Neymar foi engolido por Mbappé. Seu reinado no PSG acabou. Virou um desvalorizado coadjuvante
O francês de 23 anos chegou ao mesmo tempo que Neymar no PSG. E tirou o lugar de maior estrela da equipe francesa. Se aproveitando da falta de foco do brasileiro, que perde importância a cada temporada
Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli
São Paulo, Brasil
Não adiantou nem tirar a bandeira de escanteio.
Fazer a pose como se a segurasse como uma bazuca.
Nem o cabelo amarelo gema de ovo.
Muito menos seus estatísticos se apressarem a anunciar ao mundo que era o seu centésimo gol com a camisa do PSG.
Não adiantou.
A grande atração do futebol mundial era ontem, Mbappé, que virou as costas para o maior vencedor de todos os tempos, o Real Madrid, para seguir no PSG.
Não bastassem os números fabulosos que o fizeram mudar de ideia, esquecer a paixão de infância pelo clube espanhol, 300 milhões de euros, de luvas, R$ 1,5 bilhão.
Mais 100 milhões de euros, cerca de R$ 514 milhões, por cada uma das três temporadas, o atacante de 23 anos, campeão mundial com a França, resolve marcar três gols no jogo que anunciou sua permanência.
E mais: depois de sete temporadas, Di Maria se despede do PSG, com direito ao último gol na goleada por 5 a 0 diante do pobre e rebaixado Metz.
O terceiro gol de Neymar passou de maneira discreta pela imprensa francesa, cansada dos seus abusos. E também pela internacional.
O brasileiro de 30 anos não é mais manchete por conta de sua gradual irrelevância diante da possibilidade de transferência de jogadores importantes como Mané, que pode trocar o Liverpool, justamente pelo PSG, a chegada de Haaland, ao City, depois de passagem impressionante pelo Borussia Dortmund.
O belga De Bruyne, se impondo novamente como o melhor jogador da Premier League, no campeonato nacional mais difícil do mundo, com os mesmos 30 anos do brasileiro.
Ou ainda diante da enorme possibilidade de Vinícius Júnior se firmar como grande estrela do Real Madrid, conquistando a Champions no próximo sábado.
E Benzema definir de vez o troféu de melhor do mundo em 2022.
Ou Salah, finalmente, se impor na história do futebol egípcio com o título dos campeões europeus.
Tudo isso relega Neymar ao grau de coadjuvante na Europa.
O jogador mais caro de todos os tempos só é visto como primordial e é objeto de dependência para Tite e seu time.
Deixou de ser assunto há muito tempo no Barcelona.
De contrato renovado até 2025, com o PSG, segue ainda com a antipatia da imprensa francesa e grande parte da própria torcida do clube parisiense. Pelas ausências, as frustradas e assumidas tentativas de ir para o Barcelona, as recuperações de fraturas no Brasil, com direito a festas, os escândalos sexuais.
Os chiliques com árbitros, provocações e expulsões infantis. As simulações na Copa de 2018, que viraram piadas. Os excessos nas folgas e férias.
Tudo isso desgastou demais a imagem de Neymar, mero coadjuvante no PSG.
Com, inclusive, o pedido de Di Maria para que ceda a sua querida camisa 10 para Messi e passe a jogar com a 11, que pertencia ao jogador que se despediu do PSG.
Neymar renovou seu contrato no ano passado. Até 2025, com o clube francês tendo a preferência para mais uma temporada, até 2026.
O camisa 10 ganha menos de um terço do que Mbappé. São 30 milhões de euros, R$ 154 milhões, por ano. Fora um bônus especial, caso o PSG ganhe a Champions League. E outro, se ele for escolhido o melhor do mundo.
Em 2022, Neymar outra vez não tem a mínima chance, já que o vencedor será anunciado antes mesmo da Copa do Catar. Não ficará nem entre os três. Não fez por onde.
Para os que comemoravam ontem o centésimo gol de Neymar pelo PSG, basta lembrar que Mbappé, que chegou também em 2017, sem o direito de bater pênaltis e todas as faltas que quiser, já tem contabilizados 171 gols pelo clube parisiense.
O número de partidas de Mbappé pelo PSG é de 217 e sua média de 0,78 gols por partida. Já Neymar atuou muito menos, contundido ou suspenso. Apenas 144, com média de 0,69 gols por jogo.
O site especializado em transferências, o transfermarkt avalia Mbappé em 160 milhões de euros, cerca de R$ 823 milhões. Neymar vale 90 milhões de euros, cerca de R$ 463 milhões. Menos da metade do que quando chegou a Paris, em 2017, por 222 milhões de euros, cerca de R$ 1,1 bilhão.
O poder de Mbappé em relação a Neymar no PSG passou a ser incomparável.
De maneira aberta, a imprensa francesa anuncia que ele pediu para que o brasileiro Leonardo, ex-jogador da Seleção Brasileira, deixe de ser o executivo de futebol do PSG. E a demissão está para ser anunciada oficialmente. Com a chegada do português Luís Campos, que trabalhou com o atacante francês no Monaco.
Os números de Neymar, que são comemorados por seu seguidores, são usados como prova do descréscimo do jogador brasileiro.
Desde chegou ao PSG, esses são seus números.
2017/18: 28 gols e 17 assistências em 30 jogos
2018/19: 23 gols e 10 assistências em 28 jogos
2019/20: 19 gols e 11 assistências em 27 jogos
2020/21: 17 gols e oito assistências em 31 jogos
2021/22: 13 gols e oito assistências em 28 jogos
Há a pressão para que seja celebrado ele ser o quinto maior artilheiro do PSG. Só que Mbappé já é o segundo, só atrás de Cavani, com 200 gols.
É um momento sério, de reflexão, de cobrança para Neymar, contrastando com toda a festa para Mbappé.
Seu nome não desperta o interesse, a cobiça de qualquer outro gigante europeu.
Dependendo do treinador que assumir o PSG, já que o argentino Mauricio Pochettino tem enorme chances de ir embora, e dos reforços que o clube já busca, o brasileiro poderá ter espaço ainda menor.
Neymar atinge 100 gols no PSG. Fez 105 pelo Barcelona. E 136 pelo Santos. 67 gols pela Seleção.
É um jogador especial, diferenciado, dos melhores do mundo.
Mas, agora, totalmente eclipsado por Mbappé.
Que é campeão do mundo com a França e favorito para conseguir seu bicampeonato consecutivo.
Resta saber a reação do brasileiro.
Se aproveitará as férias do fim da temporada europeia, como sempre fez, com direito a farras intermináveis.
E perder ainda mais espaço na carreira.
Ou se controlar e se preparar para uma nova realidade no PSG, sob o reinado absoluto de Mbappé.
E para a Copa do Mundo do Catar, que começa daqui a quatro meses, com equipes muito mais bem preparadas do que o Brasil, do seu parceiro Tite.
Definir o que deseja para seu legado.
Seguir como mero coadjuvante em Paris.
E depois se divertir nos Estados Unidos.
Ou voltando no fim de carreira para o carente futebol deste país.
Que sempre espera, paciente, por seus mais talentosos jogadores virem terminar a carreira por aqui.
Como deverá acontecer com o eterno 'menino' Ney...
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