O humilde Corinthians é bicampeão em cima do milionário Palmeiras
O time de Fábio Carille acabou com o favoritismo da equipe de Roger Machado. Devolveu o 1 a 0 e ganhou nos pênaltis
Cosme Rímoli|Cosme Rímoli
Depois de 19 anos, os grandes rivais de São Paulo voltaram a decidir o título estadual.
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Durante os 180 minutos, empate.
O Corinthians devolveu a derrota em Itaquera. Com um gol de Rodriguinho, a um minuto e 27 segundos, o time de Fábio Carille marcou e segurou o mesmo resultado que o Palmeiras conseguiu no sábado passado.
1 a 0, em plena arena palmeirense lotada, com mais de 40 mil torcedores, o maior público de sua história.
Depois de Marcelo Aparecido Ribeiro de Souza marcar pênalti inexistente de Ralf em Dudu e voltar atrás, graças aos auxiliares e ao quarto árbitro, não haveria jeito. Tudo seria decidido na marca do cal.
Vieram os pênaltis.
E Cássio defendeu os de Dudu e de Lucas Lima.
O Corinthians chegou ao seu 29º título paulista. Derrotou o milionário elenco palmeirense, em sua casa. Foi bicampeão paulista, depois de 35 anos.
Um título inesquecível.
"Foi uma vergonha o que aconteceu aqui. Peço para o palmeirense esquecer esse paulistinha. Esse campeonato foi jogado na lata do lixo. Este campeonato está manchado. Houve interferência externa na marcação do pênalti. Vamos é esquecer o Paulistinha e pensar em algo muito maior, a Libertadores. O que aconteceu aqui foi uma vergonha. O Palmeiras é muito maior que o Paulistinha", desabafou o presidente do Palmeiras, Mauricio Galiotte.
Por ordem do dirigente, os jogadores do Palmeiras não receberam a medalha e nem a taça de vice-campeão paulista. Uma afronta ao título corintiano.
"Quando você faz uma preparação, sempre pensa no melhor. Essa decisão do campeonato paulista, desde a semifinal, o Santos decidiu nos pênaltis na semi, nas quartas. O Palmeiras foi o único que teve tranquilidade maior nas quartas. Então campeonato foi muito difícil, disputado. Eu sempre falei que um investe mais, outro menos, mas clássico não era favorito, não tem. Hoje o Palmeiras tinha 60% por causa da vantagem, mas tem qualidade dos dois lados. Temos de parar de falar um pouco disso de investimento.
"Independentemente do que façam, de quarta força, terceira, temos que ter a mesma postura. Se fechar no CT, trabalhar sério, eu com a minha comissão, discutir o que precisa, de explorar os pontos positivos, os negativos. Uma busca constante. Independentemente do que falam, temos de ter uma linha e seguir essa linha o tempo todo", desabafou Carille, que sabe o quanto a dificuldade financeira do Corinthians atrapalha seu trabalho.
O Palmeiras chegou a ter 65% de posse de bola no primeiro tempo. Mas o Corinthians mantinha uma incrível consciência tática. Se aproveitava como só o time de Carille sabe fazer no Brasil. Quando seu time sai na frente no placar. Isso já acontece costumeiramente, quando a partida é importante e o adversário, forte. Seria muito mais em uma decisão, valendo o título paulista.
Carille acertou em cheio ao trocar Emerson Sheik por Jadson e Ralf por Gabriel. E escolher Romero como substituto de Clayson, expulso na primeira partida da decisão.
O Corinthians entrou de maneira compacta, da maneira intensa que conquistou o Paulista e o Brasileiro em 2017. Sem dar espaço para o rival. O plano era congestionar a intermediária, atrair o Palmeiras para o seu campo e aproveitar os contragolpes, principalmente pela esquerda. Marcos Rocha e Bruno Henrique, substituto do suspenso Felipe Melo, não marcam bem.
Por outro lado, Roger Machado sonhava aumentar a vantagem conseguida a fórceps, com a vitória por 1 a 0, no Itaquerão. Preparou sua equipe para marcar forte a saída de bola corintiana. Queria aproveitar o caldeirão verde, com 40 mil palmeirenses. Roger sabia que a cobrança seria imensa do mundo do futebol para que conseguisse o título.
