Gobbi revolta jogadores do Corinthians. "Time de m..."
O ex-presidente e principal candidato da oposição define da pior maneira a atual equipe. Provoca a revolta dos jogadores, de Mancini. Eleição é dia 28
Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli
São Paulo, Brasil
Mario Gobbi foi presidente do Corinthians.
Entre 11 de fevereiro de 2012 a seis de fevereiro de 2015.
Ex-delegado de polícia, sob o seu comando, ele desfrutou o que Andrés Sanchez, seu mentor, cultivou: a modernização do clube.
E coube a Gobbi ficar com os desejados títulos da Libertadores e do segundo Mundial.
Mas também houve erros absurdos, como a contratação de Alexandre Pato, que implodiu o ambiente do time campeão do mundo. Implodiu o ambiente por ganhar mais do que os companheiros, ter mais atenção da mídia.
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Tite não esperava comandar um time rachado, dividido.
E o ótimo trabalho de 2012 se perdeu, em 2013.
Com Gobbi houve a estranha invasão ao CT do clube, em fevereiro de 2014.
Com a maior facilidade, membros das organizadas entraram, ameaçaram quebrar as pernas de Pato, pegaram pelo pescoço Paolo Guerrero. De maneira ainda mais estranha, as várias câmeras espelhadas pelo CT não funcionaram durante a invasão. Embora bolas e uniformes tenham sido roubados, ninguém foi preso ou sequer acusado.
Emerson Sheik também esteve envolvido com as organizadas.
Depois de discutir com Tite, em um jogo que foi substituído, contra o Coritiba, ele teve a idea de desviar o foco. Postou para uma foto beijando um amigo, dono de um restaurante em São Paulo.
As torcidas organizadas se voltaram contra ele. Com faixas ameaçavam.
"Viado (sic), não. Vá beijar a PQP. Aqui é lugar de homem."
Sob o comando de Gobbi, Sheik teve de se submeter a uma reunião surpresa com membro das organizadas. E deu sua explicação, divulgada pela Gaviões da Fiel, a maior torcida.
"Lamento se ofendi a torcida do Corinthians, não foi a minha intenção. Foi só uma brincadeira com um grande amigo meu, até porque eu não sou são-paulino."
Enquanto tudo isso acontecia, Andrés Sanchez cuidava das dívidas do Itaquerão, como foi acertado. Gobbi foi se afastando do seu mentor, que desejava ser influente no futebol, mesmo sem cargo. Os dois se afastaram, mas nunca romperam.
Gobbi deixou o cargo em 2015, com muita ironia, cantando. Dizendo que não voltaria. Se afastaria da mídia.
Só que veio a aposentadoria, o ostracismo.
A fragilidade da situação.
As dívidas com o estádio seguiram sugando o clube.
Nem mesmo a tardia venda dos naming rights, para a Hypera Pharma, por R$ 300 milhões, a serem pagos em 20 anos, conseguiu garantir a solução.
A pandemia chegou para deixar tudo ainda mais difícil.
Sem a arrecadação, com a fuga dos sócios-torcedores.
Não é para menos que o Corinthians tem montado equipes cada vez mais fracas, nas últimas temporadas. Venceu títulos jogando como time pequeno, nas mãos do ex-auxiliar Fabio Carille.
E, muitas vezes, devendo até três meses em salários. Fora premiações e direito de imagem.
Gobbi conhece muito bem esse cenário.
E é nele que está batendo: a péssima administração dos bens corintianos, que levaram a um time fraco. Por isso diz que 'está voltando', como principal candidato da oposição.
Tem dado inúmeras entrevistas, antes da eleição, marcada para o dia 28 de novembro.
Seu principal adversário é Duílio Monteiro Alves, o candidato da situação, de Andrés. O ex-diretor de futebol.
E foi, com toda ansiedade, que Gobbi tratou de menosprezar, em uma live para a Gaviões da Fiel, a atual equipe corintiana. E ele não se preocupou, acabou humilhando os jogadores.
"O Corinthians ser protagonista permanente do futebol mundial.
"Segunda coisa, dar ao sócio lazer de excelência, porque futebol só se fala dos efeitos, o centroavante, o time, não tem time, o técnico.
"Técnico então é problema.
"Mas ninguém fala das causas que geram um time de m....
"É a gestão, não tem gestão, querido, não cobre time."
Lógico que a expressão 'time de m...' chegou nos ouvidos dos jogadores.
Caso Gobbi seja eleito, ele assumirá no início do ano, provavelmente em fevereiro. Antes, portanto do final do Brasileiro.
Ele conviverá com o time de 'm...'
Entre 28 de novembro até 24 de fevereiro, os atletas sabem que terão um presidente que os consideram uma equipe que merece ser desprezada, xingada, humilhada publicamente.
Gobbi poderia ter insistido na revelação que fez, a que o Corinthians deve mais de R$ 1 bilhão. Poderia falar da fragilidade evidente do time. Mas com respeito.
Ofender os jogadores é inaceitável.
Para tentar ganhar a eleição, ele piora o ambiente no futebol do seu próprio clube.
É um recurso triste, pobre.
E que revolta atletas e Vagner Mancini, já sufocando, diante de tanta pressão.
Até onde vai a política corintiana...
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