Messi carrega a Argentina com a alma. Mesmo perdendo pênalti. É a estrela das estrelas na Copa no Catar
Nem Mbappé, Neymar, Lewandoviski, Cristiano Ronaldo. Aos 35 anos, na sua última Copa do Mundo, Messi conseguiu fazer a Argentina sobreviver. É a grande estrela aqui no Catar até agora
Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli
Doha, Catar
Cristiano Ronaldo naturalmente não está conseguindo nem terminar as partidas de Portugal. Tem de ser substituído pelo bem da equipe.
Sem a mesma força física, velocidade e eficiência que o consagraram, tem de brigar, e não conseguir, somar um gol que a tecnologia garante que não fez contra o Uruguai.
Mbappé marcou três gols nos dois primeiros jogos, contra a Austrália e a Dinamarca. Sem jogar grande futebol. Continua prendendo a bola, forçando dribles, matando contragolpes. Atuando mais para ele mesmo do que para o time. Foi poupado na vexatória derrota francesa contra a Tunísia.
Lewandowski briga contra a própria limitação da Polônia. Seu grande poder de finalização, de definição por conta do esquema tático de Czesław Michniewicz, que potencializa a forte marcação no meio-campo.
Neymar se contundiu no primeiro jogo. Já não enfrentou a Suíça, não jogará contra Camarões. Luta, em três períodos, para tentar se recuperar e seguir na Copa. O mundo ainda espera que consiga jogar no Catar.
Em compensação, aos 35 anos, Messi está roubando toda a atenção na Copa do Mundo. Errou um pênalti, sim, ontem, contra a Polônia. Mas, mesmo assim, hoje está nas manchetes de todos os portais e jornais do planeta pela maneira com que conduziu a Argentina para as oitavas de final da Copa.
Com um desempenho marcante diante dos poloneses, fez o time limitado de Scaloni vencer a difícil partida e conseguir escapar de um confronto precoce contra a França. Fez os argentinos se encontrarem com os australianos, na primeira partida eliminatória para eles nesta Copa do Mundo.
Se a esmagadora maioria das publicidades no Catar privilegiam Neymar e Mbappé, cada vez mais é possível ver paquistaneses, indianos e cataris com camisas falsas — sim, aqui também tem isso — da Argentina. E com o nome Messi nas ruas.
A paixão arrebatadora e eterna que os argentinos continuam tendo por Diego Armando Maradona continua. Mas eles agem como se tivessem culpa, e precisam cultuar o extraordinário Lionel Messi, seis vezes melhor do mundo. Mas graças ao que fez pelos seus clubes.
A Argentina o quer ídolo também pelo seu país. A Copa América que o Brasil tanto despreza virou motivo de orgulho nacional e impulso emocional para esta Copa, com o torneio vencido no Brasil, em pleno Maracanã, em 2021. Eles também, como os uruguaios, batizaram a conquista de "Maracanazo".
Assim como aconteceu com Neymar, Messi se preparou ao máximo para estar aqui no Catar em alto nível. Para fazer histórica esta sua última Copa da carreira. Sabe que não jogará a dos Estados Unidos, com 39 anos. Pelo contrário, pretende parar de atuar para dar saudade, não repetir o erro de Maradona, que atuou até que fosse parado, pela falta de força física de jogar futebol.
Sem desculpas, mentiras, Lionel Scaloni montou todo o esquema tático para favorecer e tirar o máximo do potencial técnico, dos dribles, do improviso, dos lançamentos, dos chutes a gol, das tabelas que Messi ainda pode fazer.
Seu talento foi privilegiado para que atue como falso centroavante. Não como no PSG, onde fica parado na ponta-direita, desperdiçado. Dando todo o espaço para que Mbappé e Neymar, as estrelas, possam se movimentar.
Messi tem toda a liberdade para ser armador, referência, ponta-direita, ponta-esquerda.
Ele atuava dessa maneira no maior momento de sucesso na carreira, no Barcelona. E ganhou, com toda a razão, cinco das seis bolas de ouro, quando era o espetacular jogador do time catalão.
A imprensa argentina sempre cobrou mais envolvimento, paixão do homem que teve o privilégio de vestir a camisa 10 de Maradora e ter o "carinho" do povo argentino.
Os jornalistas alegam que o "melhor de todos", para eles, também era mal acompanhado. Assim Messi também é. Ou seja, não tinha companheiros de alto nível na seleção. E conseguiu levar o time para duas finais de Copa. E venceu a de 1986.
Messi conseguiu o primeiro patamar. Foi o condutor da Argentina até a final do Mundial do Brasil, em 2014. Mas os alemães levaram a Copa. Assim como a "roubaram" de Maradona em 1990.
Ou seja, ele está aqui no Catar para ir além, dar a alma para a Argentina ser campeã. E talvez encerrar sua caminhada com o selecionado, como já ameaçou várias vezes, só que por derrotas em Copa América.
A história de superação da Argentina nesta primeira fase da Copa começou com uma das maiores zebras da história, ao perder para a Arábia Saudita, e se impor com raiva, contra o México e a Polônia.
Tendo em Messi o centro das atenções.
Errando pênalti, sim, muito bem defendido por Szczesny, mas se superando no jogo. Mostrando enorme personalidade. Ao não aceitar desculpa pela falta que recebeu de Lewandowiski, com quem se dá muito bem, mostrou toda a sua ira, a gana de vencer não só o jogo, mas também a Copa.
E o mundo está reconhecendo esse esforço, essa superação.
Messi sabe que seu auge físico como jogador já passou.
Há oito anos, no Brasil, por exemplo, sua explosão muscular era outra, sua velocidade.
Mas faltava o coração, a alma que Messi tem e mostra hoje.
Se serão capaz de empurrar a esforçada Argentina ao título, é impossível prever.
Mas há a certeza.
Ele roubou a cena nesta primeira fase da Copa do Mundo de 2022.
Entre os grandes astros, ninguém foi tão badalado quanto Messi.
O homem que tem uma missão quase impossível de avaliar.
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