São Paulo, Brasil
Vaias e palavrões para Gabriel Menino.
Reclamações, cobranças para Zé Rafael.
Parte da torcida do Palmeiras, que estava na arena de Barueri, detectou o problema principal que fez o clube perder o primeiro jogo da final do Campeonato Paulista para o Água Santa por 2 a 1.
O frustrante resultado, que obriga o time de Abel Ferreira a vencer por mais de um gol a equipe de Diadema, tem um motivo antigo: a teimosia da direção em não repor a saída de Danilo, deixando o elenco sem um grande marcador.
Abel havia deixado claro, quando o Nottingham Forest fechou a contratação, em janeiro, que a necessidade de reposição era imediata. E ela não foi feita.
Não foi por acaso que o Palmeiras tomou cinco gols nas duas partidas decisivas que disputou. Na conquista da Supercopa do Brasil, contra o Flamengo, a vitória por 4 a 3 encobriu o fraco futebol defensivo de Gabriel Menino e de Zé Rafael.
Os três gols que o time sofreu do Flamengo foram vistos como mérito do excelente elenco rubro-negro. Mas a fragilidade dos volantes palmeirenses em travar a intermediária, a frente da zaga.
E, hoje, se Bruno Mezenga saiu consagrado, por haver marcado os dois gols da surpreendente vitória do time de Diadema, com dois gols e mais três grandes chances, o problema estava em como a bola chegou para o atacante em condições de finalizar.
Abel Ferreira insistiu com o gerente de futebol, Anderson Barros, queria um jogador de forte marcação. E Barros conseguiu negociar com Andrey, volante que o Vasco, que foi vendido para o Chelsea. Ele só não se apresentou ao Palmeiras porque o clube inglês queria que ele atuasse na Copa do Mundo sub-20. Abel teve de abrir mão do jogador. E aceitou uma segunda opção: Richard Ríos, colombiano que disputou o Estadual pelo Guarani, que foi contratado.
Mas havia ainda a final do Campeonato Paulista.
O treinador Thiago Carpini sabia muito bem dessa dificuldade palmeirense.
Sabia que seus meio campistas teriam espaço precioso para preparar as jogadas ofensivas.
Foi assim que o Água Santa pôde criar chances agudas para que Bruno Mezenga tivesse condição de concluir, mesmo enfrentando zagueiros excelentes, como Gustavo Gómez e Murilo.
Zé Rafael e Gabriel Menino gostam de ter a bola dominada, se preocuparem com a armação das jogadas. Ambos começaram na carreira na parte pensante do meio-campo, não na marcadora.
O Palmeiras teve até sorte em não tomar mais gols.
A perda de sua invencibilidade no Campeonato Paulista tem explicação na marcação frouxa demais para uma decisão de título.
Em 2022, o Palmeiras permitia que o adversário criasse, em média, cinco chances reais de gols.
Em 2023, com a saída de Danilo, o Palmeiras permite nada menos do que oito chances reais de gols aos adversários.
Abel Ferreira sabe dessa situação.
E tem consciência do que aconteceu em Barueri passa muito além de uma vitória 'de sorte' do Água Santa.
Seu time tem um ponto fraco evidente.
E que talvez seja grande demais para o garoto Richard Ríos e seus apenas 22 anos.
O Palmeiras perdeu a invencibilidade no Paulista.
Precisa vencer por dois gols de vantagem, no domingo de Páscoa, no Allianz Parque.
Terá de abrir seu time contra o muito bem organizado Água Santa.
E contar com seus volantes que marcam mal.
Será um desafio.
Em uma situação criada pelo próprio Palmeiras.
Zé Rafael e Gabriel Menino são frágeis na marcação.
Os cinco gols que o Palmeiras tomou nas decisões de 2023 não foram por acaso.
Basta perguntar para Abel Ferreira...
Veja as melhores fotos da vitória do Água Santa