Leila não aceita ‘de jeito algum’ cláusula que Abel quer para renovar. Ir embora sem multa se o time passar um ano sem título

Leila Pereira considera Abel Ferreira patrimônio financeiro do Palmeiras.

Sim, o treinador ganhou dez títulos pelo clube.

O português tem multa rescisória altíssima para os padrões internacionais, não só brasileiros.

Para tirá-lo do Palestra Itália, um clube precisaria depositar, pelo menos, 5 milhões de euros, cerca de R$ 32 milhões.

Ou, até mesmo, se Abel quisesse parar de trabalhar, pela fria letra da lei, teria de fazer esse depósito.

O valor é alto porque ele recebe 500 mil euros por mês. São nada menos do que R$ 3,2 milhões.

A presidente palmeirense vem insistindo desde que se reelegeu, em novembro de 2024. O quer até o final de 2027.

O compromisso do técnico terminará no final deste ano.

Abel esperava usar o Mundial de Clubes como holofote.

Mostrar para os gigantes europeus o seu ótimo trabalho.

Conquistar dez títulos no futebol sul-americano é uma façanha.

Principalmente com um time brasileiro.

Nenhum europeu jamais havia conquistado isso.

Leila ouviu muito do ex-presidente Mauricio Galiotte da ‘excelência’ do trabalho de Abel Ferreira.

Que pode ser constatado no livro que o treinador publicou, detalhando o que fez nos seus primeiros anos de Palmeiras.

Além dos títulos, lógico.

Mas há o desgaste da relação que começou com o clube paulista em novembro de 2020.

Abel Ferreira tem 46 anos.

Sabe que o Palmeiras é uma espécie de Santos para Neymar.

Em lugar nenhum do mundo, atualmente, ele teria tanto apoio.

Mas ele não quer se acomodar.

Renovar o contrato com substancial aumento, alcançando o que Carlo Ancelotti ganha na Seleção, cerca de R$ 5 milhões, e se amarrar a uma multa ainda mais alta, que pode chegar a 10 milhões de euros, R$ 64 milhões, por exemplo.

Ele sabe que equipes europeias podem, mas não têm costume de pagar tão alto para tirar um técnico de outro clube.

Seria um obstáculo a mais.

Daí ele propor a Leila.

Renova seu contrato, com aumento, evidentemente, mas se não houver conquista em 2026, pode ir embora quando quiser.

Sem dever nada ao Palmeiras.

Assim como o clube pode dispensá-lo sem multa.

Leila Pereira não quer nem pensar na situação.

Quer o técnico até o fim do seu segundo mandato, que pode não significar seus últimos dias no Palmeiras.

Há um movimento entre conselheiros fiéis, e recém cooptados, para que o estatuto do clube seja mudado e ela possa ficar até 2030.

Ela tem o controle absoluto do Conselho Deliberativo e do Conselho de Orientação Fiscal. Assim como a aprovação, em grande maioria, dos sócios.

A sua permanência faz bem até para suas empresas particulares.

Ela é um ‘case de sucesso’, como repetem seus funcionários.

Mas, vivida, sabe que precisa do sucesso do time de futebol.

E só tem confiança absoluta como treinador em Abel Ferreira.

O trata como patrimônio financeiro.

Daí não acreditar ter cabimento ele ficar sem multa alguma.

Acessível a qualquer clube em dezembro de 2026.

Em 2021, quando escreveu o livro Cabeça Fria e Coração Quente, ele já tinha algo parecido em mente.

“E para terminar... eu acredito que vamos ganhar mais coisas juntos. Mas, digo-vos já: se nesta temporada não ganharmos nenhum título, eu vou-me embora. Se não ganharmos nada, eu vou-me embora. Não vou ficar aqui em 2022 se não ganharmos um título nesta temporada.”

A promessa foi feita aos jogadores em outubro de 2021.

Ganhou a Libertadores no mês seguinte, em novembro.

Renovou até 2024 e prorrogou a renovação até o final deste ano.

Leila não desiste.

O quer por mais dois anos, mas com multa rescisória.

Para dar um clima de mais suspense, ele avisa que pode sair já em dezembro.

Se o clube não conquistar sequer um título.

Lembrando que Palmeiras luta pelo Brasileiro, Libertadores e Copa do Brasil.

“Eu quero a sua permanência, já falei inúmeras vezes. Ele sabe a proposta financeira até 2027. Só depende do Abel”, diz Leila.

Omitindo que na proposta há, sim, uma grande multa rescisória.

Multa que ela não abre mão.

Com ou sem títulos...