O fantasma dos 7 a 1 presente na semifinal contra a Argentina
O trauma da vergonha na Copa do Mundo de 2014, no Mineirão, ainda paira no ar. A torcida de Belo Horizonte está desconfiada, com medo de amanhã
Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli
Belo Horizonte, Brasil
Júlio César; Maicon, David Luiz, Dante e Marcelo; Luiz Gustavo e Fernandinho (Paulinho); Bernard, Oscar e Hulk (Ramires); Fred (Willian)
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Cinco anos depois do maior vexame do futebol brasileiro na história, apenas Fernandinho e Willian estão de novo em Belo Horizonte. Reservas do time de Tite que, estrategicamente, são mantidos longe dos microfones.
Para não lembrar o 7 a 1 para os germânicos no Mineirão.
Não tirar o entusiasmo que seria necessário para uma semifinal de Copa América, amanhã, contra a Argentina.
Apesar de o time de Tite ter vencido de forma marcante os mesmos rivais, com direito a Messi, pelas Eliminatórias da Copa de 2018, no mesmo Mineirão, em 2016, por 3 a 0, o clima que domina a concentração brasileira, no luxuoso hotel Ouro Minas não é de confiança.
Mas de tensão.
Os jogadores e Tite sabem que estão sendo questionados.
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O futebol mostrado pela Seleção nesta Copa América é ruim. Para a expectativa de um torneio disputado em casa, com o apoio da torcida.
Dos quatro jogos contra adversários inferiores, dois frustrantes 0 a 0, diante da Venezuela e Paraguai. Vitórias contra Bolívia e Peru.
Mesmo assim, é a melhor campanha entre os selecionados nesta fraquíssima Copa América. O time marcou oito gols e não sofreu nenhum.
Mas o futebol não empolga, não contagia.
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O número de torcedores que ronda o hotel Ouro Minas, concentração do Brasil, é muito pequeno. Não chega a 50. A idolatria desvairada sumiu em 2014.
A desconfiança prevalece.
O acesso aos jogadores é quase zero.
Foram permitidas as fotos protocolares quando o grupo chegou ao cinco estrelas, ao lado das crianças que estava por perto, muitas delas filhas de hóspedes e só.
Mas foram suficientes.
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Não há, como na Copa do Mundo, torcedores desesperados nas calçadas, gritando, implorando para que alguma janela seja aberta e eles ganham ao menos um aceno de qualquer jogador.
Ou como há cinco anos, quando seguranças da Seleção, esticavam suas mãos para fora dos quartos escuros, e acenavam. Crédulos torcedores gritavam imaginando ser "David Luís", máximo ídolo na véspera daquele jogo, sem Neymar contundido.
Não há a mesma empolgação por Roberto Firmino ou Éverton Cebolinha.
Em Belo Horizonte há pouquíssima alusão à Copa América. É como se a competição não existisse. A péssima organização, marca registrada do torneio, não se deu ao trabalho de espalhar cartazes, out-doors, nada.
É quase uma competição fantasma.
Não há torcedores circulando com a camisa da Seleção Brasileira pelas ruas.
Em grupos de dezenas, vão chegando os barulhentos torcedores argentinos. A previsão dos organizadores é que entre cinco e dez mil estejam amanhã no Mineirão.
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Não há euforia nas tevês, nos portais e nem nas rádios mineiras.
O clima de insegurança é perceptível na cidade.
Mesmo tendo como adversária uma Argentina enfraquecida.
"Por mais que a Argentin a não esteja num grande momento, é sempre a Argentina, que tem um grande jogador do outro lado. Vamos tentar manter nosso jogo, agredir quando for para ser agressivo, sermos sólidos quando formos atacados. Qualquer descuido quando a bola está no pé do Messi é perigoso.
"O Messi é um jogador que por mais que você estude, nunca vai entender a qualidade que ele tem, ele vai e tira outra coisa da cartola. Esse é o diferencial dele. Claro que, como zagueiro, tenho de estudar as forças. Mas é difícil de você falar o que ele vai fazer em campo. Messi, para mim, é o maior jogador da história, é o melhor que eu vi jogar.
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"É sempre um privilégio poder enfrentá-lo."
A reverência de Thiago Silva reflete o pensamento na Seleção.
Mesmo nos treinamentos na Cidade do Galo, concentração do Atlético Mineiro, não se percebe o clima de confiança, mas muita tensão.
O medo de uma derrota, que seria caótica para o trabalho de Tite, prevalece.
A ponto de o treinador estar revendo a aposta que parecia tão disposto a fazer. Colocar Alex Sandro na lateral, para formar dupla ofensiva pela esquerda com Éverton Cebolinha.
Ele já está tendendo a voltar atrás e seguir com o defensivo Filipe Luís.
Os anos se passaram.
Mas os 7 a 1 marcararam os desconfiandos mineiros.
A fé na Seleção Brasileira não é mais a mesma.
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Vão lotar o Mineirao, por conta da importância do jogo.
Principalmente a elite.
Os preços dos ingressos chegam até R$ 590,00.
A torcida fará de tudo para empurrar o Brasil.
Mas não mais de peito aberto, confiança.
Ainda mais valendo vaga para uma final.
Como foi em 2014.
A Seleção traumatizou Belo Horizonte...
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