O título mais vergonhoso para Neymar. Campeão constrangido. Vaiado, xingado pela própria torcida do PSG
O título francês de 2021/2022 será inesquecível para o PSG. A principal organizada não quis comemorar no estádio, deixando o time sozinho. Os torcedores normais xingaram e vaiaram a equipe campeã. Principalmente Neymar
Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli
São Paulo, Brasil
Foi uma das cenas mais constrangedoras na carreira de Neymar.
Na história do PSG, nunca houve nada igual.
Jamais, nos seus nove títulos anteriores, a vergonha foi tanta.
Eram 30 minutos do segundo tempo quando os "ultras", a principal organizada do clube, começaram a deixar o Parque dos Príncipes. O time, recheado de estrelas, vencia o limitado Lens por 1 a 0, gol de Messi. A conquista do fraco Campeonato Francês estava assegurada.
Mas os torcedores, depois de vaiarem muito o próprio PSG, principalmente Neymar, deixaram as arquibancadas e foram comemorar o título fora do estádio. Recusaram-se a comemorar com os jogadores, aplaudi-los. Negaram o clima propício à volta olímpica.
Os jogadores do PSG perceberam o que acontecia. E perderam a concentração. O Lens, que não tinha nada a ver com o momento constrangedor, empatou o jogo, aos 42 minutos, com Coretin Jean.
Aí veio o fim da partida.
E surgiram as vaias, os palavrões dos torcedores "comuns" do PSG que haviam ficado no estádio. Envergonhados, os jogadores comemoraram o título entre si.
Sorrindo amarelo, eles se abraçavam, de costas para a torcida.
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O sistema de som do estádio foi acionado para liberar gritos do locutor oficial e palmas e gritos falsos da torcida, usados no auge da pandemia, quando os estádios estavam sem torcedores. Fogos de artifício, já instalados atrás das traves, começaram a mostrar as cores do PSG.
Mas o cenário fake não enganou ninguém.
O título mais constrangedor da história do Campeonato Francês foi divulgado pelo mundo.
O motivo do protesto foi mais um fiasco do PSG na Champions League, o único torneio que realmente interessa aos torcedores, desde que a multibilionária família real catariana assumiu o PSG, em 2011.
O sonho da conquista do título de clubes mais importante do planeta realmente ficou empolgante com a chegada de Neymar. Ele foi o jogador mais caro da história. Contratado por 222 milhões de euros, cerca de R$ 1,1 bilhão.
Em 2017, Neymar representou para os torcedores do PSG a certeza de que o título viria. Mas a relação começou a fracassar, não só por conta das derrotas, mas pelo comportamento do brasileiro. Farras e festas intermináveis nas folgas. Chiliques diante de adversários e árbitros. Suspensões tolas. Tratamento das duas fraturas no pé direito no Brasil. Com direito a inacreditáveis festas com muletas. E dança "até o chão" na Bahia, com o pé imobilizado.
Escândalos sexuais com proporções mundiais, expondo não só a ele, mas ao clube.
Sua obsessão por voltar ao Barcelona também contribuiu para a raiva que os torcedores têm do brasileiro.
Até que chegou a decadência dentro de campo. Aos 30 anos, Neymar não consegue ser o mesmo jogador de cinco anos atrás. Diminuíram muito as arrancadas, os dribles, a velocidade. No futebol moderno, um décimo de segundo mais lento permite a marcação adversária.
O brasileiro não marcou um gol sequer na Champions League, a nona que disputou. E nunca havia passado em branco. Sua participação individual nos seis jogos que disputou foi decepcionante. Mesmo privilegiado pelo esquema tático do argentino Mauricio Pochettino.
Neymar, que foi para o PSG para ser o melhor do mundo, não é nem o principal jogador do time francês. Mbappé ocupa essa posição há dois anos. E, como ele sonha em atuar no Real Madrid, os torcedores o poupam das vaias, palavrões, rezando para que renove seu contrato.
O brasileiro já teve de ver faixas mais ofensivas de torcedores do PSG nos estádios. Com xingamentos não só ao jogador, mas também à sua família. Exigindo que ele vá embora.
Mas o clube francês sabe que Neymar não vale o que pagou. Seu valor de mercado é de 90 milhões de euros, cerca de R$ 465 milhões. Muito menos que a metade do que foi pago ao Barcelona.
Mesmo com seu desempenho caindo, a família real do Catar, dona do PSG, resolveu renovar o contrato de Neymar até 2025.
E fez mais: contratou, a pedido do brasileiro, Lionel Messi.
O desejo era que se formasse uma trinca espetacular: Messi, Neymar e Mbappé. Não deu certo.
A desilusão tomou forma na eliminação do PSG na Champions, nas oitavas de final, diante do Real Madrid. Acabava a temporada para os torcedores. Eles sabem que é obrigação desse time caríssimo vencer o fraco Campeonato Francês.
Daí, as vaias, os protestos, os palavrões.
Neymar não se conteve.
E ainda desafiou os torcedores revoltados, que desprezaram o título.
Além de vaiá-los muito ontem, no Parque dos Príncipes.
“Ainda tenho contrato com o Paris Saint-Germain, que é por mais três anos. Estou aqui com as vaias que eles mandam contra nós."
"Vou ficar três anos, então parem ou vão ter que tomar mais fôlego."
Neymar nunca foi tão escorraçado quanto é no PSG.
O dinheiro é fundamental para a sua permanência.
De acordo com o jornal L'Equipe, ele recebe 4 milhões de euros por mês. Cerca de R$ 20,7 milhões. É o maior salário da equipe. Na França, não existe multa rescisória. O clube pede a quantia que quiser pelo atleta.
Revoltado com a atitude da torcida, Neymar publicou ontem uma foto com os seus companheiros de time. Mas sem camisa ou qualquer alusão ao PSG.
A situação é constrangedora e absurda.
A imprensa francesa, principalmente a de Paris, defende uma profunda reformulação no PSG para a próxima temporada.
E a pressão para que Neymar saia é real.
Não há gigantes europeus interessados, ao contrário de anos anteriores.
Ele está em um momento-chave na carreira.
Tornou-se o símbolo de rejeição e fracasso no PSG.
E viveu ontem a comemoração mais constrangedora de sua vida.
Chega a impressionantes 27 conquistas na carreira vitoriosa.
Mas jamais se esqueçará da sensação de ontem.
Ser campeão e ser xingado, vaiado, desprezado pela própria torcida.
A culpa não é de ninguém a não ser dele mesmo...
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