“Na festa do tetra, troquei socos com o secretário-geral da CBF. Ele chorou. Para a CBF, os inimigos eram os paulistas.” Prósperi
Ex-editor-chefe de Esportes dos jornais O Estado de S. Paulo e Jornal da Tarde revela bastidores de seus 40 anos de carreira. Com direito a batalha de hooligans, garantir Ronaldo Fenômeno e Rivaldo na Copa de 2002. E socar o rosto do secretário-geral da CBF
26 de julho de 1993.
Avião da Varig, fretado pela CBF.
Na época, pagando duas vezes o preço real, jornalistas poderiam voar junto com a Seleção.
E os que embarcaram naquele avião que saía da Bolívia para São Paulo estavam revoltados.
Era o dia seguinte à primeira derrota do Brasil nas Eliminatórias.
Em toda a história. A vingança foi ardilosa, nada violenta.
Todos os repórteres, narradores e comentaristas começaram a assoviar ‘Pra Frente Brasil’, música que embalou a Seleção na Copa de 1970. Entre os que assoviavam estava Luiz Antônio Prósperi.
Um dos jornalistas esportivos mais importantes do país. Com carreira longeva, acompanha de perto o futebol brasileiro. Cobriu nove Copas do Mundo. Sempre sem ter medo de enxergar o certo e o errado. Ganhou o respeito e exclusivas de Ronaldo Fenômeno, Parreira, Vanderlei Luxemburgo, Zagallo, Felipão, entre muitos outros. Em 33 anos no grupo Estado, foi repórter especial e se transformou em editor-chefe do Esporte do Estadão e do saudoso Jornal da Tarde.
Foi responsável por matérias épicas, como cobrindo batalhas dos holligans na Copa de 1990, na Itália, conseguiu antever que Ronaldo Fenômeno e Rivaldo estariam no Mundial de 2002, questionou Tite, na Rússia e no Catar. Sua carreira o fez ganhar a honraria máxima de Guaxupé.
Virou comendador da cidade. Na sua mais do que interessante entrevista, ele relembra um episódio que não teve o destaque que merecia. Resumiu com perfeição o clima bélico na cobertura da Seleção Brasileira na Copa de 1994. Mostrou a sua postura firme diante dos altos dirigentes da CBF. Principalmente com o secretário-geral, Marco Antônio Teixeira, tio do presidente Ricardo Teixeira, banido do futebol.
O Brasil havia acabado de ser tetracampeão do mundo. No saguão do hotel da Seleção, nos Estados Unidos, Romário comemorava em cima de uma mesa, sem camisa, cercado de mulheres. A cúpula da CBF bebia uísque na área vip. Fotógrafos pediram para registrar a comemoração daquela área, que era mais alta. Marco Antônio não só negou como começou a xingar.
Prósperi, que estava bem perto do dirigente, recebeu a ofensa mais dura. ‘Seu paulista babaca, filho da p....’ Ele respondeu à altura. ‘Babaca e filho da pu... é você’. Cercado de seguranças, Teixeira deu um soco no rosto do jornalista.
Nunca imaginaria que tomaria um de volta, que acertou em cheio no seu nariz, estourando os óculos que usava. Cortando sua testa. Chorou como uma criança. “Foi um momento horrível, mas mostra que a CBF via os paulistas como seus maiores inimigos na Copa. Não a própria bagunça que foi a preparação.
Foram os jogadores e Parreira os responsáveis pelo título. Não a cartolagem.” O tempo provou quem eram os Teixeiras. Prósperi repartiu apenas alguns momentos de sua brilhante carreira em uma entrevista imperdível, para quem deseja conhecer os bastidores do futebol deste país.
Sua entrevista foi um presente.
Toda a semana, o canal do Cosme Rímoli no Youtube traz um personagem importante do esporte brasileiro.
Já são mais de 7,9 milhões de acessos...
Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.