Globo avança no seu projeto. Se livrar dos insignificantes Estaduais
Diante da relevância da Libertadores, Copa do Brasil e Eliminatórias, Estaduais são perda de dinheiro e audiência. Nada de jogos às quartas até abril
Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli
São Paulo, Brasil
Florida Cup nos Estados Unidos.
Com Palmeiras e Corinthians.
Supercopa do Brasil em Brasília.
Flamengo e Athletico Paranaense.
Pré-Libertadores.
Com Corinthians e Internacional.
Fase de Grupos da Libertadores.
Com Flamengo, Santos, Palmeiras, Grêmio, Athletico Paranaense e São Paulo garantidos.
Copa do Brasil.
Eliminatórias da Copa do Mundo.
Dia 26 de março, Brasil e Bolívia.
Dia 31 de marco, Peru e Brasil.
Fase eliminatória da Champions League.
Diante do primeiro trimestre tão importante para o futebol, com tantas atrações, como se encaixam os Estaduais?
Torneios provincianos e cada vez mais insignificantes.
Sem força para atrair público, telespectadores, patrocinadores.
A Globo é a principal cúmplice desse calendário caótico. Que obriga o futebol brasileiro a começar em janeiro e terminar em dezembro. Quando o ideal seria seguir o padrão europeu, de agosto a junho.
Mas a velha tradição do ano comercial da emissora, que trabalha de janeiro a dezembro, com seus patrocinadores, amarra a parceira CBF.
Só que com a CBF, vem a obrigação de agradar as Federações que garantem o status quo, ou seja, a estrutura de poder no futebol. Com votos que valem três vezes os dos clubes, são elas que sustentam o presidente da CBF.
E as Federações exigem que sejam mantidos os Estaduais. Com os times grandes perdendo tempo, expondo jogadores importantes a contusões, arrecadando pouco, fazendo partidas incompreensíveis com equipes pequenas dos seus estados.
Só que, com o fim do apoio incondicional do governo federal, a emissora carioca tenta se livrar desse torneios que não têm mais razão de existirem.
O Paranaense já deixou que a streaming DAZN assumisse.
No ano passado, Mauro Celso Petraglia, foi profético:
"Quero adiantar pra vocês (jornalistas). A partir de 2020 a Globo não financiará, não comprará, nenhum campeonato estadual.
"O último é o próximo (2019). A Globo não quer mais campeonatos estaduais. É deficitário. Ela quer antecipar o calendário do Brasileirão para fevereiro e vender pay-per-view e publicidade do Brasileiro."
"O único estadual que ficará por um tempo, até 2022, é o Paulista. Há um contrato, não há cláusula de saída. O Carioca, Mineiro, Gaúcho, que são os quatro principais… (não serão transmitidos)."
Fernando Manuel Pinto, diretor de direito esportivo da Globo, deu uma emblemática, e rara entrevista, no ano passado.
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Deixou claro o quanto os Estaduais se tornaram perda de tempo. Mas sabe que a extinção de imediato seria muito radical.
"Se me perguntar se sou a favor do fim dos estaduais, digo que não. Não a curto ou médio prazo por questões comerciais. Defendo um reposicionamento."
"Temos que proteger as competições nacionais, pois só elas colocam os clubes brasileiros o ano inteiro prestando atenção um no outro."
"Em que momento um torcedor do Rio ou de Minas vai prestar atenção em um clube do Ceará, de Santa Catarina ou até de São Paulo? Só em uma competição nacional."
"Durante 1/3 do ano, nós condenamos o torcedor a ficar prestando atenção só no seu estado. Isso é um desperdício. Só com o Brasileirão, onde todos jogam contra todos, onde prestam atenção em todos os jogos, é que você tem a atenção plena do público brasileiro com o futebol brasileiro."
Manuel Pinto só falou o que já foi estudado há muito tempo na emissora. E com o fim dos aportes de propaganda do governo federal, as concessões políticas ao futebol provinciano será cada vez menor.
Não há mesmo interesse da Globo em manter o controle absoluto dos Estaduais. Assim como se livrou do Parananense, outros não terão seus contratos renovados.
A demonstração do desinteresse da emissora foi ratificado na divulgação da tabela dos jogos do Paulista que serão mostrados às quartas-feiras, dia tradicional de futebol.
Apenas na 12° rodada, a última de classificação, um jogo será mostrado na quarta-feira, às 21h30, dia primeiro de abril.
Ou seja, nenhuma quarta-feira de Campeonato Paulista na Globo em janeiro, fevereiro e março.
Simples e direto assim.
Para bom entendedor, fica claro o irreversível início do divórcio.
A Globo mostrará filmes de aventuras.
No Carioca, até agora, o Flamengo não acertou com a Globo. Não aceita receber os mesmos R$ 15 milhões que Vasco, Botafogo e Fluminense.
Se o campeão da Libertadores não fechar, o torneio, que já é fraquíssimo, sofrerá um golpe visceral.
A verdade é: a Globo não quer mais perder audiência e dinheiro para manter a estrutura de poder na CBF.
Competições muito mais importantes tornaram os Estaduais dispensáveis, meros obstáculos para os grandes clubes, que interessam a cada vez menos pessoas. E, cujos títulos, não levam a absolutamente lugar algum.
Em janeiro, fevereiro e março, a Globo se livrou.
Não desperdiçará mais suas quartas-feiras à noite com o Campeonato Paulista.
Aqui ainda há quatro candidatos eternos ao título.
No Rio, o Flamengo é franco favorito, mesmo com seus inúmeros compromissos mais importantes. Vasco, Fluminense e Botafogo tentam mascarar, aumentar a revelância do Carioca.
Em Pernambuco, Sport, Santa Cruz e Náutico brigam.
Absurdo assumido é no Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Ceará e Bahia, onde um torneio inteiro acaba sendo disputado para apenas dois candidatos.
A Globo usou, abusou, se aproveitou, desgastou dos Estaduais.
E agora quer se livrar dos campeonatos.
É o que já está fazendo.
Para desespero da cúpula da CBF.
Os presidentes de Federações são pura tensão...
Com Flamengo dominante, relembre campeões desta temporada
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