“Jamais serei um problema. Vou ser sempre a solução do Atlético.” Hulk, comemora a classificação para a final da Sul-Americana, o adeus ao jejum, o gol 499 na carreira, após peitar Sampaoli

“Hulk Paraíba, nós gostamos de você...

“Hulk Paraíba, faz mais um para a gente ver...”

Era o coro de 39 mil, das 40.185 pessoas na Arena MRV.

39 também é a idade do grande ídolo atleticano.

E que se impôs diante do arrogante Jorge Sampaoli.

Cansou de ‘brincar’ de ser reserva.

Chamou o argentino para uma conversa séria.

“Cara, teve uma conversa com o Sampaoli.

“Uma conversa que não quero compartilhar, porque vou acabar expondo coisas que não são necessárias”, disse Hulk.

Se existe alguém com coragem de peitar Jorge Sampaoli é Givanildo Vieira de Souza. Ainda mais às vésperas da semifinal da Copa Sul-Americana.

Dessa ‘conversa’ secreta saiu o caminho para o Atlético Mineiro se impor diante da competitiva equipe equatoriana, Independiente del Valle.

Hulk deixou claro que não estava feliz na reserva e queria provar que ainda pode ser a ‘solução’ do Atlético.

Para não perder sua moral com o grupo, Sampaoli o manteve na reserva. Mas o colocou logo aos 12 minutos do segundo tempo. No lugar de Rony.

E o roteiro da partida parecia um filme de suspense.

O Atlético havia aberto 2 a 0 no primeiro tempo, graças a uma partida excelente de Dudu, que deu as duas assistências.

A primeira a Guilherme Arana, aos 35 minutos.

E a segunda ao renascido Bernard, aos 43 minutos.

O Atlético havia encurralado o Del Valle, muito recuado, mas que deixava espaços inexplicáveis na intermediária. Não teve a compactação normal comandada pelo técnico Javier Rabanal.

Mas seis minutos depois da entrada de Hulk, os equatorianos descontaram. E de uma maneira inesperada.

O ótimo Everson falhou feio.

Ele rebateu um chute da entrada da área de Arroyo e Spinelli, o artilheiro argentino, não perdoou. 2 a 1.

A tensão já dominava a MRV.

No Equador, a partida havia terminado empatada em 1 a 1.

Novo empate faria a decisão de quem chegaria à final da Sul-Americana seria nos pênaltis.

O Independiente pressionava.

Mas a mágica aconteceu aos 27 minutos.

Em um contragolpe letal.

15 minutos depois que Hulk entrou.

Alonso fez o lançamento à frente.

O ‘tanque de guerra’ de 39 anos entrou na velocidade, na diagonal.

E só tirou a bola do alcance do ótimo goleiro Villar.

3 a 1 Atlético.

Jorge Sampaoli vibrou.

O jogador que ousou desprezar garantiu o time e o técnico em uma nova final.

Hulk foi coberto por abraços dos companheiros, que sabiam de seu tormento, por 16 jogos sem gols.

E da falta de apoio de Sampaoli.

O Atlético poderá conquistar um título internacional depois de 11 anos: a Recopa Sul-Americana.

E disputar a Libertadores da América em 2026.

Terá de vencer Lanús ou Universidad de Chile, que jogam na quinta-feira, na Argentina. Em Santiago foi 2 a 2.

A decisão será dia 22 de novembro, em Assunção, Paraguai.

Mas a noite de ontem foi de ouvir o desabafo de Hulk.

Ele expôs toda sua mágoa, diante dos boatos que iria embora no final do ano, por conta da queda do seu desempenho, atribuído à idade. E a falta de confiança de Sampaoli.

Hulk mereceu desenvolver seu raciocínio.

Ele deixou claro que sabia que os torcedores estavam ao seu lado, na desconfiança da mídia mineira e do treinador argentino.

“Feliz, feliz por Deus ter ouvido as preces dos torcedores. Gratidão por essa confiança, mesmo passando por um momento não tão bom.

“Cara, eu jogo futebol há quase 22 anos, a gente sabe que tem altos e baixos, mas não me recordo de ficar tanto tempo sem fazer gol, mas isso não tirava minha confiança, pelo contrário. Procurava focar cada vez mais e mais, esperando o momento certo.

“Fico feliz por ter contribuído com os companheiros para poder levar o nosso final da Sul-Americana, nosso sonho, nosso objetivo primeiro, né?

“E o sonho agora é ganhar essa final para que, se Deus quiser, entrar na história do clube. Então, gratidão a todos os torcedores, dedico esse gol primeiramente a Deus, aos torcedores, toda a massa atleticana, que não desapontam nunca. Nunca deixaram de confiar em mim. Eu nunca vou deixar de confiar nesse clube, qual tem o tanto respeito e carinho.

- Cara, não tem como a gente não se emocionar. O futebol é muito forte, né? O futebol mexe com a gente. São 39 anos, a gente cansa de concentrações, de viagens, mas ama fazer isso. Eu amo fazer isso, que é jogar futebol.

“Primeiramente, Deus e, claro, minha família. E o futebol pra mim já vinha ali em terceiro lugar, porque o futebol mudou a minha vida. Eu sou muito grato ao futebol, sou muito grato por tudo que o futebol fez na minha vida, ajudando meus familiares. Muita gente que eu consegui ajudar através do futebol.

“Então, o mínimo que eu posso ter por ele é respeito e gratidão. Até o momento que eu puder jogar, vou jogar com muito orgulho, com muito amor, com muito respeito ao futebol que tanto me ajudou.

“Como falei, jamais vou ser um problema para o clube. Vou ser sempre uma solução.

“Respeito demais essa instituição, respeito demais essa camisa. Existe a hierarquia, quem manda é o treinador. Vou estar sempre preparado para dar o meu melhor por esse clube”

O contrato de Hulk com o Atlético vai até dezembro.

De 2026.

E ele quer cumprir.

Tem o apoio de quem precisa.

A incrível e vibrante torcida atleticana.

Mais a capacidade de chegar aos 499 gols na carreira.

E personalidade encarar ‘olho no olho’ Sampaoli...