Fracasso. Globo bane os videoteipes de futebol. Apela aos X-Men
Jogos com 60% a menos da audiência de 2019. E Globo desiste das partidas repetidas. Vai mostrar filmes. Enquanto pressiona para volta do futebol
Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli

São Paulo, Brasil
A Globo tem mais um motivo para pressionar a volta do Campeonato Carioca ainda em junho.
E o Paulista no início de julho.
O fracasso retumbante dos 'Jogos Inesquecíveis'.
O público não caiu no truque piegas de mostrar partidas repetidas, disponíveis na Internet.
A ideia foi agradar os patrocinadores que comprometeram R$ 1,8 bilhão, com 65 partidas ao vivo, com a emissora que detém o monopólio da transmissão do futebol no Brasil.
Mas veio a pandemia.
E os domingos às 16 horas passaram a ser ocupados por filmes.
Executivos logo lembraram da obrigação com Vivo, Itaú, Casas Bahia, Chevrolet e Ambev e Hypera Pharma. Cada um gastou R$ 307 milhões para ter suas propagandas, logotipos, no futebol ao vivo.
A emissora sabia que não teria os jogos da Copa América da Argentina, adiada para 2021. E o futebol no Brasil foi suspenso.
A Globo teria de compensar cada patrocinador se não conseguisse inserir na sua programação, 65 jogos.
Daí a grande ideia de repetir vitórias da Seleção Brasileira masculina, da Feminina, e dos clubes.
Seriam duas horas de futebol, no domingo à tarde, com espaço para as devidas propagandas.
E assim foi feito.
Só que o público não caiu nesse truque barato.
A audiência foi minguando.
Nas principais praças, nas cidades mais ricas.
São Paulo e Rio de Janeiro.
Principalmente tendo o parâmetro de finais de Estaduais e de início do Brasileiro.
Brasil e Alemanha, na final da Copa de 2002, chegou a 21 pontos.
Brasil e Argentina, decisão da Copa das Confederações 2005, 14 pontos.
Brasil e Itália, final da Copa de 1994, 16 pontos.
Brasil e Espanha, decisão da Copa das Confederações 2013, 14 pontos.
Brasil e Estados Unidos, decisão do Pan, futebol feminino, 10 pontos.
Aí vieram os jogos com os clubes grandes.
Para fazer média com as quatro torcidas paulistas.
Corinthians e Chelsea, final do Mundial 2012, 14 pontos.
São Paulo e Liverpool, decisão do Mundial 2005, 11 pontos.
Palmeiras e Deportivo Cali, final da Libertadores 1999, 9 pontos.

O Flamengo foi o clube que conseguiu maior audiência. No Rio, a final da Libertadores de 2019, contra o River Plate, chegou a 18 pontos.
Vasco e Barcelona do Equador, final da Libertadores de 1998, ficou em 12 pontos.
Mas Fluminense e Palmeiras, jogo que deu o título do Brasileiro de 2012 ao time carioca, ficou nos 9,8 pontos.
Executivos globais viram os vexames da semana passada com partidas do Palmeiras e Fluminense e decidiram que os jogos de amanhã, serão os últimos repetidos.
A Globo mostrará o Santos sendo campeão da Libertadores de 2011, para São Paulo.
No Rio, o Botafogo vencerá o Santos e conquistará o Brasileiro de 1995.
A perspectiva de audiência é assustadora.
Tanto que, sem nenhuma sutileza, a emissora carioca avisou ao mercado que estão encerrados os "Jogos Inesquecíveis", aos domingos.
Fausto Silva já estava incomodado com seu programa ter de tentar recuperar a audiência perdida com videotapes.

Ao mesmo tempo que a Globo anuncia que mostrará no domingo, dia 14, um filme da saga X-Men, passou a apoiar a volta do futebol em pleno auge da pandemia.
O comportamento bipolar, já que seu jornalismo como um todo defende o isolamento social, tem explicação.
"Pagar" as tais 65 partidas aos patrocinadores.
Não se importando em virar parceira do seu pior inimigo, Jair Bolsonaro.
A volta do futebol ao vivo é o que importa.

A final do Paulista de 2019 chegou a 36,9 pontos.
A decisão do Carioca de 2019, bateu nos 32,9 pontos.
A média dos jogos do Brasileiro de 2019 foi 29 pontos.
Os patrocinadores sentem saudades destes números.
Ninguém paga R$ 1,8 bilhão à toa.
Para perder até 60% de audiência...
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