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Cosme Rímoli - Blogs

O teatral Luxa tem a missão. Salvar os R$ 72 milhões por Lucas Lima

Usando as câmeras como Paulo Gracindo fazia, veterano treinador manda recado a Galiotte e conselheiros. Está tentando salvar caríssimo Lucas Lima

Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli

Lucas Lima. Enorme, e caríssima, decepção, no Palmeiras
Lucas Lima. Enorme, e caríssima, decepção, no Palmeiras

São Paulo, Brasil

Vanderlei Luxemburgo fará 68 anos em maio.

São 40 anos de carreira, entre jogador e técnico.

Ele tem o 'timing' de um ator veterano de tevê.


Lembra muito Paulo Gracindo.

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Foi espetacular encarnando o prefeito Odorico Paraguaçu, da novela eternizada O Bem-Amado.


Pelópidas Guimarães Brandão Gracindo dizia ter criado o personagem Paulo Gracindo, que sabia usar ao máximo o potencial emocional do microfone nas rádios e das câmeras na tevê.

Ao se perceber filmado, Gracindo usava e abusava dos trejeitos, entonação de voz e gestos simbólicos, espalhafatosos.


O que Luxemburgo faz desde que surgiu no cenário nacional, com a conquista do Campeonato Paulista pelo Bragantino, em 1989.

Ele apelava para um ritual que parecia ser o ápice da humildade.

Sair correndo para os vestiários faltando pouco minutos para o jogo acabar, quando seu time tinha certeza do título.

"Tenho de deixar a festa para os jogadores. São eles que ganham os campeonatos", cansou de repetir, quando viveu sua fase áurea, no final da década de noventa, início dos anos 2000.

Só que a postura enganava ingênuos.

Na verdade, Luxemburgo manipulava a imprensa. Cada passo de sua corridinha em direção ao vestiário era filmado por todas as redes de tevê. Fotógrafos se esqueciam o que aconteciam em campo para registrar o 'trote da vitória'.

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Nem Paulo Gracindo faria melhor.

Tudo envolvendo televisão e Luxemburgo é pensando antecipadamente.

Como a ida à Tevê Bandeirantes, no programa onde sabia que encontraria Marcelinho Carioca. Foi para desmoralizar o jogador que tantos aborrecimentos deu a ele no Corinthians.

Luxemburgo sambando na Seleção. Às vésperas da CPI do Futebol
Luxemburgo sambando na Seleção. Às vésperas da CPI do Futebol

Desta vez não usou sutileza alguma.

Com Ronaldinho Gaúcho foi mais discreto.

Enquanto os dois duelavam pelo comando do Flamengo, o treinador o abraçou para as câmeras.

Cerceado pela direção do clube carioca, em outra ocasião, Vanderlei voltou a esquecer a sutileza.

E foi para a coletiva com um esparadrapo na boca, deixando claro que estava sendo censurado.

Fosse vivo, Glauber Rocha teria eternizado a cena.

Inesquecível também a sua 'briga' quando era treinador do Grêmio, em 2013, em mais um 'pojeto' fracassado de conquista da Libertadores. Contra o pequeno Huachipato, do Chile. De terno e gravata, ele sabia que estava sendo filmado após o jogo. E não poderia deixar de responder à provocação de um auxiliar técnico do time rival. Bateu boca. Mas não esperava que o time chileno iria correr em direção dele para agredi-lo. Acabou escorregando, caindo, em uma das imagens mais deprimentes de sua longa carreira.

Diante das primeiras denúncias, que acabariam na CPI do Futebol, Luxemburgo era treinador da Seleção Brasileira. E, cercado de câmeras, quis mandar seu recado visual, mostrar que estava tranquilo. 'Armado' com um pandeiro, ele sambou, para deleite dos cinegrafistas. Imagem no Brasil todo.

Esses são pequenos exemplos de como Vanderlei sabe usar a câmera.

Na fácil vitória do Palmeiras ontem, à noite, diante do Oeste, por 4 a 0, no cada vez mais insignificante Campeonato Paulista, ele sabia que as câmeras o estavam acompanhando.

E ele não desperdiçou a chance.

Deu um longo abraço em Lucas Lima.

Luxemburgo sabe o desespero da direção, dos conselheiros, dos torcedores para que o caríssimo jogador reaja.

Vanderlei Luxemburgo e Ronaldinho. Abraços entre dois inimigos na Gávea
Vanderlei Luxemburgo e Ronaldinho. Abraços entre dois inimigos na Gávea

O Palmeiras fez um contrato que a peso de ouro.

Ele chegou ao clube em 2018. Assinou por cinco anos.

Em 2018, recebeu R$ 600 mil mensais. O salário vai aumentando R$ 50 mil a cada ano. Está agora em R$ 700 mil. 

Suas luvas, de R$ 15 milhões, são diluídas nos cinco anos de salários.

O meia recebe R$ 15 mil cada vez que participa de uma partida.

Além de bichos e bônus por conquistas de campeonato.

Se ele ficar até o final de 2023, o Palmeiras terá gasto, no mínimo, R$ 57 milhões entre salários e luvas, com Lucas Lima.

Mais R$ 5 milhões com comissões de empresários.

Só o pai de Neymar já embolsou R$ 4 milhões por ter levado o meia ao Palmeiras.

Desde que Lucas Lima chegou ao Palmeiras, Alexandre Mattos o ofereceu a empresários desde a janela do final de 2018. No meio de 2019, a mesma coisa. No término de 2019, antes de ser mandado embora, também.

Luxemburgo. O censurado. Glauber Rocha aproveitaria a imagem com o esparadrapo
Luxemburgo. O censurado. Glauber Rocha aproveitaria a imagem com o esparadrapo

Nenhum clube médio ou grande da Europa quis o atleta.

A Seleção Brasileira também o esqueceu.

Ele tem um contrato sensacional.

E seu futuro milionário está garantido.

Jogue ou não, o Palmeiras tem de pagá-lo regiamente até 2023.

Daí, Luxemburgo aparece.

Ele sabe que não tem nada a perder.

Roger, Felipão e Mano já fracassaram com o meia.

Agora, o veterano treinador assumiu a missão publicamente.

Com o abraço com a nítida vontade que fosse filmado.

A linguagem dos sinais do futebol é simples.

O treinador está dando um recado a Mauricio Galiotte.

Para os conselheiros, para os torcedores, para a imprensa.

"Eu estou fazendo a minha parte. 

"Dando todo o meu apoio.

"Agora, é com o Lucas Lima."

Merece palmas, o desempenho de Vanderlei.

Recado teatral dado.

Recebido.

De terno e gravata. Representando o Grêmio, não poderia fugir da 'briga'
De terno e gravata. Representando o Grêmio, não poderia fugir da 'briga'

O abraço já circula pelas tevês.

Foi citado nos portais.

Acabou fotografado.

Paulo Gracindo ficaria orgulhoso do pupilo...

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