‘Meu coração está azul. Tentaram me pintar como um bad boy. Amo o Flamengo.’ Resume, o xingado Gabigol
Gabigol viveu enredo de cinema, no Mineirão. Xingado pela torcida do Flamengo, entrou aos 43 minutos do segundo tempo. Bateu pênalti, aos 52. Marcou o gol da vitória do Cruzeiro, no rebote
Cosme Rímoli|Do R7

‘Ei, Gabigol. Vai se f...,
‘O meu Flamengo não precisa de você.’
Foi desta maneira, ressentida, que a torcida rubro-negra reagiu, em coro,no Mineirão, ao rever o ex-ídolo.
Os cinco anos na Gávea, os 12 títulos, eram parte do passado.
Ele estava com o uniforme de reservas e fingiu que não ouviu.
Depois, antes de a partida começar, abraçou os suplentes do Flamengo.
E deu um longo abraço em Filipe Luís, que foi seu companheiro.
O técnico foi uma das primeiras pessoas a saber que Gabigol não ficaria de ‘jeito algum’.
O ex-presidente Rodolfo Landim havia avisado a Tite, antecessor de Filipe Luís.
Faria o desejo do treinador e não renovaria com ele.
O Cruzeiro de Leonardo Jardim foi muito melhor que o Flamengo, seus cinco homens no meio-campo surpreendeu Filipe Luís, mas o empate parecia sacramentado, no Mineirão.
Estava 1 a 1, aos 43 minutos do segundo tempo, quando Gabigol entrou.
O reserva, que embolsa R$ 2,5 milhões, entrou.
Ouviu palavrões da torcida do Flamengo e aplausos, desconfiados, da torcida do Cruzeiro.
Nada havia feito de produtivo nos poucos minutos que teve em campo.
Foi quando Léo Pereira, cansado, desfocado, entrou displicente para chutar a bola longe da área.
Só que Eduardo chegou antes e o zagueiro acertou a perna do meia.
Pênalti.
Gabigol foi o homem definido para cobrar.
E aos 52 minutos, bateu mal.
Rossi espalmou.
Por dois segundos, ele viveu a expectativa de ser o vilão, mergulhar em depressão.
Mas, com uma arrancada com raiva, o jogador de 28 anos chegou na frente do goleiro e, no rebote, estufou as redes flamenguistas.
Não comemorou, em respeito ao seu passado na Gávea.
Depois de sete anos, o Cruzeiro voltava a vencer o Flamengo.
Não celebrou o gol, mas depois que a partida acabou.
Vibrou como nunca, desde que foi para Belo Horizonte.
Com a camisa do Flamengo, de Pulgar, enrolada no pescoço, encarou e gritou muito para a torcida cruzeirense.
Midiático, sabia que a cena estava sendo filmada, em close, pela RECORD, que mostrou o jogo para o Brasil.
A repetida ‘lei do ex’, repetida à exaustão, voltou com tudo no Mineirão.
Gabigol é especialista, já havia marcado sete vezes contra o Santos, clube onde ‘nasceu’, jogando pelo Flamengo.
E, pela primeira vez marcou contra o rubro-negro, logo no reencontro, com a camisa cruzeirense.
Lógico, vieram longos desabafos, pela saída do clube que confessa ainda amar.
“Não comemorei em respeito total pelo Flamengo, foi o time que eu mais joguei, foi aonde eu mais morei.
“Foi o time que me deu tudo.
Todo mundo sabe do meu amor e do meu respeito. Vejo todos os jogos, quando é campeão eu comemoro também. O que aconteceu comigo foi com um presidente (Rodolfo Landim), e não com o resto das pessoas ou o clube em si.
“É um carinho especial (pelo Flamengo), mas o Cruzeiro tem meu coração.
“Meu coração está azul. Tenho recebido muito carinho nas ruas e dentro do clube também. Pude entrar e fazer o gol.
“Quando Deus coloca a mão, é difícil.”
Sobre o seu sentimento, quando Rossi espalmou a sua cobrança, pulando no canto certo, Gabigol detalhou.
“Claro que é um pênalti muito difícil, porque, o Rossi, eu já treinei bastante com ele. Ele já sabia mais ou menos o jeito de bater. Eu tentei tirar um pouco, tentei dar uma mudadinha.
“Ele conseguiu sair antes, mas era para ser, não tem jeito.”
Sobre a sensação de ter dado a vitória ao Cruzeiro, com seu ex-clube, ele não negou.
“Coração partido, mas foi um gol muito especial, que deu os três pontos pra gente.
“O Cruzeiro precisava vencer.”
Gabigol não parou de falar do Flamengo como um caso de amor mal resolvido.
“É difícil...
“O Flamengo é meu time do coração, como o Santos também foi e é ainda. Todo mundo sabe do meu amor pelo Flamengo, o meu carinho pelo Flamengo, o quanto eu amava jogar lá. E a torcida também. Vou muito ao Rio, me sinto meio carioca também.
“Meus amigos estão lá, todo mundo está lá.
“Então, é claro que tem um gostinho especial. Mas o futebol é assim.
“Eu tenho muita estrela, não é possível”, ironizava.
Não há como negar a estrela de Gabigol.
E como não reverenciar a sua força midiática.
Ele virou manchete em todos os grandes portais do país.
Virou destaque em todos os programas esportivos deste domingo.
Estará na capa dos jornais brasileiros amanhã.
E que é visto de uma maneira muito singular.
Como o segundo maior ídolo da história do Flamengo.
Que está vestindo a camisa do gigante Cruzeiro.
Por culpa de Tite e de Rodolfo Landim.
E o seu coração ‘está azul’.
É rubro-negro...
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