'Gil, vai roubar o Corinthians até quando?' Organizadas têm acesso ao hotel do Corinthians. Jogadores apavorados. Medo de agressões
Elenco tenso por conta das agressões que Luan sofreu. Expostos pela ligação entre diretoria e organizadas, atletas querem mais segurança. Jogo contra o Atlético, em Belo Horizonte, é de alto risco
Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli
São Paulo, Brasil
A grande novidade do Corinthians para amanhã, contra o Atlético Mineiro, em Belo Horizonte, já está com o elenco.
Não, não se trata do paraguaio Matías Rojas, que deve estrear.
Mas da segurança reforçada do elenco.
Com medo da própria torcida, os jogadores e Vanderlei Luxemburgo pediram e estão mais protegidos. Não querem mais ouvir ameaças, xingamentos nem cobranças cara a cara dos membros das organizadas.
O clima já estava de pura tensão, depois que "torcedores" tiraram Luan do motel Caribe, em São Paulo, e o agrediram. E ameaçaram de morte se não saísse do Corinthians.
Aliás, a direção tentará convencê-lo de vez a aceitar um acordo e ir embora. Deixando assim de receber R$ 800 mil por mês até dezembro de 2023.
Desta vez, o meia está mais inclinado a aceitar.
A tensão em Belo Horizonte, depois da derrota para o América, chegou a um grau muito maior.
Não bastassem os xingamentos após o jogo, ontem, ao voltarem do treinamento, uma selvagem recepção.
Membros das organizadas, que tudo sabem sobre os bastidores do clube, aguardavam o elenco. Especialmente por Gil, que falhou no gol no Independência.
Com total acesso ao hotel cinco-estrelas Ouro Minas.
Sim, a direção não faz como outros clubes, que proíbem a entrada de torcedores nas dependências do hotel. As organizadas corintianas seguem com privilégios.
"E aí, Gil?
"Vai comer o dinheiro do Corinthians até quando?
"Vai roubar o Corinthians até quando?
"Por que você não vaza?
"Por que você não sai fora?
"Você é ex-jogador.
"Está roubando o clube."
Gil, incomodado, apenas encarou o membro da organizada que o cobrava e perguntou. "Roubando o clube?"
Antes que a situação registrada pelo canal Meu Timão ficasse pior, o zagueiro foi afastado por Fagner.
Gil sabe que não terá seu contrato renovado.
Aos 36 anos, recebe R$ 700 mil mensais.
Mas ele queria uma saída digna do clube, não "expulso" pelas organizadas.
Gil não passa por uma boa fase.
O uruguaio Bruno Méndez está em momento muito melhor.
Só que ele está discutindo com a diretoria sua renovação ou não de contrato. Seu compromisso termina em dezembro com o Corinthians.
Mas o ataque a Gil, que é um dos líderes e dos jogadores mais queridos do elenco, abalou ainda mais o grupo.
Daí a segurança reforçada.
Como Vanderlei Luxemburgo deu atenção às organizadas, ele segue poupado.
Por enquanto.
Mas a campanha vexatória de nove derrotas, quatro empates e só quatro vitórias já pesa contra ele. Principalmente se o time for derrotado amanhã e mergulhar na zona de rebaixamento.
Conselheiros não param de cobrar dirigentes ligados ao presidente Duilio Monteiro Alves. Ele tenta manter a palavra empenhada em Luxemburgo, de mantê-lo até o fim de seu mandato, em dezembro.
Só que a pressão está acima do normal.
O treinador argentino do Fortaleza, Juan Pablo Vojvoda, é o sonho dourado da maioria dos conselheiros.
Ele já foi sondado logo após a demissão de Fernando Lázaro. E ele não quis deixar o time nordestino.
Luxemburgo promete mudanças no time que perdeu para o América.
Justamente Gil é um dos mais ameaçados de perder a posição.
Ele já havia sido ameaçado no ano passado.
E chegou até a apagar parte de fotos suas com a camisa do Corinthians nas redes sociais.
Pensou mesmo em sair, mas foi convencido a ficar até o fim deste ano.
Caso aconteça nova derrota diante do Atlético, o elenco terá ainda mais proteção.
Em Belo Horizonte e na chegada a São Paulo.
O medo das organizadas é real.
E cada vez maior.
O que aconteceu com Luan serve como parâmetro...
Confira imagens da suíte do motel em que Luan, do Corinthians, foi agredido por torcedores
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