O melhor presente de Abel para o Palmeiras, pela renovação. Levou o clube à nona final. Desta vez do Paulista de 2022
Em um jogo sofrido, tenso, vibrante, o Palmeiras conseguiu vencer o Bragantino por 2 a 1. Abel e Barbieri travaram um incrível duelo tático. O time verde espera o vencedor de São Paulo e Corinthians
Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli
São Paulo, Brasil
O prêmio não poderia ser melhor.
No dia em que foi confirmada a renovação de contrato até dezembro de 2024, Abel Ferreira leva o Palmeiras à sua nona final, em um ano e cinco meses de Brasil.
E desta vez invicto.
Com direito ao bicampeonato da Libertadores, à uma Copa do Brasil e uma Recopa Sul-Americana.
Desta vez, em um jogo empolgante, intenso, de muita alternância tática, o Palmeiras conseguiu vencer o Red Bull Bragantino, por 2 a 1, na semifinal do Campeonato Paulista de 2022.
Jamais na história do clube, ele havia chegado a três finais do estaduais de forma seguida: 2020, 2021 e 2022.
Com direito à muito sofrimento, com o time do interior dominando todo o segundo tempo, pressionando, atacando até com oito jogadores, obrigando Marcelo Lomba a grandes defesas.
O adversário sairá do clássico de amanhã, entre São Paulo e Corinthians. Serão duas partidas, com o Palmeiras tendo o direito de decidir o Paulista em casa, por conta da melhor campanha no torneio. Com 11 vitórias e três empates.
Após o jogo, a confirmação de forma oficial do Palmeiras, de renovação do contrato até dezembro de 2024, de Abel Ferreira.
No caldeirão em que se transforma o Allianz Parque em jogos decisivos, Dudu foi o melhor em campo, mostrando todo seu talento em lances fundamentais da partida.
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Murilo marcou 1 a 0, logo a um minuto, depois de desvio de Gustavo Gómez, em jogada mais do que ensaiada. O Bragantino não se intimidou e partiu para o troco, com Léo Ortiz ajeitando para a cabeçada fatal de Realpe. 1 a 1, aos 18 minutos.
E aos 39 minutos, Gustavo Scarpa deu um lançamento muito forte, quase na linha lateral, invertendo o ataque da esquerda para a direita. Dudu dominou no peito e de esquerda, descobriu Raphael Veiga, entrando na diagonal. O cruzamento foi forte, rasante. E Rony desviou a bola bola para fazer 2 a 1.
Gol fruto de impressionante trabalho coletivo que Abel Ferreira tanto insiste.
Todos os gols foram no primeiro tempo, quando o Palmeiras esteve muito melhor. Na segunda etapa, o Bragantino se impôs, com Barbieri adiantando seu time e preenchendo com inteligência os espaços. E fez o Palmeiras sofrer, defendendo muito. Empurrado por sua torcida.
Mas conseguiu segurar o resultado importantíssimo.
Dudu, o melhor em campo, reconheceu o quanto está crescendo também taticamente nas mãos de Abel Ferreira.
"Venho aprendendo muito com o Abel e a comissão dele. Jogador tem de ajudar também na marcação, procurei sempre me doar. Estamos tendo um papel tático importante. A equipe está de parabéns, fazendo o que o treinador pede, aquilo que é combinado. Estamos fazendo um grande Campeonato Paulista e agora tem a final para coroar."
Dudu também fez questão de valorizar um lado que costuma ser desprezado no futebol brasileiro.
"Dá para ver a parte psicológica. Tomamos gol, não nos deixamos nos abalar. A torcida ajuda muito, está de parabéns por ter vindo nos ajudar. Agora é descansar para a final."
O time de Abel Ferreira sentiu demais a falta de Danilo, que não entrou em campo, por conta de dores na coxa esquerda. O Red Bull Bragantino não teve o seu jogador mais perigoso, efetivo, Artur, com distensão, por coincidência, na coxa esquerda.
O clima no Allianz Parque já foi de euforia. Por conta do vazamento da renovação de contrato de Abel Ferreira até 2024. O suspense havia virado certeza.
A expectativa de mais de 37 mil torcedores, que lotaram o estádio, era de uma grande apresentação do Palmeiras, para celebrar o 'Dia do Fico' de Abel.
Mas o adversário era muito forte. Melhor organizado taticamente que Corinthians e São Paulo. O trabalho de Barbieri à frente do time representante da Red Bull no Brasil é excelente.
E ele tratou de montar o Bragantino em um móvel 4-3-3, que virava durante a partida em um 4-5-1. E mesmo 3-6-1.
O Palmeiras de Abel Ferreira também não ficou por menos. O plano tático era sufocar o Bragantino, adiantando suas linhas desde o início do jogo. Ter a vantagem tática, jogando no 4-5-1. Para depois tentar desfrutar os contragolpes com seus jogadores velocistas, abusando da técnica de Dudu e Raphael Veiga.
E o plano de Abel começou dando certo demais. A um minuto de jogo, Gustavo Scarpa cruzou, Gustavo Gómez desviou e Murilo bateu de esquerda, para as redes de Cleiton. Foi uma festa no Allianz. Mas ingenuidade de quem apostava em uma vitória fácil palmeirense.
Barbieri havia preparado seu time para um grande duelo nas intermediárias. E partiu para o jogo, não dando espaço como sonhava Abel para o seu time contragolpear. Rony era muito bem vigiado, assim como Raphael Veiga. Gustavo Scarpa também tinha de lutar para atuar. Só Dudu, em um estágio físico e técnico impressionantes, se impunha.
O jogo ficou mais do que nervoso, com ataque dos dois lados, mostrando intensidade incomum no futebol brasileiro.
E o Bragantino conseguiu dar o troco e empatar a partida, da mesma maneira com a qual o Palmeiras saiu na frente. Helinho levantou, Léo Ortiz desviou de cabeça para Realpe, com estilo, cabecear sem chance para Marcelo Lomba. 1 a 1, aos 18 minutos.
A partida seguiu de igual para igual.
Até que Dudu conseguiu decifrar a marcação do Bragantino. E deu um passe espetacular para Raphael Veiga. Daí o cruzamento para Rony se jogar para a bola e desviá-lo como o centroavante que o Palmeiras não tem. 2 a 1, aos 39 minutos.
O segundo tempo foi de muita luta. E com o Bragantino jogando muito melhor, com seu meio de campo adiantado, técnico, trocando passes e de posição, dificultando a marcação palmeirense.
Abel Ferreira queria a vitória e não teve constrangimento em fazer seu time recuar, marcar fortíssimo na sua intermediária.
Para buscar os contragolpes, Dudu não teve hoje um companheiro. Raphael Veiga esteve muito bem marcado. Gustavo Scarpa também seguiu correndo muito, mas preso ao setor esquerdo. Rony seguiu outra vez se mostrando perdido entre os zagueiros, improvisado em uma posição que não é a sua.
O resultado foi um digno sufoco do Bragantino.
Marcelo Lomba tratou de mostrar o motivo de ter sido contratado como reserva de Weverton. Fez grandes e cinematográficas defesas.
Nos últimos 10 minutos, o Bragantino cansou. E o Palmeiras teve mais calma para segurar o importantíssimo triunfo.
O Red Bull caiu, foi eliminado, de cabeça erguida.
A nova final sob o comando de Abel Ferreira.
Impressionante.
E merecido.
O trabalho do português é brilhante...
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