Pecado mortal do Corinthians. Tenso, Róger Guedes desperdiçou pênalti. 0 a 0. Decisão ficou para a infernal Bombonera
Mesmo desfalcado, o Corinthians foi melhor que o Boca Juniors, em uma partida nervosa, intensa. Mas Róger Guedes desperdiçou um pênalti. A vaga para as quartas-de-final sairá da Bombonera, na próxima terça
Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli

São Paulo, Brasil
Ônibus do Boca Juniors apedrejado.
Torcedores argentinos presos, por imitar macaco.
E um por fazer gesto nazista.
Sim, nazista!
Pênalti desperdiçado por Róger Guedes, pecado mortal.
Defesa espetacular de Cássio.
Empurrões, palavrões, juiz inseguro.
Torcida frustrada.
O primeiro jogo das oitavas-de-final entre Corinthians e Boca Juniors teve todos os ingredientes, para o bem e para o mal, da Libertadores da América.
O 0 a 0 acabou sendo um resultado ruim para o time de Vítor Pereira, que pressionou durante grande parte do jogo. Mas não conseguiu a vitória, que seria obrigatória, na arena lotada de Itaquera. A partida decisiva, que garantirá a vaga para as quartas, será no dia cinco de julho, na Bombonera.
Porque mesmo sem Gil, Cantillo, Maycon, Renato Augusto, Gustavo Mosquito e Du Queiroz, o clube paulista dominou a partida, diante um defensivo Boca Juniors.
Willian teve excelente atuação. Mas saiu com fortes dores no ombro direito. A preocupação é que ele possa estar na próxima terça-feira, em Buenos Aires.
Fagner também saiu contundido, no intervalo. E também se tornou dúvida.
Entre as mais de 44 mil pessoas na arena corintiana, estava Yuri Alberto. Jogador contratado por empréstimo junto ao Zenit, por empréstimo de um ano. Ivan e Gustavo Mantuan vão atuar na Rússia.
A partida foi exatamente como se desenhava. Vítor Pereira tinha a convicção de que, independente dos desfalques, precisava vencer o Boca Junior, em Itaquera. Não poderia levar a decisão para a Bombonera, caldeirão que o clube argentino sabe tirar todo proveito, em uma partida eliminatória de Libertadores.

Ele adiantou seu meio de campo improvisado, com Roni, Giuliano, Adson e Gustavo Mantuan. E a ordem era forçar pelas laterais. Apostando no rendimento dos veteranos Fagner e Willian. Róger Guedes tinha a missão, que não gosta, de flutuar como atacante mais adiantado do time.
A ordem era tocar a bola de forma rápida, envolvente, com o time atacando em bloco. Aproveitando a atmosfera criada pela torcida, na lotada arena.
Só que o time de Sebástian Battaglia está muito melhor do que se mostrava na fase de classificação. Mais seguro, menos espaçado, com suas linhas difíceis de penetrar.
Izquierdoz e Rojo se mostravam seguros, tranquilos. O único que sofria na defesa do Boca era o peruano Advíncula, com as arrancadas, os dribles de Willian.
Com duas linhas móveis postadas na intermediária, o Boca tinha ainda ótimos contragolpes, treinados, às costas dos laterais corintianos.
A partida era disputadíssima, cada centímetro das intermediárias valia ouro, o que truncava o jogo. Diminuía a emoção.
Quando o primeiro tempo se encaminhava para o final. Veio o grande presente que o Boca Juniors ofereceu.
Rojo foi para a disputa pelo alto com Gustavo Mantuan. Inexplicavelmente, dentro da grande área, o zagueiro decidiu deixar o braço, acertar com o cotovelo a cabeça do corintiano. Pênalti inacreditável, que o chileno Roberto Tobar não tinha como não marcar.
Róger Guedes pegou a bola e fez questão de cobrar.
Mesmo não sendo especialista.
O que é o caso de Rossi, que já havia defendido nove pênaltis na sua carreira.
Defenderia o décimo.
O atacante corintiano correu para a bola aos 43 minutos. Deixou claro pela sua postura que a cobrança seria no canto direito. Rossi saltou com convicção e defendeu a penalidade.

O lance mexeu com o lado psicológico do time. Frustrou a torcida. A equipe do Boca Juniors percebeu e adiantou sua marcação. E teve a melhor chance para marcar.
Foi quando Raul Gustavo não conseguiu afastar e Benedetto acertou chute lindíssimo, de primeira. Cássio fez uma defesa maravilhosa, cinematográfica, aos 47 minutos.
No intervalo, Vítor Pereira soube que Fagner não conseguiria retornar para o segundo tempo. E tratou de improvisar Bruno Méndez na lateral. Seu time passava a atuar com três zagueiros.
E não havia mais força física para o Corinthians marcar a saída de bola argentina, como fez tão bem no primeiro tempo. Os argentinos já tratavam de diminuir o ritmo do jogo. Tornando a partida menos vibrante, porém mais tensa. Com a tradicional catimba, provocações, empurrões, questionamentos ao árbirtro chileno em lances bobos. A intenção, conseguida, era enervar os corintianos.
Foi quando ficou claro que faltava talento na articulação das jogadas. Adson estava muito individualista e Mantuan, precipitado. Willian era o mais perigoso dos corintianos. Inspirado, partia para dribles, arrancadas, tabelas. Mas o revezamento de faltas dos argentinos, infelizmente acabou com um forte tombo do jogador, que caiu sobre o ombro direito. Ele teve de pedir substituição e é dúvida para terça-feira.
A única grande oportunidade foi aos 20 minutos, quando o improvável Rony invadiu a área e rolou para Mantuan, livre. Nervoso, ele bateu para fora.
O lance foi raro.

O segundo tempo foi nervoso, tenso, com os jogadores do Boca Juniors ajudando o tempo a passar, travando o resultado que interessava.
E conseguiu o 0 a 0.
O Corinthians perdeu uma grande chance de sair na frente neste importante e tradicional duelo.
A luta pela sobrevivência na Libertadores será no pior palco.
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