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Cosme Rímoli - Blogs

“O Avallone tentou me beijar na boca, à força. Ser mulher no futebol era muito difícil.” Desabafo de Mariana Godoy, uma das maiores âncoras do país

Mariana Godoy revela de forma direta como era difícil para um mulher começa a trabalhar no futebol brasileiro, nos meados dos anos 80. “Tive de ser muito forte.”

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Mariana Godoy é uma das maiores âncoras da tevê brasileira RECORD

Mariana Godoy, uma das âncoras mais importantes do jornalismo do Brasil, revela em entrevista exclusiva, como foi difícil seu início.

Cursando jornalismo na tradicional Cásper Líbero, ela foi logo atraída pelo vídeo.

E o vídeo foi atraído por ela.

Sua postura desenvolta, firme diante das câmeras logo chamou a atenção de Roberto Avallone, jornalista esportivo importante do Jornal da Tarde. E ele o levou para fazer publicidade entre os blocos do Mesa Redonda, Futebol Debate, programa de enorme audiência na década de 90. “Eu era uma menina, em 1988.


Estava muito empolgada na época. Até que um domingo, o Avallone gostou muito do meu desempenho, segurou as minhas bochechas para dar um beijo na minha boca.

À força.


Fiquei assustadíssima. O empurrei e fui chorar no banheiro. Aquele momento foi importante para a minha vida. Não me submeteria a assédio algum, a nenhum machismo.

As que cobriam futebol nos meados dos anos 80 sofriam muito.


“Eu era uma menina bonita, com cabelões longos, os jogadores e até os jornalistas não sabiam lidar com mulheres no futebol. Era um clima pesado. Eu fazia questão de ser mais séria do que já sou, para ninguém mais confundir as coisas. O que passei com o Avallone foi traumático. E prometi para mim que nunca mais passaria por uma situação daquelas.”

Sua talento não passou despercebido pelo filho do ex-médico do Corinthians, apresentador e comentarista de tevê: Osmar de Oliveira. “O filho me viu, avisou ao Osmar. E ele mais a sua esposa, me ‘adotaram’. Me levaram para a antiga TV Manchete em 1989. E dois anos depois, Osmar a levou para o SBT. Interessada em fazer reportantes, não ficar apenas na bancada, ‘lendo telempronter’, como gosta de brincar, Mariana decidiu aproveitar a Olimpíada de 1992.

“Eu já tinha uma ligação íntima com o basquete. Joguei no Divino, de Jundiaí, time da Paula, da Branca. Encerrei minha precoce carreira por ter tido um problema gravíssimo no joelho, disputando bola justamente com a Janete, jogadora da Seleção Brasileira. “Essa minha vivência, mais um grupo de jornalistas abnegados, inteligentes, e estava feito um programa olímpico, que ia para o ar de madrugada. “O Silvio Santos ficou empolgado porque começamos a dar muita audiência. Quis saber quem eu era...Foi ótimo.”

A Globo viu muito potencial em Mariana Godoy. E a levou para fazer reportagens. Seu estilo que misturava criatividade, seriedade e descontração, dependendo do momento, a fizeram uma das principais repórteres do São Paulo Já. Eventualmente cobria férias na apresentação do jornal Hoje. “Instintivamente, eu não queria ir para a bancada. Sabia que eu era muito nova. E tinha energia para fazer reportagens, entrevistas. Tinha a noção que apresentava bem os jornais. Quando me fixasse, não sairia mais.” Por isso fez questão de cobrir Carnaval. Ficou entre 2002 e 2013 nas reportagens e apresentação. Eclética, foi até Moça do Tempo. Veio o SPTV. Depois se fixou no Jornal Hoje.

Foi outra vez para o SPTV. E se empolgou com o projeto da GloboNews, onde poderia apresentar e comentar os fatos mais relevantes do mundo. Mas tinha de morar no Rio. Em 2014 fez algo raro, pediu demissão da Globo, depois de 23 anos, para morar em São Paulo.

Foi trabalhar na Rede TV! Onde, inspirada na apresentadora norte-americana, Oprah Winfrey, comandou com segurança e competência, Mariana Godoy Entrevista. No programa, o treinador, então do Corinthians, Fábio Carille, deu sua melhor entrevista. Apresentava também na extinta rádio Globo, Café das 6, SP.

Recebeu proposta da Band. Comandou o talk show Melhor Agora e, na rádio Bandeirante, o tradicionalíssimo Jornal Gente. Até que, em fevereiro de 2021, foi convidada para apresentar o Fala, Brasil. ‘A minha carreira me deu a possibilidade de conhecer vários veículos de comunicão. E todos eles me fizeram entender.

“É preciso ter muito cuidado ao misturar Esporte e Política. “O que sobrou da Copa e da Olimpíada no Brasil? “Quem ganhou com essas competições?” “Cadê o legado?” Muita coisa mudou daquela garota sonhadora que fazia propaganda no Mesa Redonda.

E hoje é uma das maiores âncoras do jornalismo deste país. Mariana Godoy.

Ela aceitou dar uma entrevista exclusiva, mostrando o lado sombrio do início das mulheres na cobertura do futebol deste país.

A conversa, na íntegra, está no canal do Cosme Rímoli no youtube.

A cada semana, um personagem importante ligado ao Esporte.

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Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.

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