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Flamengo pressiona CBF, que pressiona Conmebol. Depois de sete casos de racismo, clubes serão punidos 'de verdade'

A Conmebol finalmente anunciou, pressionada, que alterará a maneira de agir em relação ao racismo. Irá aumentar, e muito, as multas, como também cassará mandos de campo. Imitará o que a Uefa faz há anos

Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli

Torcedor do River Plate joga bananas em direção da torcida do Fortaleza
Torcedor do River Plate joga bananas em direção da torcida do Fortaleza Torcedor do River Plate joga bananas em direção da torcida do Fortaleza

São Paulo, Brasil

Foram necessários sete casos de racismo, na Libertadores e Copa Sul-Americana, e o último deles com o Flamengo, para que a CBF tivesse uma atitude mais firme.

Exigindo que a Conmebol seguisse o exemplo da Uefa. E decidisse atingir o ponto mais importante da questão. Punição severas e caríssimas aos clubes. Não mero afastamento do torcedor que decidir ser racista, a ponto de imitar um macaco, para lembrar que os negros formam a maioria da população do Brasil.

A impunidade é o grande incentivo em qualquer crime.

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E o que acontece nos estádios sul-americanos é crime. As atitudes racistas, como jogar banana em direção à torcida adversária, como se estivesse alimentando macacos são repulsivas.

Os números são assustadores.

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Só este ano foram sete casos. Nos jogos Palmeiras x Emelec, Corinthians x Boca Juniors, Estudiantes x Red Bull Bragantino, River Plate x Fortaleza, Olímpia x Fluminense, Millionarios x Fluminense e Universidad Católica x Flamengo.

E nos últimos sete anos, foram 27 casos de racismo comprovados nas competições organizadas pela Conmebol. E, a rigor, só o Olimpia do Paraguai foi punido em 45 mil dólares, R$ 223 mil, em março deste ano.

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Tudo o que os dirigentes de clubes não querem é promover jogos da Libertadores sem público. Ou perda de mando. Sendo obrigados a organizarem partidas fora de seus países, longe dos seus torcedores.

O caminho da punição é o mesmo que a Uefa passou a aplicar, há cerca de dez anos. Principalmente nos clubes do Leste Europeu, onde a intolerância à raça negra era tradicional nos mais radicais membros de organizadas.

Só quando os clubes passaram a perder mandos e multados, os absurdos pararam.

"A CONMEBOL considera ABSOLUTAMENTE INACEITÁVEL qualquer manifestação de racismo e outras formas de violência em seus torneios. Assume e sempre assumirá sua parte de responsabilidade na luta contra todas as formas de discriminação. A luta contra este flagelo ocupa um espaço central nas preocupações e no trabalho da CONMEBOL, o que é evidente nas múltiplas campanhas de conscientização e ações de alcance massivo, assim como na aplicação de penalidades àqueles que incorrem nestas práticas desprezíveis.

"A CONMEBOL promoverá mudanças nos regulamentos para AUMENTAR e ENDURECER as penalidades em casos de racismo. Compromete-se também a elaborar e implementar novos programas e ações que visem banir definitivamente este problema do futebol sul-americano", destacou a entidade em longa nota de repúdio.

Torcedor do Boca Juniors imita macaco. Ficou detido apenas três horas. E liberado
Torcedor do Boca Juniors imita macaco. Ficou detido apenas três horas. E liberado Torcedor do Boca Juniors imita macaco. Ficou detido apenas três horas. E liberado

A pressão do Flamengo à CBF impulsionou a cobrança à entidade sul-americana. Os dirigentes de clubes brasileiros já haviam cobrado a CBF e nada havia acontecido.

Mas bastou a partida Universidad Católica e Flamengo, com a famigerada atuação de um torcedor chileno imitando macaco, que finalmente a América do Sul parece ter 'acordado' para o racismo.

No futebol brasileiro, a situação também é absurda.

Com um copo de água atirado ao gramado tendo o mesmo peso de uma invasão. E pressionando os tribunais esportivos à perda de mando do clube envolvido. Daí os próprios torcedores supervisionarem e mostrarem à segurança do estádio a pessoa que atirou o copo de água.

A legislação brasileira é quase omissa em relação aos casos de racismo. Foi criada a figura de injúria racial para amenizar a situação. Por isso que o torcedor do Boca Juniors que imitou um macaco, ironizando a torcida corintiana, em Itaquera, foi detido. E solto após três horas, depois de o próprio consulado argentino pagar a multa de R$ 3 mil. 

É um incentivo aos racistas.

Mas agora é obrigação da CBF pressionar de verdade a Conmebol. E exigir que a alteração na legislação seja real.

E os clubes tenham de pagar por atitudes de racistas infiltrados nas suas torcidas.

Só assim essa sequência de atitudes vergonhosas irá parar.

A tão criticada direção do Flamengo, desta vez, acertou em cheio.

Defendeu seus torcedores da barbárie.

E fez a direção da CBF sair do marasmo.

Agir.

Que venha a nova legislação esportiva.

E quem sabe a brasileira civil se adapte à realidade.

Passe a punir de verdade quem tem atitude racista...

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