Milena optou pelo futuro das filhas. Jean, o agressor, segue no futebol
O goleiro do São Paulo, que agrediu a esposa com oito socos, só foi contratado pelo Atlético Goianiense porque a esposa não o processou no Brasil
Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli
São Paulo, Brasil
Em tempos de 'empoderamento', denúncias públicas sobre assédio, ator da Globo demitido por pressionar cabeleleira, campanhas no Carnaval contra o machismo como 'não é não', poderosos de Hollywood indo para a lista negra, incluídos no movimento "Me Too".
No Brasil, cada vez mais as delegacias da mulher se espalham pelo país. A intolerância em relação aos assediadores e agressores chegou a um ponto inédito, justo.
Leia mais: Atlético Goianiense enfrenta opinião pública. E contrata Jean
Mas o futebol caminha contra a sociedade.
O Atlético Goianiense anunciou a contratação de Jean, que pertence ao São Paulo. Ele ficará por empréstimo até o final de dezembro.
O jogador estava com o contrato suspenso.
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O motivo foi divulgado nas redes sociais, no dia 18 de dezembro.
Sua mulher, Milena Bemfica, foi para o seu instagram e mostrou seu rosto desfigurado.
Desesperada, se explicou.
"Eu estou aqui, em Orlando, e olha o que Jean acabou de fazer comigo.
"Alguém me ajude.
"Jean acabou de me bater.
"Gente, socorro!
"Jean, goleiro do São Paulo!
"Olha o que ele fez comigo.
"Eu quero justiça!", clamava.
Ela havia acabado de sofrer oito socos no rosto do goleiro.
Diante das duas filhas.
A família havia ido para Orlando, nos Estados Unidos, de férias.
Voltava da Disneylândia.
Jean foi preso por dois dias.
E, mesmo sem denúncia formal de Milena, o processo corre nos Estados Unidos.
Enquanto Milena denunciava Jean,o goleiro gritava.
"Você vai fazer isso com suas filhas?"
Depois mandou mensagem para a esposa.
"Parabéns.
"Vai acabar com a minha carreira.
"Elas vão passar fome."
"Elas vão passar fome."
Essa frase parece ter entrado no subconsciente de Milena.
A raiva passou, como por encanto.
Veio a realidade.
Jean tem contrato até dezembro de 2022 com o São Paulo.
Seu salário é de R$ 150 mil.
É esse dinheiro que sustenta a família.
No Brasil não processo algum contra ele.
Só será aberto se Milena o denunciar.
Se ele for denunciado, o São Paulo pode imediatamente não apenas suspender seu contrato, como está acontecendo agora, mas rescindir, sem indenização alguma.
A direção do Atlético Goianiense, por mais que tenha adotado o discurso de que ele merece uma 'segunda chance', só o contratou com uma condição.
Ao saber que Milena não o está processando.
Não há risco dele abandonar os treinamentos para dar depoimentos, ser julgado ou até sair preso.
Só quando teve essa certeza que Adson Batista contratou por empréstimo o jogador.
Ou seja: Milena ficou entre a cruz e a espada.
Se buscasse justiça, suas filhas ficariam sem o ótimo respaldo financeiro do pai.
Por enquanto, ela optou por seguir a vida.
Se separou.
E tenta voltar à rotina com as filhas.
Longe do marido.
Só porque não denunciou a covarde agressão, Jean vai seguir sua carreira no Atlético Goianiense.
Na mais difícil decisão de sua vida, ela escolheu a sobrevivência, a garantia de ótima casa, bons médicos, boas escolas para as filhas, Milena cedeu.
É graças ao seu sofrimento silencioso que Jean seguirá goleiro.
O amor de mãe prevaleceu.
A justiça perdeu...
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Mulher de Jean toca a vida com filhas após agressão do goleiro
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