São Paulo, Brasil
Jamais nos seus 106 anos, o Palmeiras perdeu dois títulos em três dias.
Mas aconteceu.
No mesmo cenário, no Mané Garrincha, em Brasília, onde o time perdeu no domingo, a Supercopa do Brasil, para o Flamengo, desta vez, foi a Recopa Sul-Americana, para o Defensa y Justicia.
Também nos pênaltis.
Após jogar mal, ter Viña expulso aos 22 minutos do segundo tempo, o time de Abel Ferreira perdeu o jogo por 2 a 1, mesmo placar que havia vencido na Argentina.
Na prorrogação, para aumentar a dramaticidade, Gustavo Gómez cobrou muito mal pênalti de Unsain em Rony. E o goleiro argentino defendeu, sem esforço.
Na decisão por pênaltis, derrota por 4 a 3.
Com Luiz Adriano e o goleiro Weverton batendo para fora suas cobranças.
"Acho que foi um jogo parelho. O futebol é assim. É muito difícil falar agora, mas futebol é assim, temos que aceitar, trabalhar e pensar no campeonato seguinte."
"Temos Paulista, Brasileiro, Libertadores, vamos trabalhar para seguir melhorando sempre", disse, chocado com a nova derrota, o zagueiro Gustavo Gómez.
O título do Defensa y Justicia foi mais do que merecido.
Apesar da catimba, ameaça de briga, os argentinos, como fizeram na primeira partida da decisão da Recopa, se impuseram taticamente.
Sebastián Beccacece enfrentou sem medo o Palmeiras. Tratou de compensar a diferença técnica entre os jogadores, com muita modernidade, disposição tática e coragem.
Abel Ferreira tinha nas mãos uma equipe desgastada física e emocionalmente pela derrota no domingo. Sem ritmo, depois da folga de 11 dias após a conquista da Copa do Brasil. O justo e necessário descanso, após 79 partidas em 2020, acabou pesando.
E acovardada taticamente.
Apesar da necessária troca dos seus volantes Felipe Melo e Zé Rafael, lentos, sem poder de marcação, contra o Flamengo, pelos garotos Danilo e Patrick de Paula, eles atuaram muito presos, distantes de Raphael Veiga, sobrecarregado na armação.
Enquanto na frente, Breno Lopes, Rony e Wesley estavam distantes, postados apenas para tentar disputar bolas lançadas, chutadas da defesa para a frente, tentando pegar a zaga do Defensa y Justicia adiantada, como costuma estar, já que seu time marca sob pressão qualquer adversário.
O Palmeiras entrou em campo disposto apenas a contragolpear.
Tentando se aproveitar da vantagem que conseguiu na Argentina.
Postura sem ambição de quem deseja ser campeão.
Mesmo assim, Raphael Veiga roubou a bola na intermediária e tocou para Rony. O atacante invadia a área, quando foi derrubado por Meza.
Pênalti para o Palmeiras, aos 18 minutos do primeiro tempo.
Raphael Veiga bateu sem chances para Unsain.
1 a 0 no jogo e 3 a 1 no placar agregado.
Enquanto o Palmeiras baixou ainda mais a linha de sua defesa, o Defensa y Justicia partiu, com consciência, de vez ao ataque.
Dominava as intermediárias pela postura em bloco do seu time, enquanto o decepcionante Palmeiras se mostrava espaçado demais.
Foi assim, em uma troca de bola impressionante pela movimentação de seus jogadores, que os argentinos empataram o jogo. O cerebral Pizzini, dentro da área, sem ângulo, deu ótimo passe para trás. Braian Romero estufou as redes de Weverton. 1 a 1, aos 30 minutos de jogo.
A pressão continuou.
Weverton ainda teve de fazer duas ótimas defesas para garantir o empate em 1 a 1.
O time de Abel Ferreira estava nervoso, tenso, inseguro.
No segundo tempo, o cenário não mudou.
Com o Palmeiras buscando apenas contragolpes, em bolas esticadas. Lançamentos e chutões de sua linha defensiva para o ataque.
E o Defensa y Justicia forçando, buscando vencer.
Aos 17 minutos, Abel Ferreira tirou Breno, em péssima noite, e colocou Mayke. Outra vez, o Palmeiras ficava com dois laterais-direitos, ele e Marcos Rocha.
E em um erro injusticável, colocou Gabriel Veron, no lugar de Wesley. O jovem atacante conseguiu ficar em campo 21 minutos. Dos 17 minutos até os 38, quando sentiu um problema físico e teve de ser substituído pelo zagueiro Alan Empereur.
Aos 22 minutos, em uma disputa de bola com Meza, Viña perdeu a cabeça. Depois de ser puxado pelo argentino, ele acertou um chute no rival. E foi denunciado pelo VAR e acabou, com toda justiça, expulso.
Com um a menos, o Palmeiras ficou ainda mais defensivo, com o volante Gabriel Menino na vaga de Raphael Vegia.
Quando parecia que o time conquistaria o título, veio o castigo por tanta covardia tática. Pagou o preço por ter três zagueiros e três laterais.
Alan Empereur, o terceiro zagueiro colocado por Abel Ferreira, tentou afastar a bola da área. Mas acabou dando uma assistência para o lateral-esquerdo Benítez, que acertou um chute fortíssimo, sem defesa para Weverton.
Defensa y Justicia 2 a 1, aos 47 minutos do segundo tempo.
Veio a prorrogação com os dois times cansados.
Aos cinco minutos, a chance mais clara para o Palmeiras.
O goleiro Unsain perdeu o tempo de bola e derrubou Rony.
Pênalti.
Confusão, revolta do time argentino.
E Braian Romero expulso.
Gustavo Gómez bateu sem convicção e Unsain se recuperou.
A partir daí, não houve tantas chances até o final.
Vieram os pênaltis.
Os jogadores palmeirenses estavam visivelmente tensos.
E o Defensa y Justicia venceu por 4 a 3.
Ganhou seu título mais importante da história.
E o Palmeiras perdeu dois títulos em três dias.
Desta vez por covardia tática...
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