Fla não acha ofensa de Ramírez a Gerson. E sim a Bruno Henrique
Clube envia à polícia e à CBF trecho que colombiano diz a Bruno Henrique que 'está falando muito, seu negro'. Situação pode se complicar de vez
Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli
São Paulo, Brasil
"O Flamengo encomendou a especialistas do INES - Instituto de Educação de Surdos, uma leitura labial da situação do Ramirez com o Bruno Henrique momentos antes do que se passou com o Gerson.
"A prova revelou que teria havido a ofensa, vamos apresentar ao STJD e entregar à polícia."
A revelação de ontem, do vice-presidente jurídico do Flamengo, Rodrigo Dunshee de Abranches, revela o que o clube apurou depois de exaustiva análise de todo o jogo entre Flamengo e Bahia.
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As câmeras da transmissão de qualquer partida não ficam cada segundo focadas nos rostos dos jogadores. Ou seja, a acusação de Gerson ter ouvido o colombiano Ramírez falar "Cala a bola, negro", não foi localizada.
"Não foram captadas outras imagens do momento exato em que a ofensa teria acontecido, que permitam apurar o que foi dito pelo atleta. Ressaltamos que as imagens estão sendo concedidas exclusivamente para a apuração do incidente supostamente ocorrido, não sendo permitida qualquer outra utilização", divulgou a Globo, oficialmente, ontem.
Cada frame da discussão entre os dois, entre 6 minutos e 22 segundos até os oito minutos, quando Gerson e Ramírez estavam próximos, foram dissecados.
Mas em compensação, o Flamengo garante ter a prova que Ramírez foi racista. Não com Gerson, mas com Bruno Henrique. Só que aos 20 minutos do segundo tempo. 12 minutos mais tarde.
Houve uma ríspida discussão entre os dois jogadores.
Ramírez teria dito ao flamenguista.
"Está falando muito, seu negro."
Ao que Bruno Henrique teria respondido.
"Gringo de m..."
A situação não invalida a acusação de Gerson, mesmo não tendo imagem ou som do que teria dito o colombiano.
Mas essa nova prova complica ainda as circunstâncias legais para Ramírez.
E também expõe a xenofobia de Bruno Henrique.
O meia-atacante do Flamengo garante que não acusou o colombiano porque não se lembra de ter ouvido a ofensa.
Mas mesmo assim, se a Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi) e o STJD aceitarem a transcrição do diálogo, Ramírez pode ter problemas graves: legais e esportivos.
A diretoria do Bahia se apressa a dizer que não teve acesso às novas provas levantadas pelo Flamengo. E que faz sua própria apuração.
Ramírez garantiu publicamente que não foi racista. Negou ter usado a palavra 'negro', de forma pejorativa.
Os jogadores do clube nordestino querem sua reintegração e asseguram que ele foi 'mal interpretado'. E que teria dito "vamos jogar sério" a Gerson. E não "cala a boca, negro".
O presidente Guilherme Bellintani garante que, se nada ficar provado, o jogador colombiano será perdoado. O dirigente sabe que tem um meia-atacante de qualidade. E que pode precisar de seu futebol, já que o clube corre serío risco de rebaixamento, por conta também do péssimo trabalho de Mano Menezes.
Ramírez, por enquanto, está afastado.
Não deve enfrentar o Internacional, domingo.
O demitido Mano Menezes ainda dará seu depoimento à polícia, assim como Ramírez.
O técnico será ouvido por minimizar a denúncia de racismo de Gerson.
E resumir a situação como "malandragem"...
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