Na polícia e na Justiça Desportiva, Inter e Corinthians terão briga pericial. Para provar, ou não, que Edenilson foi chamado de 'macaco'
Os clubes conseguiram perícias, laudos, de especialistas. Cada lado sustenta uma versão. A do Inter, que o lateral chamou Edenilson de 'macaco'. O Corinthians insiste que Rafael Ramos falou 'mano'
Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli

São Paulo, Brasil
"Eles estão de frente para a câmera, e é possível ler o posicionamento dos lábios do Ramos. Podemos identificar de forma tênue a frase que todo mundo está dizendo, que é a palavra ‘macaco’. E vem na sequência um palavrão que não fica muito claro na definição dos lábios dele."
Depoimento do perito judicial Roberto Meza Niella, especialista em leitura labial e diretor de consultoria pericial.
"Segundo nossos peritos a palavra utilizada não foi macaco. E sim cara..! Pois a palavra macaco ecoa, e o palavrão ele é mais curto. Se fosse macaco, a articulação da boca não seria discreta."
Giovana Giroto, advogada do Centro de Perícias de Curitiba.
Os dois depoimentos contraditórios serão usados por Internacional e Corinthians. Tanto na Justiça comum como na Desportiva.
O caso é complicadíssimo.
E envolve a denúncia feita por Edenilson, do Internacional, acusando o lateral Rafael Ramos, do Corinthians, de tê-lo chamado de 'macaco' no confronto entre os times, na noite de 15 de abril.
O jogador português do clube paulista depôs na terça-feira, na Federação Paulista de Futebol. O depoimento foi para o Superior Tribunal de Justiça Desportiva, no Rio de Janeiro. O corintiano negou qualquer palavra racista. E insistiu na tese de que o meio-campista do Internacional não entendeu o que disse.
Edenilson dará seu depoimento na segunda-feira. Mas segue firme na convicção de que ouviu a ofensa. Não recuará.
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O Corinthians tem uma segunda perícia, que inocentaria o lateral.
Ela foi feita por The Perfect Link Forensics, empresa especializada em perícia forense. Nela, Ramos teria dito "Fo…, mano, cara...".
A frase tem oito sílabas e oito fonemas, diferentemente do que teria sido ouvido por Edenilson, “F…, macaco”, que possui seis sílabas e seis fonemas.
A verdade é que a Polícia Civil do Rio Grande do Sul encerrará hoje sua investigação do caso de acusação de "injúria racial", que acabou custando a prisão do jogador corintiano. Ele foi solto depois do pagamento de fiança de R$ 10 mil, feito pelo clube paulista, na noite do jogo pelo Brasileiro.
Depois dessa desavença, tanto Rafael Ramos como Edenilson não conseguiram voltar a jogar bem. Ambos se mostram muito desgastados com o assunto e não aceitam nem dar mais entrevistas sobre o que viveram.
Rafael Ramos corre o risco de ser suspenso entre cinco e dez jogos, na Justiça Desportiva.
Na comum, de seis meses a dois anos.
No pior dos casos para o lateral, a suspensão esportiva pode acontecer, mas prisão, não. O português não tem antecedentes criminais. E, se condenado, deverá pagar apenas multa e prestar serviços comunitários.
"Não sou racista", garantiu o jogador do Corinthians.
"Eu sei o que ouvi", escreveu Edenilson nas redes sociais.
A situação segue complicada.
O Internacional garante que não recuará.
E o Corinthians fará de tudo para livrar seu jogador da acusação racista...
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