Neymar repete Pelé. Frustrante diante do racismo. E é aplaudido
Só depois de pressionado, o maior ídolo esportivo do Brasil se posiciona diante das reações da morte de George Floyd. É raso, superficial, infantil
Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli
São Paulo, Brasil
Progresso?
Uma verdadeira conversão?
Fim da apatia?
Coragem de encarar o racismo?
Finalmente, depois de oito dias, Neymar se posicionou.
Mostrou toda sua profundidade de análise.
Deve ter passado essas cerca de 192 horas juntando elementos sobre a terrível morte de George Floyd, ex-segurança negro, que morreu asfixiado pelo policial branco Derek Chauvin.
O soldado colocou o peso do corpo sobre o pescoço de Floyd, caído na rua e algemado.
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Até matá-lo.
Insensível, sádico, não se importou com o homem implorando que não estava conseguindo respirar.
Nem em seu assassinato estar sendo filmado.
Como se não importasse tirar a vida de outro homem.
Confirmou, de maneira cruel, inúmeros casos de violência de policiais brancos norte-americanos diante de homens negros.
A morte provocou revolta e inúmeras manifestações violentas não só nos Estados Unidos, mas no mundo.
Várias personalidades mostraram sua indignação com o assassinato.
Lewis Hamilton, hexacampeão mundial de Fórmula 1, foi veemente.
E criticou o silêncio dos seus companheiros de automobilismo.
Enquanto isso, Neymar se mostrava nas suas redes sociais cantando músicas sertanejas, pedalando, fazendo exercícios, vestindo terno cor de rosa.
Alienado.
Egocêntrico.
Como se o mundo fosse apenas ele e seus parças, na mansão de Mangaratiba.
Apesar de ter pai negro e mãe branca, ele não se considera 'preto'.
Ao contrário de Hamilton.
Que também tem pai negro e mãe branca.
Mas a pressão foi tão grande nas redes sociais para que se posicionasse, que seu staff, de mais de 30 pessoas, também achou melhor Neymar tomar uma atitude.
E, depois de muito pensar, veio a 'firme' postura do maior ídolo do futebol deste país.
Com 244 milhões de seguidores, um dos mais midiáticos personagens do mundo.
Neymar foi de acordo com sua vontade de não se envolver nos problemas que afetam a sociedade.
Sua contribuição contra o racismo.
Colocou um post totalmente negro.
E escreveu.
"Black lives matters."
#blackouttuesday".
E ainda foi além.
Mais firme.
Mostrou uma tatuagem sua no braço esquerdo.
Nela está escrito a palavra 'fé'.
Embaixo, sutilmente, está o símbolo da conquista do ouro olímpico de 2016.
Para ninguém esquecer seu grande triunfo com a camisa da seleção.
Já que com a principal são só fracassos.
Neymar e seu staff nem se deram ao trabalho de traduzir, "vidas negras importam".
E nem explicar a hashtag 'terça-feira do apagão', uma paralisação simbólica, virtual, para apoiar o movimento antirracista.
Neymar, ou sua assessoria, replicou apenas a campanha dos Estados Unidos.
A paralisação virtual, simbólica pela revoltante morte de Floyd.
Mas bastou essa postagem rasa.
Como seu Instagram é censurado, não passam mensagem críticas, só aplausos por seu posicionamento 'corajoso'.
"Super importante seu posicionamento em situações assim! É quando o ídolo toma partido, e faz a diferença pela forma de pensar e agir!", elogiou o apresentador Ivan Moré.
Ludmilla, Alexandre Pires, ex-BBBs e os fãs de sempre deram seu apoio.
E Neymar só lerá esses comentários elogiosos.
Continuará no seu mundo de fantasia.
Sua Terra do Nunca tupiniquim.
Com seus parças na mansão de Mangaratiba.
Aproveitando a pandemia.
Para se exercitar e participar de lives, pedalar, jogar futevôlei, videogame.
Paquerar virtualmente, até porque a pandemia vai passar.
E não se preocupar com os assuntos sérios da vida.
Para as decisões adultas da vida, tem seu pai.
É ele que escolhe onde jogar, quanto ganhar, onde morar.
"Mimo meu filho sim", diz Neymar sênior, como se referisse a um menino de oito anos.
E não a um homem de 28 anos, com um filho de sete anos.
Por isso racismo, política, desigualdade social, fome, pandemia, são assuntos que não o interessam.
Desperdiça a voz potente que possui.
São 244 milhões de seguidores nas redes sociais.
Melhor oferecer poses, tatuagens, roupas, fazer propaganda.
Deixar seu legado social totalmente vazio, inócuo.
Já tem seu instituto que ajuda crianças na Baixada Santista.
Finge não perceber que poderia ir muito além.
Ser relevante a milhões de pessoas.
Mas, como Pelé, segue sem se manifestar de verdade.
O melhor jogador de todos os tempos não tinha uma equipe de 30 pessoas cuidando de sua imagem.
Neymar tem e se comporta até pior.
Esse é o atual maior ídolo brasileiro no mundo.
Nem a cruel morte de George Floyd o tira de sua apatia.
De seu mundo egocêntrico.
Da sua Terra do Nunca.
Da fantasia de Peter Pan.
O personagem que se recusa a crescer.
A amadurecer.
Cada país tem seu ídolo esportivo que merece.
Vamos colocar mais um emoji de palmas no seu Instagram?
Afinal, ele se posicionou.
Mostrou sua veemência antirracista.
Mesmo não sendo 'preto' como disse.
É o máximo que sua assessoria permite...
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