Fim dos privilégios de Neymar. Primeira lição no recomeço de Tite
Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli

São Paulo, Brasil
Assim que o árbitro sérvio Milorad Mazic apitou o final de Brasil e Bélgica, em Kazan, agências importantes em São Paulo e no Rio de Janeiro confirmavam com as principais emissoras de tevê do país.
Não eram apenas as propagandas de Neyma que sairiam imediatamente do vídeo.
As mensagens de superação, confiança, liderança, confiança, de resgate de brasilidade dadas por Tite também estavam banidas.
Era o preço do fracasso.
Sem entusiasmo, pompa e nem circunstância, ele renovou seu contrato.
Terá o ciclo de quatro anos como desejava.
Mas como autopunição, sem nenhum real de aumento.
Com o gosto amargo de quem viu seu projeto desmoronar.
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O egocentrismo e as simulações de Neymar serviram como excelente escudo para as críticas iniciais. Mas depois do ídolo mais artificial que o Brasil já teve, as atenções se voltaram ao trabalho do técnico.
Suas escolhas foram questionadas.
Principalmente a de manter os privilégios a Neymar. Aceitar que só a família do jogador ficasse no hotel da Seleção durante a Copa. Como também a de proteger o jogador de 26 anos como se fosse um menino de 12 anos.
Tite vai repensar essa relação, que na prática, se mostrou tão daninha e dependente quanto a que mantiveram Mano Menezes, Felipão e Dunga com o camisa 10 da Seleção e do PSG.
De nada adiantou a postura paterna. E quase que cega ao não perceber que as simulações, os chiliques com os árbitros e os palavrões aos companheiros só prejudicaram a própria Seleção.
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A relação precisa e vai mudar.
Assim como sua opção por morrer abraçado com Gabriel Jesus, Marcelo (fora de forma), Fernandinho, Paulinho (depressivo por ter sido despachado pelo Barcelona de volta à China), Willian, Fred, Taison.
O péssimo timing com Renato Augusto. O colocando em campo quando não tinha condições. E o deixando fora quando estava no seu auge no Mundial.
O nó tático que tomou de Roberto Martínez, que o supreendeu, colocando os belgas no ataque, no primeiro tempo, como se enfrentasse uma seleção qualquer e não o Brasil. E poderia ter virado a partida goleando.
Tite caiu do céu das Eliminatórias ao inferno com a eliminação da Copa do Mundo.
"O encantador de serpentes" fracassou, como o define Lugano.
Sim, a crueldade é um privilégio dos perdedores no futebol.
Tite está arranhado, mas não no fundo do poço.

Depois de Telê Santana, em 1982, e o 'campeão moral' Cláudio Coutinho, em 1978, ele foi o treinador que melhor está sendo tratado depois de perder uma Copa do Mundo. Tanto que renovou seu contrato.
E terá como missão, corrigir seus erros.
Mudar o rumo.
Depois dos relatórios da derrota na Rússia, hoje é sua volta efetiva ao trabalho.
Voltará na sua terra, Rio Grande do Sul.
Onde terá melhor acolhida da imprensa.
É bom começar sem conflitos.
Observará Grêmio e Flamengo.
Não encarará um dos seus erros, o de não levar Arthur à Copa.
O ex-volante gremista já está no Barcelona, com a vaga de Paulinho.
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Verá um dos acertos, convocar Lucas Paquetá para sua renovada Seleção.
Outros jogos também serão observados pela mesma Comissão Técnica da Rússia.
São Paulo x Colón, amanhã, pela Sul-Americana, terá Cleber Xavier, para sacramentar Militão, no Morumbi. No Rio de Janeiro, Fluminense e Defensor, merecerá a visita do filho de Tite, Matheus e de Fernando Lázaro, filho do ex-lateral corintiano, Zé Maria.
No sábado, Matheus Bachi e Fernando Lázaro acompanharão os passos de Rodrygo, no confronto em Botafogo e Santos. E no domingo, Fernando Lázaro vê São Paulo e Vasco. Na terça-feira, Estudiantes e Grêmio, na Argentina, terá Cléber Xavier e Fernando Lázaro nas tribunas, na Argentina.

Tite fez questão que a CBF divulgasse sua movimentação, assim como da Comissão Técnica.
O técnico pretende também viajar para a Europa. Para acompanhar novos possíveis convocados para os primeiros amistosos, em setembro, nos Estados Unidos, contra o selecionado da casa, e diante do insignificante time de El Salvador.
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Pessoas próximas a Tite garantem que ele ficou bem abalado com a eliminação do Brasil. Mas saiu convicto de que fez o melhor. Até por apenas 26 partidas no comando da Seleção.
Como ele mesmo confessou, também pagou o preço pelo batismo de fogo.
Não tinha mesmo a ideia da magnitude da Copa do Mundo.
Mesmo preservado, tem sentido o peso das cobranças pelo fracasso.
Com ele, o Brasil acumulou 16 anos sem conquistas.
Tite relembra a todo instante que é professor de Educação Física.
E como valoriza os educadores.

Tomara que tenha encarado a Copa do Mundo como uma grande lição.
Tenha respaldo para tomar as decisões necessárias.
E que tanto o atrapalharam.
A começar pelo intocável Neymar...
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