Manchester City 4, Real Madrid 3. Guardiola e Ancelotti dão aula ao Brasil, de modernidade
Na primeira semifinal da Champions League, ficou demonstrada a importância de técnicos que saibam unir estratégia, jogo coletivo e talento. Vitória do City sobre o Real por 4 a 3. Lição aos clubes e à seleção brasileira
Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli

São Paulo, Brasil
Manchester City 4, Real Madrid 3.
O melhor jogo de 2022.
Pep Guardiola e Carlo Ancelotti mostraram o quanto o futebol evoluiu não só na tática. No físico, na mentalidade. No talento aliado ao conjunto. Por isso,o Brasil precisa de intercâmbio.
De treinadores desse potencial nos times e na seleção.
A primeira partida semifinal da Champions League de 2022, disputada em Manchester, colocou frente a frente o revolucionário treinador catalão comandando o clube inglês, controlado pela bilionária família real dos Emirados Árabes, diante do vitorioso técnico italiano, à frente da equipe espanhola, maior vencedora de títulos importantes da história.
A idade de Guardiola, 51 anos, e de Ancelotti, 62 anos, foi o que menos importou. Mas, sim a tremenda competência dos dois treinadores em organizar seus elencos recheados de estrelas. E fazer com que todas elas fizessem do futebol coletivo a prioridade. Com espaço para mostrarem seu talento com a bola nos pés.
Leia também
A estratégia do Manchester City foi de muita audácia e vibração. Já se poderia imaginar que o time inglês buscaria a marcação sob pressão. Mas Guardiola foi além e fez com que seus jogadores dessem uma blitz, encurralassem o Real Madrid.
Se lançando ao ataque com velocidade, em grupo, buscando, de qualquer maneira, vantagem de gols para a partida fora, em Madri.
Apostou até em Gabriel Jesus, jogador que negocia com o Arsenal.
Ancelotti estruturou seu sistema defensivo. Mas não podia contar com Éder Militão e Alaba mal individualmente. O austríaco entrou em campo com problemas físicos. Está na fase final da recuperação de uma contratura na coxa direita.
A ordem de Guardiola era ataques em bloco, desde os primeiros instantes de jogo. E logo a um minuto e meia de jogo, De Bruyne marcou 1 a 0 para o City, mergulhando de cabeça, após cruzamento perfeito de Mahrez.

Mas a pressão continuou e De Bruyne serviu Gabriel Jesus, que mostrou o quanto Alaba estava mal fisicamente. O brasileiro virou como quis diante do austríaco e não teve pena de Courtois, que saía do gol desesperado. 2 a 0, aos dez minutos do primeiro tempo.
O Real Madrid não conseguia reagir.
Mahrez e Folden tiveram chances claríssimas de marcar mais dois gols. O que seria justo e desastroso para o Real Madrid. Ancelotti percebeu que tinha a necessidade de adiantar o seu meio-campo, fazer com que o time espanhol atuasse como se estivesse no Santiago Bernabéu. Rodrygo, Vinícius Júnior e Benzema estavam encaixotados na marcação britânica.
Só quando Modric e Kroos se adiantaram e passaram a subir, por trás da marcação alta do City, onde o espaço se abriu. E Benzema mostrou porque tem tudo para ganhar a Bola de Ouro de 2022. O artilheiro se antecipou e bateu com precisão, depois de bola levantada por Mendy. 2 a 1.

O gol, aos 33 minutos, fez com que a partida se incendiasse. Com os dois times tratando de mostrar o seu melhor ofensivamente.
Foi uma aula de modernidade.
Triangulações pelos lados. Tabelas treinadas à exaustão. Infiltrações coordenadas. Mas com todo espaço dado pelos treinadores para jogadas individuais. Dribles, arrancadas, chutes de fora da área. Um espetáculo.
O City voltou disposto a ampliar a vantagem. Se aproveitando da postura mais aberta do Real Madrid, criou uma chance espetacular aos dois minutos. Mahrez fez o que quis com Militão e acertou a trave de Ederson. No rebote, Foden chutou e Carvajal salvou em cima da risca.
Mas o time inglês parecia que iria decidir a semifinal. Fernandinho, improvisado como lateral-direito, fez ótima jogada e cruzou na cabeça de Foden. A zaga do Real Madrid estava assustadoramente mal. 3 a 1, City, aos sete minutos.
Se enganou quem acreditou que tudo estava decidido. Dois minutos depois, Vinícius Júnior deu uma arrancada absurda, que começou no campo do Real Madrid. Ele enfiou a bola nos meio das pernas de Fernandinho e parecia um velocista olímpico. Transformou o gramado em uma quadra de futsal. Só parou diante de Ederson, tocando, consciente, no canto do goleiro brasileiro. 3 a 2.
A euforia tomou conta do Etihad Stadium. Ninguém poderia prever o que aconteceria. O jogo se transformou em um thriller, filme de suspense.
Com chances de lado a lado.
Até que, aos 28 minutos, Zinchenko sofreu falta. Mas o árbitro romeno István Kovács, corretamente, deu vantagem, o que atrapalhou a zaga do Real Madrid. O português Bernardo Silva acertou um chute maravilhoso de esquerda. Courtois ficou paralisado. 4 a 2, City.

A vantagem era sensacional para o time inglês. Ancelotti deu outra demonstração do coragem. Fazendo o Real Madrid atacar com até seis jogadores quando tinha a bola dominada.
A pressão espanhola acabou por enervar a zaga inglesa. E, aos 34 minutos, Laporte não teve concentração o suficiente. Foi para a disputa de bola no alto com os braços abertos, acima da cabeça. A bola tocou na sua cabeça, mas também no braço esticado. Pênalti bobo em um jogo tão eletrizante.
Benzema surpreendeu a todos, principalmente o goleiro brasileiro Ederson, ao dar uma cavadinha.
4 a 3, aos 36 minutos.

O jogo seguiu aberto, com os dois times lutando, mostrando ao mundo a tradução da palavra intensidade.
A partida terminou com os sete gols.
E a decisão para qual time passa à final está completamente aberta.
A partida decisiva será na próxima quarta-feira, em Madri.
O Real Madrid precisa vencer por dois gols de vantagem.
Vitória por um, leva para a prorrogação e pênaltis.
Ao City, basta o empate.
O sobrevivente enfrentará o vencedor de Liverpool e Villarreal na final da Champions.
Ao final do jogo, os torcedores dos dois times aplaudiam de pé.
Assim como os atletas.
Todos sabiam.
Participaram de uma partida épica, histórica.
A melhor de 2022.
Culpa de Guardiola e Ancelotti.
Eles sabem misturar estratégia, futebol coletivo e talento.
Algo que o Brasil precisa nos seus times.
E na seleção...
Jesus e Vini Jr. brilham, City bate o Real em jogaço e sai na frente na semi
4º - Manchester City (Inglaterra), nível da liga nacional para o ranking: 4. Pontuação final: 261
4º - Manchester City (Inglaterra), nível da liga nacional para o ranking: 4. Pontuação final: 261