Jemerson e Jonathan Cafu. Para disfarçar o caos no Corinthians
Mais de três meses de salários dos jogadores atrasados. Contas com déficit de mais de R$ 195 milhões em 2019 analisadas só depois da eleição.
Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli
São Paulo, Brasil
Nunca política e dinheiro estiveram tão misturados no Corinthians.
O clube deve três meses de salários aos jogadores.
Os funcionários receberam 50% do mês de outubro.
Os R$ 114 milhões, da venda de Pedrinho ao Benfica, não chegaram nem perto do Parque São Jorge.
A negociação foi fechada em março.
E um acordo prevê que o clube português começará a pagar, parcelado, em 2021.
O Corinthians tentou antecipar com um banco o recebimento, mas o Benfica não deu seu aval, no mês passado.
Os R$ 300 milhões pela venda dos naming rights do estádio para a Hypera Pharma serão divididos nos vinte anos de contrato.
A primeira parcela de R$ 15 milhões já foi para a dívida de mais de R$ 500 milhões, com a Caixa Econômica Federal, que emprestou dinheiro para a construção da arena.
Há cerca de 180 processos contra o clube.
A maioria, trabalhista.
As contas do clube em 2019 foram de R$ 195,4 milhões de déficit. Sem o estádio, que é analisado à parte.
Foram recusadas pelo CORI, Conselho de Orientação do Clube.
No dia 13 de julho, há quatro meses.
Caberia ao presidente do Conselho Deliberativo, Antônio Goulart, marcar a reunião dos conselheiros para aprovarem ou recusarem.
Goulart é muito próximo do presidente Andrés Sanchez.
A reunião estava prevista para abril.
Mas vinha sendo adiada.
O ano é eleitoral no clube.
O novo presidente será escolhido no dia 28 de novembro.
Há três candidatos.
Augusto Melo, Mario Gobbi e Duílio Monteiro Alves buscam suceder Sanchez.
A análise das contas pelo Conselho Deliberativo teria consequência direta na eleição.
Se fossem aceitas favorecia Duílio Monteiro Alves, candidato de Andrés.
Se fossem recusadas, como tudo indicava, seria ótimo para Gobbi e Melo, representantes da oposição.
E lógico, péssimo para Andrés, que poderia viver um processo de impeachment.
Mesmo não dando tempo para cassar o mandato, o dirigente perderia força política, credibilidade.
Foi quando Goulart decidiu algo inacreditável.
As contas só serão analisadas depois da eleição.
Situação bizarra, absurda, inacreditável.
Mas legal.
Gobbi e Melo protestaram.
Duílio, favorecido, se manteve neutro.
Andrés Sanchez não tomou conhecimento.
E tratou hoje, de apresentar, ele mesmo Jonathan Cafu e Jemerson.
Nada falou sobre os três meses de atraso.
Sobre as contas serem analisadas depois da eleição.
Só quis aparecer para mostrar seu poder.
Vagner Mancini que descubra como motivar sua limitada equipe.
Criticada, hostilizada pela torcida nas redes sociais.
E que está há mais de três meses sem receber.
Os jogadores poderiam entrar na justiça.
E reivindicar a saída por 'falta de pagamento'.
Mas falta coragem para enfrentar o Corinthians...
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