Um jogo memorável, City 4 X 3 Real Madrid, pelas semis da Champions
Muito melhor o time da casa, desperdiçou inúmeras chances de obter um resultado mais elástico. Os "Merengues", porém, estóicos, preservaram suas possibilidades de virada no cotejo de retorno
Silvio Lancellotti|Do R7 e Sílvio Lancellotti
Na história do seu confronto pela Champions League, embora idênticos nas estatísticas o volume das vitórias e dos tentos, o Manchester City e o Real Madrid apenas se digladiaram uma vez no passado, em 2015/2016, na fase das semifinais da competição. Então, sob o francês Zizou Zidane, os “Merengues” visitantes estacionaram no 0 X 0 diante dos “Citizens” do chileno Manuel Pellegrini e depois suplantaram o rival por 1 X 0 no seu Bernabéu.
Por 3 X 2 na decisão o Real bateu o rivalíssimo Atlético de Madrid e levou o 11º de seus 13 títulos. Mero vice do Chelsea em 2020/2021, nesta terça-feira, dia 26 de abril, o time hoje comandado pelo Pep Guardiola rascunhou uma vingança daquela eliminação. No Etihad, superou o elenco ibérico de Carlo Ancelotti por 4 X 3 e daí se credenciou para se qualificar à finalíssima de 28 de maio. Detalhe: não mais existe o polêmico critério do gol qualificado, anotado em viagem. No caso de uma igualdade nos pontos e no saldo de tentos, haverá uma prorrogação e, eventualmente, se disputará a loteria dos penais. Tradução: ao City bastará o empate em Madrid, o Real terá que vencer com a folga de dois tentos no placar.
Eis a síntese do prélio desta terça-feira:
MANCHESTER CITY X REAL MADRID
Manchester, Etihad Stadium, 55.097 lugares
Público: 52.517
Árbitro: István Kovács (Romênia)
Gols: De Bruyne, Gabriel Jesus, Phil Foden, Bruno Fernandes X Benzema/2/1pen, Vinícius Junior
Novo retrospecto: 7jog = 3Cit/2emp/2Rea (11 X 10)
Um desafio de portentos. De um lado, com 80 pontos em 99 disponíveis, o líder da Premier League da Inglaterra. E do outro, 78 pontos em também 99, o líder de La Liga da Espanha. Detalhe: o City está apenas um degrau acima do Liverpool, mas o Real já escancarou uma vantagem de 15 à frente do Barcelona. Semifinais, porém, não têm pontos corridos, os mata-matas não equivalem a longos certames nacionais. Exatamente conforme quiseram demonstrar os rapazes de Guardiola logo aos 4’. Mahrez desceu através do flanco direito, se livrou de dois “Merengues” vestidos de azul-escuro e cruzou, um pouquinho além da marca do pênalti. Ousadamente, sem temer o pé levantado de Dani Carvajal, o precioso De Bruyne mergulhou sobre a bola e cravou 1 X 0 em favor do City. Ancelotti se descabelou.
Fazia uma falta enorme ao Real o ausente Casemiro, com dores musculares. Fazia, e faria ainda mais, aos 11’. Sem o protetor da sua retaguarda, sem cobertura nas duas alas, o elenco de Ancelotti padeceria os 0 X 2, agora pelo lado esquerdo. O onipresente De Bruyne cruzou e Gabriel Jesus escorou com uma habilidade inebriante, um drible letal em Alaba. E não adiantou a saída desesperada do arqueiro Courtois. Gabriel tocou com categoria, 2 X 0, o City dominador de um inimigo humilhado. Uma pena, para Guardiola, que os “Citizens” não tenham definido o resultado em três chances inacreditavelmente queimadas por Mahrez, Phil Foden e Zinchenko. Real Madrid é Real Madrid. E, aos 33’, Mendy levantou e, no miolo da área, o sempre oportuno Karim Benzema, de virada, fulminou o arqueiro Ederson, 1 X 2. Foi o 13º gol de Benzema na ChL, o seu quadragésimo na temporada inteira. Haveria o prolongamento tenso do desafio na etapa derradeira. Tenso e empolgante.
Ancelotti, um ex-fumante, agora um mascador de chiclé, aproveitou o intervalo para, tentativamente, aprimorar a sua retaguarda. Entrou Nacho no lugar de Alaba. Talvez fosse suficiente, se os “Citizens” não desperdiçassem mais duas oportunidades no começo da etapa derradeira, um tiro num poste de Mahrez, outro fora, de Foden, com a meta vazia. Bem superior, de todo modo, aos 53’ o hospedeiro ampliou, 3 X 1, de novo num cruzamento de Fernandinho, que a zaga dos “Merengues”, estática, permitiu que despencasse no cocuruto de Foden, libérrimo na cara de Courtois. Finito? Jamais, pois Real é Real, e num jogaço fenomenal, inesquecível nas emoções que ainda propiciaria. Meros dois minutos depois, aos 55, o mesmo Fernandinho que acabara de propiciar o gol de Foden tolamente municiou uma contraofensiva veloz de Vinícius Jr. O ex-Flamengo atravessou metade do campo e conseguiu tocar a bola no contrapé de Éderson, 2 X 3.
Óbvio que, subitamente, o placar se tornou preocupação no repleto Etihad Stadium. Era transparente, ostensiva, a performance muito melhor do clube da casa. E surgiria a nova folga, aos 74’, num lance que contou com o reflexo modelar do árbitro Kovács. Na entrada da sua área, Tony Kroos derrubou Zinchenko. A dois metros de distância o romeno intuiu que o City desfrutaria a vantagem, deixou a jogada prosseguir. E, de fato, Bernardo Silva recolheu a bola e fuzilou no ângulo de Courtois, 4 X 2. Ironicamente o mediador se provaria de novo protagonista aos 82’, por apontar um penal numa tolice de Laporte, um resvalo de mão pelo alto, coisa de iniciante. Benzema converteu, de cavadinha, 3 X 4, e devolveu o Real à contenção, não apenas nesta terça-feira mas na galopada pela sua vaga na decisão.
Cotejo da quarta-feira, dia 27:
LIVERPOOL X VILLARREAL
Liverpool, Anfield Road, 54.167 lugares
Público: Szymon Marciniak (Polônia)
Árbitro: Daniel Siebert (Alemanha)
Retrospecto: nunca se enfrentaram na Champions
Na EL, semis de 2016: 2jog = 1Liv/0emp/1Vil (3 X 1)
Idealizada em 1955, então como a Champions Cup, em 1993 a competição trocou de nome, se amplificou e se tornou Champions League, a ChL, ou a Liga dos Campeões. Agora na 67ª edição desde que nasceu, na 30ª desde que se multiplicou, esta ChL começou em 22 de junho de 2021 com 80 equipes de 54 das 55 federações da Uefa. A exceção: Liechtenstein, cujas sete agremiações atuam em certames da Suíça. Na atual formatação, a ChL privilegiou as 26 de ranking superior enquanto as outras 54 se digladiavam em mata-matas até que restassem apenas seis. Um sorteio dividiu as 32 em oito chaves de quatro. Sobreviveram os campeões e os vices respectivos de cada grupo, que daí disputaram as oitavas de final que redundariam nestas quartas. Da etapa de chaves até aqui houve 121 cotejos com 368 gols, a boa média de 3,04, e com 4.190.588 espectadores, a média de 34.633. A decisão, em jogo único, está programada para 28 de maio, um sábado, no Stade de France, em Paris.
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