual direção do São Paulo foi assustadora.
Só ontem à noite, houve a publicação de uma nota de Pedrinho em que dizia que se afastaria do São Paulo até que "tudo fosse esclarecido".
"Em respeito ao São Paulo Futebol Clube e aos milhões de torcedores e torcedoras, gostaria de informar que, na tarde desta sexta-feira, alinhado com a diretoria do clube, pedi o meu afastamento temporário das atividades.
"Tomei essa decisão para priorizar e colaborar, de forma exclusiva, com o trabalho das autoridades para esclarecer, o mais rápido possível, todas as acusações registradas ao meu respeito para que em breve possa retomar a minha carreira. Aproveito para agradecer à minha família e à minha empresária, Roberta, que estão me apoiando de maneira incondicional."
A apatia da direção são-paulina segue muito cobrada por conselheiros que exigem a devolução imediata de Pedrinho ao Lokomotiv.
O acordo previa o empréstimo do jogador até dezembro deste ano, com seu preço fixado em 4 milhões de euros, cerca de R$ 22 milhões.
Rogério Ceni estava se empolgando com o atleta.
Mas não haverá negociação.
A situação ficou irreversível.
O jogador terá de se defender legalmente. Amanda mantém a acusação de ameaça de morte e agressão. É uma situação complicadíssima, que deve acabar em julgamento. Ele corre o risco de prisão de um a quatro anos.
O desgaste atingiria em cheio o São Paulo.
Os dois dias de falta de reação do clube foram imperdoáveis.
Ainda mais em comparação com a pior direção da história do São Paulo, a comandada pelo inseguro Leco.
Os jogadores estão orientados a não falar sobre o caso.
Apenas Rogério Ceni deve se manifestar.
O clima ficou muito pesado por causa de Pedrinho.
O jogador não atuará mais pelo clube...
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