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Cosme Rímoli - Blogs

“Não sou enfeite! Sou apresentadora esportiva. Quando critiquei o Abel Ferreira vieram ameaças. Até para o meu filho.” Livia Nepomuceno

Ela foi miss, modelo, viajou o mundo. Até se tornar uma das melhores apresentadoras esportivas do Brasil. De personalidade e opiniões fortes, Livia Nepomuceno conseguiu vencer preconceitos. Não aceitou só ser ‘enfeite’ em programas de televisão

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"Estudo, assisto futebol, analiso. E vou dar sim, a minha opinião." Livia Nepomuceno Reprodução/Band

O mundo do futebol segue sendo machista.

As mulheres ainda lutam por seu espaço.

Não só no Brasil, como no mundo. Um caso específico é Ilaria D’Amico. Modelo lindíssima que surgiu na tevê italiana, na década de 90, no programa La Giostra del Gol, ‘Carrossel do Gol”, em tradução livre. Sua missão era específica. Com vestidos muito justos, basicamente, enfeitar o programa. Fazer publicidade, receber convidados, chamar a propaganda. Mas ficar calada nas discussões sobre futebol.

Milton Neves nunca escondeu que se inspirou no famoso programa italiano. E sempre fez questão de ter mulheres bonitas ao seu lado nos programas que apresentou. Queria ‘Ilarias’. Só que elas, começaram a se impor. Mostrar seu conhecimento de futebol. Não aceitaram mais o papel de mero ‘colírio para os olhos’. “Tive muitas parceiras de trabalho. Mas a melhor delas, disparado, foi a Livia Nepomuceno”, me confidenciou Milton Neves.


E a vida da Livia resume muita luta, determinação.

E momentos tensos.


Sua beleza sempre chamou a atenção.

Mas sempre foi muito inteligente.


Tinha sonhos maiores do que Brasília, onde nasceu. E decidiu, com 15 anos, ir para o Rio de Janeiro tentar ser atriz. Conseguiu fazer figuração na novela para adolescentes, Malhação, na Globo.

“Fui sozinha, determinada, mas era jovem demais. Existiam pessoas decentes, mas outras não. Fiquei chocada e decidi voltar para Brasília.” Jogava vôlei. E aceitou ser hostess de uma balada. Outra vez sua beleza foi notada e acabou convidada a disputar o título de Miss Brasília. Ganhou. Foi terceira colocada no concurso Miss Brasil Turismo. Representou o país no Exterior. Se tornou modelo.

“Desisti por propostas para jantar, que eu sabia como iriam terminar. Fui chamada pelo dono da agência que eu trabalhava. Ele me dizia que se fosse jantar com certa pessoa poderia fazer um trabalho importante, ganhar oitenta mil dólares. Mas disse ‘não’. E vi que aquilo não era para mim também.”

A irmã sugeriu que estudasse comunicação, para falar de futebol, de esportes, que tanto gostava. E, de novo, sem conhecer ninguém, foi atrás do sonho.

Buscou chance em todas as tevês e obteve resposta da Fox Sports.

E fez história como excelente apresentadora. Por sete anos, de 2014 a 2021. Apresentou e participou de diversos programas de discussão de futebol. “Sempre estudava, me preparava, assistia aos jogos. Sempre tive base para dar opinião. Não tinha essa conversa de ser mulher e ficar apenas enfeitando o vídeo. Ia para a discussão. Mas sempre me posicionei.”

Ter sido casada, na época, com o principal executivo da emissora não a ajudou. Pelo contrário. Talvez tenha sido o motivo que impediu de cobrir ‘in loco’ grandes competições, como a Copa do Mundo de 2018, na Rússia. Para que não fosse vista como privilegiada. Quando houve a junção forçada com a ESPN/Brasil, por conta da Disney ter comprado a Fox, Livia não seguiu na emissora.

“Respeito o estilo da ESPN, mas não tem a ver comigo.”

E ela não ficou, como a esmagadora maioria dos profissionais da Fox Sports. Desemprego passou longe, logo estava apresentando o Carioca de 2021. E, em seguida, veio o convite da Band. Foi marcante a sua participação no Terceiro Tempo, com Milton Neves. Era uma ‘Ilaria’ que discutia futebol de igual para igual com convidados. Mostrava conhecimento e personalidade forte, para não se intimidar. “Ela me surpreendeu. Pela personalidade. E tudo que falava tinha base. Foi ótimo para o programa.”

Com a saída de Milton Neves, passou a fazer o programa Apito Final, com o ex-jogador Neto. Foi um período bem interessante, com direito a conversas duras, como a com Vanderlei Luxemburgo. A postura de Livia no Apito Final também impressionou o público, por se posicionar sempre, com grande repertório de argumentos. E firmeza. Em uma reformulação do programa, Livia saiu e voltou à apresentação na Band. Livia se mostrou firme ao criticar a postura de Abel Ferreira, no Palmeiras. Sofreu ameaças. Até para seu filho.

Vê Renata Fan como referência. “Se agora é difícil, no início, quando ela começou apresentando um programa com vários ex-jogadores, comentaristas, foi muito mais. Ela também não aceitou o papel de ficar calada, só lendo texto. E se impôs. Muito bom trabalhar ao lado dela.”

Foi muito bem comentando futebol na rádio Band News. Teve convite para ser efetivada, mas não quis. “Comentar jogos profissionalmente não me atrai. Gosto de apresentar programas e participar de discussões sobre futebol. O que é bem diferente.”

Segue cheia de planos.

Com a mesma coragem e garra de quem saiu de Brasília sozinha. “Aprendi a lutar, com dignidade, correr atrás do que eu quero. Adoro o que eu faço. A beleza me ajudou. Só que eu consegui passar para as pessoas o meu conteúdo. Minhas opiniões. “O futebol segue sendo um ambiente machista. Mas nós, mulheres, estamos conseguindo cada vez mais espaço. E quem for competente, independente de sexo, se estabelece. É essa igualdade que um dia iremos atingir.”

Ilaria tem muito a aprender com Livia Nepomuceno...

A entrevista exclusiva está no canal do Cosme Rímoli, no YouTube.

A cada semana há uma conversa exclusiva com um personagem do esporte deste país...

Aqui está a entrevista, na íntegra...

Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.

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