Seu elenco é o mais recheado e caro da América Latina. Tendo pela frente o grande rival representado por um grupo sem estrelas, que lamenta demais não ter um artilheiro como Jô e um lateral ofensivo como Guilherme Arana. Ambos saíram, pelo campeão paulista e brasileiro precisar de dinheiro.
O Corinthians precisava reverter a derrota por 1 a 0, no Itaquerão. E tinha montado uma equipe para travar o adversário e, depois, contragolpear. E o Palmeiras entrou na sua arena preparado para buscar a consagração. 'Matar" o jogo logo no começo.
Só que o destino foi cruel para os palmeirenses. Logo a um minuto e vinte e sete segundos aconteceu o inesperado. O jovem Matheus Vital decidiu encarar Bruno Henrique e Marcos Rocha. Conseguiu chegar à linha de fundo e tocou para Rodriguinho. O meia chegou de frente para o gol. E bateu colocado. A bola desviou em Victor Luis e sabotou Jailson. 1 a 0, Corinthians.
Nem nos melhores sonhos de Carille, a situação seria tão boa. Seu time especialista em marcação, saía na frente.
O reflexo foi imediato. Os corintianos abriam mão até dos contragolpes. Queriam segurar de qualquer maneira, a vantagem que igualava a decisão. Carille tratou de pedir para Fagner e Sidcley atuarem postados na lateral. Com o auxílio importantíssimo de Romero e Matheus Vital. Eles abriam mão de atacar e tratavam de marcar os laterais palmeirenses Marcos Rocha e Victor Luis. Para evitar as triangulações com Dudu e Willian.
O Palmeiras tinha muita vontade, mas pouca consciência. Outra vez, o talento de Lucas Lima era desperdiçado, com o jogador muito longe do ataque. Ou atrás, ou aberto como ponta esquerda. Ele é um dos melhores meias do futebol brasileiro, mas não ocupa a faixa de campo onde rende mais.
O resultado é que a marcação corintiana prevelaceu. Cássio apenas fez cêra. Não precisou fazer sequer uma defesa difícil nos primeiros 45 minutos. Tal foi a correção na marcação do time de Carille. Irritantemente consciente.
No segundo tempo, Roger tratou de colocar Keno no lugar de Willian. Uma tentativa de mais velocidade. Busca de tentar romper as duas linhas de cinco que Carille montou nas intermediárias. Ele não deixava sequer um atacante. Apostava todas as suas fichas na compactação. Na falta de espaço, oxigênio ao rival.
O Corinthians assumidamente abria mão de jogar. Não tentava sequer os contragolpes. O Palmeiras tentava de tudo. Desde as insistentes tentantivas de dribles de Dudu, a inúteis cruzamentos da intermediária, até chutes desesperados para o gol.
Quando a tensão já dominava a arena, veio o lance mais polêmico. Ralf entrou firme em uma dividida com Dudu. Acertou a bola e em seguida, o atacante palmeirense. Escanteio. Mas, mal colocado, o inseguro Marcelo Aparecido Ribeiro de Souza, marcou pênalti.
Foi um caos.
Por oito minutos, Marcelo Aparecido Ribeiro de Souza pediu ajuda do quarto árbitro e dos dois auxiliares. E foi salvo da incrível bobagem que estava cometendo.
O estádio todo passou a gritar o coro de "Vergonha, Vergonha, Vergonha", ao perceber que o juiz havia voltado atrás e marcado escanteio. Palmeirenses ficaram ainda mais nervosos, se sentindo prejudicados. O resultado foi que acabou ainda mais fácil para o Corinthians se defender.
Roger Machado trocou Borja por Deyverson e Bruno Henrique por Thiago Santos. O Palmeiras seguiu atacando o tempo todo, mas o Corinthians seguiu mostrando que é a equipe que melhor marca neste país.
A decisão ficou para os pênaltis.
E Cássio estudou muito. E sabia os cantos que Dudu e Lucas Lima cobriam. E foi impressionante sua convicção nas defesas. Fagner ainda cobrou por cima. Mas o placar mostrou. Vitória do Corinthians por 4 a 3.
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