Andrés torceu pelo Palmeiras contra a Globo. Pelo fim de 'Itaquerão'
Dirigente queria que a emissora carioca chamasse o estádio palmeirense de Allianz Parque. Por conta de oito anos de fracasso na venda dos naming rights
Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli
São Paulo, Brasil
Cinco rodadas sem transmitir os jogos do atual campeão brasileiro.
E atual líder da competição.
E depois ter de ceder, não multar e pagar muito mais do que desejava para ter o direito de mostrar as partidas do Palmeiras.
Foi desmoralizante para os executivos globais que não acreditaram na firmeza da diretoria do clube paulista.
Brincou com cerca de 18 milhões de torcedores, com duas empresas bilionárias, a Crefisa e a Puma.
Perdeu.
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Entre as várias reivindicações do presidente Mauricio Galiotte, ele sempre repetia que exigia uma equiparação financeira e de exposição do rival Corinthians. E muito mais dinheiro e jogos transmitidos do que o São Paulo.
Ele conseguiu.
Discreto, Andrés Sanchez acompanhava tudo de longe. Ele está envolvido até o pescoço na tentativa de pagamento da dívida bilionária do Itaquerão.
O estádio que conseguiu para o seu clube com o apoio do ex-presidente Lula, custou caro demais.
Dados recentes mostram que, apesar do pagamento de R$ 306 milhões, o clube ainda deve R$ 1,1 bilhão. Porém, os juros e encargos não param de crescer.
Andrés tem a promessa, a dívida moral da cúpula da emissora carioca. Em 2011, o Corinthians se colocou ao lado da Globo e do então presidente da CBF, Ricardo Teixeira,, junto com o Flamengo e implodiram o Clube dos 13.
O motivo era que, pela primeira vez, emissoras iriam concorrer de verdade para tentarem acabar com o monopólio global nas transmissões no Brasil.
O apoio valeu a garantia de eterna gratidão. Ou seja, Corinthians e Flamengo, donos das maiores torcidas do país, ganharão sempre a mais da emissora carioca.
Continuam, os flamenguistas receberão cerca de R$ 120 milhões anuais pelo Brasileiro. Os corintianos, R$ 110. Mas os palmeirenses se aproximaram muito. Receberão R$ 100 milhões.
Mas em plena guerra que levou cerca de dez meses e 13 reuniões, Andrés torceu muito para a vitória do rival em um item.
Sonhava em ver a Globo cedendo e chamando a arena palmeirense de Allianz Parque.
Seria a abertura para o dirigente conseguir romper enorme obstáculo na prometida venda dos naming rights do Itaquerão.
É um fracasso pessoal de Andrés.
Há oito anos ele vem buscando os desejados R$ 400 milhões por um contrato de 20 anos. Tinha certeza que a Emirates aceitaria o custo para batizar o estádio. Mas a recessão mundial chegou, assim como a morte de operários na construção, a empresa desistiu.
Assim como diversas outras.
O dirigente viajou o mundo. Europa, Estados Unidos, Ásia, nada.
Ele cansou de apelar para a Globo garantir que o nome da empresa que comprasse os naming rights seria dito em todas as reportagens e transmissões.
Mas a emissora carioca não cedeu.
As indústrias e empresas que querem seus nomes citados na Globo precisam pagar. Simples assim.
Galiotte tentou, mas sentiu a fortíssima resistência da emissora. O estádio seguirá sendo chamado de arena Palmeiras. Assim como o Itaquerão é Arena Corinthians.
A derrota do Palmeiras neste item repercutiu pelo futebol brasileiro.
O maior exemplo da força do boicote da globo aos naming rights é o que aconteceu na Fonte Nova.
Em 2013 foi anunciado o acordo com a cervejaria Petrópolis. Seriam R$ 10 milhões por ano para que o estádio fosse chamado de Itaipava.
A Globo desprezou solenemente o acordo.
E o estádio baiano segue sendo chamado como Fonte Nova por todos os veículos. O fracasso da negociação fez com que o acordo fosse refeito. E a cervejaria aceitou pagar apenas R$ 3 milhões por ano. E já deixou claro que não renovará o compromisso em 2023.
O Athletico Paranaense também fez um acordo que não deu certo. Entre 2005 e 2008, seu estádio era para ser chamado de Arena Kyocera. Mas seguiu sendo conhecido como Arena da Baixada. O clube recebeu apenas R$ 5 milhões pelos três anos.
E segue tentando buscar empresas para bancar os naming rights. Sem sucesso.
O Palmeiras conseguiu emplacar o nome da seguradora na maioria dos veículos de comunicação por um simples motivo.
Na reconstrução da arena, o clube já amarrou a parceria de 20 anos com a Allianz. E o marketing foi agressivo demais para banir o nome com que o estádio era conhecido: Parque Antártica.
O não da Globo a Galiotte atingiu Andrés Sanchez em cheio.
Sua esperança em vender os naming rights do estádio corintiano segue quase morta.
Assim como o Pacaembu, Morumbi, Maracanã, a arena da Zona Leste já tem um nome extraoficial que o batiza e que é quase impossível mudar.
Principalmente sem o ano da dona do monopólio do futebol, que o Corinthians ajudou a manter.
Seu estádio tem nome.
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