O maior vexame do boxe no Brasil: para espantar qualquer patrocinador, luta entre Popó e Wanderlei Silva termina em vergonhosa pancadaria entre as equipes. Wanderlei, golpeado depois do combate, caiu desmaiado no ringue
A Spaten Fight Night 2 terminou de maneira constrangedora. As imagens já correm o mundo. O ex-bicampeão mundial superpena Popó, 50 anos, ganhou, por desclassificação de Wanderlei Silva, ex-estrela do UFC. Por três cabeçadas no quarto assalto. Em seguida, selvagem briga generalizada. Imagens já ganharam o mundo

“Quero pedir perdão a vocês.
Eu não vim aqui para denegrir a imagem de ninguém e para fazer briga ou confusão. Vim aqui para dar um show para vocês, para fazer o melhor possível. Se o Wanderlei me deu cabeçada, se deu cotovelada, era eu e ele e mais ninguém.
Nem a minha equipe e nem a equipe dele deveria se meter. A briga aqui dentro é entre eu e ele.
Desculpas.”
Esse foi o constrangido pedido de desculpas de Popó, após vencer, por desclassificação, Wanderlei Silva.
O cinquentão bicampeão mundial de boxe não comemorou a vitória.
Teve de pedir desculpas não a quem assistiu à luta.
Mas depois do combate.
Vexame brasileiro cujas imagens já se espalharam pelo mundo.
Foi o maior vexame não só do boxe.
Mas das artes marciais no Brasil.
E com força para sabotar um plano muito bem feito de divulgar os combates no país, depois que o UFC, principal categoria do MMA, resolveu reservar suas melhores lutas no seu próprio streaming pago.
Transmitida ao vivo pela tevê aberta para todo o país.
O baiano Acelino ‘Popó’ de Freitas, bicampeão mundial de superpenas, 50 anos, venceu ontem, por desclassificação, o paranaense Wanderlei ‘Cachorro Louco’ Silva, 49 anos, estrela do Pride e do UFC, na década de 90 e início dos anos 2000.
Apesar de 22 kg a mais e 14 centímetros maior que Popó, Wanderlei estava visivelmente sem preparo físico. E sem a velocidade e técnica do baiano.
Caminhava para uma derrota constrangedora. Tomou uma lição de boxe. Com cruzados, diretos e jabs em sequência, Popó caminhava tranquilo para vitória por nocaute ou desistência.
Foi quando Wanderlei decidiu partir para cabeçadas, golpes proibidos no boxe e até no UFC, no quarto assalto. Foram três, que terminaram com sua desclassificação. Experiente, ele usou essa estratégia para não ser derrotado.

Mesmo com a vitória, a equipe de Popó invadiu o ringue. Assim como a de Wanderlei. Elas começaram a se xingar. E logo tudo descambou para uma batalha absurda dentro do ringue. Com direito a Fabricio Werdum, ex-lutador de UFC, e que trabalhou na preparação do Cachorro Louco, desferir socos e mais socos na equipe do baiano.
Os pouquíssimos seguranças não evitaram o caos.
Foram pelo menos 5 minutos de pancadaria.
Tudo ficou muito pior quando Wanderlei Silva indefeso, tomou um violento soco na nunca, e depois, um violentíssimo direto no olho, de um membro da equipe de Popó. Acertou em cheio o olho do lutador de MMA, que caiu desacordado.
O vexame foi transmitido ao vivo. Houve a tentativa de amenizar a situação, com a câmera mais longe do ringue focando a pancadaria, depois de Wanderlei Silva cair desmaiado.
Enquanto o paranaense sangrava e era atendido por médicos, a transmissão focava apenas Popó, sentado nas cordas. Não interessava mostrar a lastimável situação do paranaense, que levou 6 minutos para poder levantar e ir embora.
O problema da Globo foi que os próprios narradores do combate descreviam, em detalhes, o que acontecia. O estado de Wanderlei.
A emissora carioca resolveu imitar o que os Estados Unidos fazem há anos. Promover lutas entre lendas do boxe ou MMA. Mas aposentadas. Muitas delas entrando na quinta década de vida.
Popó virou o colecionador vitórias contra adversários surreais. Bateu em humorista, Wanderson Silva; em ex-BBB, Bambam; em ex-marido de Sabrina Sato, Duda Nagle; em ex-lutador cubano, José Pelé Landy; em sósia de Vin Diesel, Júnio Dublê; no empresário Guilherme Grilo, o caçador dos irmãos Falcão, no argentino Jorge Daniel Miranda, El Chino.
Spaten-Franziskaner-Bräu é uma cervejaria importante de Munique. Foi criada em 1397. Ela se associou com an Anheuser-Busch InBev. Fusão da belga Interbrew com a brasileira Ambev.
E o marketing da empresa decidiu investir em combates. Principalmente para difundir a marca Spaten no Brasil.
Criou a Spaten Fight Night. A primeira terminou com uma luta de boxe, fraquíssima. Com Anderson Silva e Chael Sonnen apenas trocando golpes leves, mera exibição, frustrando o público brasileiro, acostumado com combates reais.
O ‘combate’ acabou empatado.
Frustrante.

Tanto que para a Spaten Fight Night, disputada ontem, em São Paulo, Popó foi escolhido para a luta principal. Seria contra Vitor Belfort. Mas Vitor se contundiu.
Wanderlei Silva foi convidado.
A Globo decidiu transmitir, como fez com a luta de Anderson Silva.
O combate foi ao vivo.
E veio o vexame.
Constrangedor.
Que trabalha contra o esforço da popularização do boxe.
Das lutas no país.
A organização absurda da noite de boxe, que não contratou seguranças, para evitar as invasões e a pancadaria, é a grande responsável.
Marca nenhuma quer colocar seu nome em algo tão vergonhoso como o que aconteceu ontem em São Paulo.
Foi o evento de boxe mais constrangedor da história do país.
Exatamente por ser transmitido ao vivo.
Pela tevê aberta.
Lutas profissionais e selvagem pancadaria são coisas diferentes.
A imagem deixada pelo duelo entre Popó e Wanderlei Silva foi péssima.
Os vídeos estão espalhados pela internet para o planeta.
Pela importância das carreiras de Popó e Wanderlei Silva.
Assim também como de Werdum, ex-campeão dos pesados do UFC.
O retrocesso foi total.
E que farão os investidores pensarem cem vezes antes de apoiarem os próximos eventos.
Popó pediu desculpas nas redes sociais pelo que aconteceu.
Ele sabe bem quais podem ser as consequências do vexame de ontem.
Enquanto isso, Wanderlei Silva passava por uma bateria de exames.
Pela consequência dos violentíssimos socos que tomou após a luta.
Um absurdo...