O poder de Roni. Vende mandos dos clubes e até ingressos da seleção
O ex-jogador e dono da Roni7, preso no sábado e solto ontem, não negocia só venda de mando de jogos. Mas também ingressos da Seleção Brasileira
Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli
São Paulo, Brasil
A Polícia Civil de Brasília soltou ontem Roniéliton Pereira Santos, dono da empresa Roni7, responsável pela venda de mandos de jogos no Brasil.
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Mas as investigações sobre as movimentações finaneiras de Roniéliton duraram dois anos.
E apuraram números escandalosos em relação às arrecadações de algumas partidas movimentadas pela Roni7.
Um jogo em Londrina beirou o absurdo. No estádio do Café, que é do município. Roni sempre teve excelente relacionamento com a prefeitura da cidade, principalmente com a Fundação de Esportes de Londrina.
E foi para lá que levou Ferroviário e Corinthians, no dia 7 de fevereiro. Pagou R$ 450 mil para o humilde clube cearense vender seu mando pela Copa do Brasil.
E a arrecadação do jogo chegou a R$ 894.340,00.
Lucro importante?
Ele pode ter sido muito maior ainda quando se analisa de perto.
Do público de 19.316 pagantes, apenas 24 pessoas pagaram inteira. Ou seja, 19.292 pessoas entraram com meia entrada.
Os números foram publicados pelo UOL e confirmados pela Polícia Civil de Brasília.
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O ingressos de cortesia, reservados para crianças até dois anos, chegaram a 4 mil e trezentos. O estádio do Café se transformaria em uma imensa creche. O que não foi o caso.
E mais, a capacidade do estádio é de 30 mil pessoas. Para narradores e jornalistas que estavam naquela partida, ele estava lotado. Foi incompreensível para muitos o anúncio de menos de 20 mil torcedores naquele jogo.
De acordo com levantamento do UOL, em todas as partidas que a Roni7 conseguiu comprar e mudar o mando dos jogos, a média de ingressos inteiros foi de apenas 0,2%.
Algo incrível.
O delegado Leonardo de Castro desconfia que a empresa anunciava muito menos torcedores que haviam nos estádios dos jogos que promovia. E que aumentava o número de gratuidades e de meias entradas.
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Para lucrar muito mais.
E pagar muito menos impostos sobre os jogos.
O presidente do Serra, João Batista Piol, acusa. Sem meias palavras. De acordo com ele, Roni fraudou o número de entradas gratuitas na partida entre o Serra e Vasco, em Cariacica, no dia 20 de fevereiro, também pela Copa do Brasil.
Apenas 300 gratuidades foram disponibilizadas. Mas no borderô apareceram nada menos do que três mil, duzentos e quarenta e oito cortesias.
A Polícia Civil já tomou ciência de mais esta escandalosa acusação.
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A influência do ex-jogador Roni no futebol deste país é impressionante. Além da R7, ele é dono do site Meu Bilhete.
E que portal é o responsável pela venda de ingressos do amistoso entre Brasil e Qatar, entre R$ 75,00 e R$ 600? Sim, o Meu Bilhete.
Roni conseguiu ganhar a concorrência junto à CBF. Venceu sete empresas para operar no Mané Garrincha, em Brasília.
A CBF alega que a concorrência foi 'normal'.
Ou seja, até em partidas da Seleção Brasileira, o ex-jogador começa a participar.
Ninguém jamais teve tanto poder nas organizações de partidas de futebol neste país.
Há dois anos a Roni7 é investigada.
O delegado Leonardo de Castro garante já ter provas suficientes para uma acusação formal.
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Ele precisava do depoimento de Roni, que foi feito no sábado, quando ele ficou preso.
Leonardo também garante que investigou inúmeras pessoas envolvidas nestes estranhos jogos promovidos pela Roni7.
E que tinha como foco principal Brasília, Londrina, Manaus e Cariacica.
A Polícia Civil investigou esta estranha preferência.
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Se houve facilitamento de alguém destas cidades.
E se há pessoas poderosas por trás de Roni.
Os envolvidos mal começaram a surgir...
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