Mané Garrincha seria a saída para Conmebol, CBF e Federações. Mas o lockdown deve prevalecer
Agência BrasilSão Paulo, Brasil
Mané Garrincha, herança nefasta da Copa do Mundo de 2014.
Elefante branco clássico.
Estádio para 70 mil pessoas.
Ao custo, na época, de R$ 1,8 bilhão, de dinheiro público.
Com clubes fraquíssimos, frequentadores da Quarta Divisão, a arena jamais se justificou em Brasília, a não ser para agradar os presidentes deste país.
Pois foi necessária uma pandemia de Covid para que este estádio se tornasse necessário.
Copa do Nordeste, Supercopa do Brasil, Recopa Sul-Americana, Pré-Libertadores, Carioca e Campeonato Paulista querem levar jogos para o gramado tão pouco utilizado.
Porque os governos estaduais têm bloqueado o futebol pelo país.
Mas o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, mesmo com o índice de 94,6% de ocupação de leitos de UTIs, e mais de 350 pessoas na fila esperando internação, autorizou o fim das medidas restritivas, entre elas, a volta do futebol, que estava paralisado.
Taguatinga venceu o Sobradinho por 2 a 0. O Real Brasília empatou em 1 a 1 com o Santa Maria. E o Samambaia perdeu para o Capital por 1 a 0.
Hoje, o Gama enfrenta o Brasiliense, jogo confirmado para às 15h30, no estádio Ciro Machado do Espírito Santo, conhecido como Defelê.
O problema começa a partir de amanhã.
Porque a Justiça Federal impôs lockdown na capital do país a partir de amanhã.
"(A ordem é que o) Distrito Federal restabeleça, a partir de 1º/4/2021, as medidas para enfrentamento da emergência de saúde pública de importância internacional decorrente da covid-19, parcialmente revogadas no dia de ontem (29/3/2021), até que a ocupação de leitos de UTI covid-19 da rede pública esteja entre 80% a 85% de sua capacidade de lotação, e, concomitantemente, a lista de espera de leitos UTI covid-19 da rede pública esteja com menos de 100 (cem) pacientes."
A determinação é da juíza Kátia Balbino de Carvalho Ferreira.
O governador Ibaneis está diante de um dilema.
E que tem de ser resolvido ainda hoje.
Treze e Botafogo viajaram da Paraíba até Brasília para se enfrentarem amanhã pela Copa do Nordeste. Suas delegações já estão na capital do país.
A Arena BSB, concessionária que administra o estádio, havia confirmado a partida.
Como também uma sequência de jogos importantíssimos.
Dia 11 de abril, a decisão da Supercopa do Brasil, entre Palmeiras e Flamengo, jogo entre os campeões da Copa do Brasil e do Brasileiro de 2020. Com o governador Ibaneis afirmado que liberaria a entrada de sete mil pessoas nas arquibancadas. Todas profissionais da saúde, vacinadas contra a Covid.
O Palmeiras seguiria na capital do País. Para enfrentar o Defensa y Justicia, pela decisão da Recopa Su-Americana, entre o campeão da Libertadores e o vencedor da Copa Sul-Americana de 2020.
Com a agenda lotada, o Mané Garrinha tem programado para o dia 13 de abril, Santos e San Lorenzo, pela Libertadores da América, pela Pré-Libertadores.
E no dia 15 de abril, o Flamengo requisitou o estádio para o clássico pelo Campeonato Carioca, contra o Vasco.
A Federação Paulista se articulava para levar confrontos do seu campeonato para lá.
Mas todos estes jogos correm sério risco de serem desmarcados.
A pressão para que o lockdown volte a ser adotado em Brasília é enorme.
Se o Brasil atingiu o terrível recorde de 3.668 mortes ontem, o Distrito Federal também teve seu maior número de óbitos desde o início da pandemia. Noventa e quatro pessoas perderam a vida.
A tendência é que Ibaneis ceda.
E aceite a volta do lockdown.
Todos os clubes envolvidos nas partidas que fariam no Mané Garrincha estão avisados.
Conmebol, CBF, Federação Carioca, Federação Paulista.
Todas já foram avisadas.
Da enorme chance de terem de remanejarem seus jogos.
A pandemia em Brasília deve obrigar a volta do lockdown.
E o melhor uso do elefante branco de R$ 1,8 bilhão tem de ser outro.
Se transformar em um enorme hospital de campanha.
Muito mais importante do que sediar jogos em plena pandemia...
(Mas Ibaneis não desiste.
O governador não aceita o lockdown.
E promete entrar na Justiça.
Quer o fim das restrições.
Mesmo com a crise inédita na Saúde.
Deseja a manutenção dos jogos também.
A situação pode ter novidade ainda hoje...)
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