O São Paulo na final do Paulistinha. Cala arena palmeirense
O caríssimo time palmeirense decepciona. Não supera a vibração do jovem São Paulo. Cuca estreia levando o time tricolor à decisão do Paulista
Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli
São Paulo, Brasil
O São Paulo Futebol Clube renasceu.
No pior cenário, na nova arena palmeirense, onde só havia colecionado derrotas. Foram sete em seguida.
Mas não hoje, no jogo mais importante entre os dois tradicionais rivais.
Valia uma vaga para a decisão do Campeonato Paulista.
Diante de 40 mil torcedores rivais, vestidos de verde.
E contra o favoritismo do mais caro elenco do futebol brasileiro.
Comandado pelo último treinador que fez o país campeão de uma Copa do Mundo.
Cuca fazia sua estreia como treinador do time tricolor.
Repartiu o comando com Vagner Mancini.
E seguiu apostando nos garotos, que lutaram contra um grande adversário em campo e outro psicológico, a tensão da primeira decisão no time profissional.
Preparou sua equipe para suportar a óbvia blitz nos primeiros 15 minutos. Quando se viu pior que o rival, segurou o empate.
E jogou toda a pressão para o Palmeiras.
O plano foi perfeito.
Com muita emoção, nervosismo, o São Paulo chegou à final.
Venceu por 5 a 4.
Ricardo Goulart acertou a trave direita.
Tiago Volpi viveu momento de vilão.
E de herói.
Bastava acertar sua cobrança e o São Paulo seria finalista.
Fernando Prass fez excelente defesa.
Mas, em seguida, Volpi conseguiu espalmar a batida forte de Zé Rafael.
São Paulo finalista do Paulista.
Depois de 16 anos sem chegar à uma decisão.
E o time receberá premiação em dobro pela façanha.
"Conversamos muito ontem à noite. Mesmo assim, nos primeiros 15 minutos o Palmeiras pressionou muito. Depois, equilibramos, fizemos um segundo tempo bom, o VAR agiu para os dois lados. Saímos contentes o que foi representado no jogo. É natural que eles por não terem processo natural ainda sintam o desgaste físico maior.
No finalzinho, sentimos o cansaço, que é natural. Valorizamos o empate, levamos para os pênaltis. Trabalhamos bem os pênaltis na semana e pudemos quebrar um tabu aqui, empatar e vencer nos pênaltis. Acredito que a torcida esteja muito feliz com o que viu, com o que os meninos representaram. Agora vem outra parte, tão ou mais difícil, que é encarar uma final", dizia, feliz, Cuca.
"Os atacantes não funcionaram porque a defesa adversária foi muito boa. As três ou quatro chances vivas que a gente criou... num confronto igual, tivemos oportunidades muito boias. Estou contente com o que nossa equipe desenvolveu em campo, não foi o suficiente.
"Foi um jogo bem equilibrado, muito bem disputado, estou satisfeito com meus jogadores. Se tivéssemos feito o que deveria nos primeiros 90 minutos...", tentava ironizar, Felipão, percebendo a frustração que seu time provocou na arena.
Já Tiago Volpi só queria mostrar alívio.
"Não fui feliz na cobrança, mas acho que as pessoas têm que entender, e principalmente saber que não fiz algo novo na minha carreira, já tinha outros três pênaltis como profissional, inclusive em decisão.
No México, ganhamos uma decisão onde eu bati, quis assumir a responsabilidade, infelizmente não acertei, mas depois pude ajudar com duas defesas, e acho que por isso o futebol é emocionante, em minutos, segundos te faz mudar toda a história."
Vaga merecida pelo time que mostrou mais coração, alma.
O Palmeiras segue com falha crônica no ataque.
Felipão não consegue arrancar o potencial ofensivo que o time caríssimo parece ter na teoria.
Já foi assim na Libertadores de 2018.
E agora, no 'Paulistinha', que Mauricio Galiotte queria muito vencer.
A classificação do São Paulo é uma bênção para a Federação Paulista de Futebol.
Ela poderá fazer sua festa de premiação em paz.
O 'inimigo verde' foi abatido.
Na previsível partida, de muita intensidade, e marcação, o Palmeiras decepcionou.
Nos primeiros 15 minutos, mostrou autoridade, impressou o São Paulo na defesa.
Mas a falta de convicção de seus atacantes foi impressionante. Deyverson e Dudu estiveram muito mal. Assim como os meias Ricardo Goulart e Gustavo Scarpa.
Foi uma triste jornada do quarteto.
Felipão, como na Libertadores de 2018, não conseguiu enxergar. Pior, fez seu time exagerar nas bolas cruzadas na área do São Paulo. Situação que Cuca sabia que aconteceria.
Alguém precisa falar para Scolari que existem as triangulações pelas pontas do campo. Para isso, os laterais Maike e Victor Luiz precisam estar coordenados com Dudu e Gustavo Scarpa.
Só assim as jogadas de linha de fundo acontecem.
Bruno Henrique, Gustavo Gómez e Felipe Melo entraram em campo, para além de jogar, intimidar os jovens jogadores do São Paulo. E venceram a batalha psicológica principalmente com Igor Gomes, que não foi nem sombra do auspicioso meia de partidas anteriores.
Antony também não conseguiu reagir bem.
O que é natural devido à inexperiência.
A partida foi equilibrada.
E o VAR teve participação excelente.
Anulou dois gols que seriam ilegais.
O de Liziero e o de Deyverson.
O único senão é que as decisões demoraram muito.
Os jogadores chegaram até a comemorar seus gols.
E souberam, depois, que estavam impedidos.
Com o São Paulo tentando apenas os contragolpes e o Palmeiras sem eficiência, objetividade, veio o 0 a 0 e a decisão por pênaltis.
Nenê, Everton Felipe, Hudson, Gonzalo Carneiro (de ousada cavadinha) e Bruno Alves marcaram para o São Paulo
No Palmeiras, acertaram Bruno Henrique, Gustavo Gómez, Luan e Diogo Barbosa.
Ricardo Goulart, Zé Rafael e Tiago Volpi viveram seus dramas particulares.
Com a ressurreição do goleiro são paulino.
Agora, o elenco receberá a premiação que se recusou a aceitar ao eliminar o Ituano.
Bicho dobrado por ter tirado o Palmeiras do "Paulistinha".
E já estar na final.
Depois de 16 anos decidirá o Estadual.
Contra Corinthians ou Santos...
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