O orgulho de Rogério Ceni. 'São Paulo em duas semifinais. Mesmo vivendo um colapso financeiro'
Mesmo com um jogador a menos — Miranda foi expulso —, o São Paulo conseguiu empatar com o América, em Belo Horizonte. É semifinalista da Copa do Brasil. Enfrenta o Flamengo. Clube também está na semifinal da Sul-Americana
Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli
São Paulo, Brasil
Braços erguidos para a torcida, no estádio Independência.
Sorrindo, saudando, feliz como há tempos não se via.
Rogério Ceni, o maior ídolo da história do São Paulo, comemorava muito a classificação heroica para a semifinal da Copa do Brasil.
Heroica porque, desde os 12 minutos do segundo tempo, a equipe de Ceni atuou com um jogador a menos, depois da expulsão de Miranda.
E o São Paulo conseguiu segurar o empate em 2 a 2, contra o América, e garantiu a semifinal da Copa do Brasil, contra o Flamengo.
O time também está na semifinal da Copa Sul-Americana, diante do Atlético Goianiense.
No Brasileiro, a 11ª colocação, sem risco aparente de rebaixamento.
Ceni estava realmente muito orgulhoso em Belo Horizonte.
“Na terceira rodada do Campeonato Paulista tinha gente falando que não ia dar em nada. O clube atravessa uma situação delicada, e os jogadores têm ajudado muito o clube, mais do que vocês imaginam. Então, é muito legal ver esse time."
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"Sei que não fomos campeões paulistas, isso machuca muito o torcedor, porque era um título possível, mesmo contra um grande rival, pela maneira que vencemos o primeiro jogo."
"Mas, ver o São Paulo em duas semifinais em um ano de colapso financeiro é motivo de orgulho. Muito mérito dos jogadores, dos caras que hoje vestem essa camisa."
Ceni é muito próximo do presidente Julio Casares.
E sabe quanto os R$ 8,8 milhões que o clube garantiu com a classificação em Minas Gerais significam. A garantia de que os salários não deverão atrasar.
O São Paulo deve mais de R$ 700 milhões, o "colapso financeiro", destacado por Rogério Ceni, que foi herdado da administração do ex-presidente Leco, seu eterno inimigo.
O espírito de luta dos seus jogadores foi mesmo de entusiasmar. A falta de vibração era uma velha queixa da diretoria, da torcida.
Mas, muito esperto, Rogério Ceni sabe que o Flamengo é um adversário forte demais. E que o Atlético Goianiense, por mais que tenha sido decepcionante diante do Corinthians, tem potencial para ser um adversário competitivo, duro, difícil.
O São Paulo ser eliminado nas duas competições não é uma possibilidade remota.
Por isso, ele não pode abrir mão do Campeonato Nacional, caminho que leva à Libertadores de 2023.
"No Brasileiro precisamos de pontos."
"As Copas são ilusórias, o Brasileiro vai até o dia 13 de novembro e temos que estar com uma vaga na pré-Libertadores."
"O pessoal fala que o trabalho é legal, mas não consegue o objetivo e já falam que o trabalho é ruim. A gente tem que estar ligado no Campeonato Brasileiro, porque se der errado em alguma das duas tem que estar na Libertadores do ano que vem. Por renda e por tudo mais."
O São Paulo jamais venceu a Copa do Brasil.
E, lógico, Ceni teve de responder sobre o título que falta ao clube, na coletiva após o empate de ontem.
Só que sua preocupação mais imediata é tentar montar a equipe mais competitiva possível para o clássico do fim de semana, na Vila Belmiro.
"Ganhar a Copa do Brasil em um clube em que trabalhei a vida toda e não ganhei seria fantástico. Mas obsessão é o próximo jogo. Vamos ver qual é o melhor time (jogadores que pode escalar) para tentar ganhar domingo."
Mas, antes, o treinador fez questão de abraçar seus atletas no vestiário, antes de o São Paulo sair do estádio Independência.
Tinha de comemorar a importante classificação para outra semifinal.
Com um jogador a menos.
E os R$ 8,8 milhões que os atletas garantiram ao endividado São Paulo...
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