Fim da linha para o 'novo Kaká'. São Paulo não quer renovar com Igor Gomes. Ele deve ser o primeiro do desmanche para 2023
Conselheiros e líderes de organizadas pressionam o presidente do São Paulo, Julio Casares. Não querem a renovação de contrato de Igor Gomes, jogador que já valeu R$ 255 milhões
Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli
São Paulo, Brasil
"Igor Gomes. El nuevo Kaká, en el radar de Real Madrid.
El jogador del São Paulo, que acaba de cumprir 21 años, es seguido por ojeadores de Calafat, tiene uma clausula de 50 milliones y los quieren Sevilla y Barça."
"Igor Gomes. O novo Kaká, no radar do Real Madrid.
O jogador do São Paulo, que acaba de completar 21 anos, é observado por olheiros de Calafat (Juni Calafat, diretor de futebol do Real Madrid), tem uma cláusula de 50 milhões de euros (R$ 255 milhões) e Sevilha e Barcelona também o querem.
Essa é a tradução de um trecho do texto que saiu com relevância no jornal AS, da Espanha, no dia 29 de março de 2020. A matéria ainda citava que o Ajax também estava interessado no jogador.
Era o reflexo de uma campanha feita pelo próprio São Paulo. Empresários ligados à direção do clube fizeram questão, há anos, de espalhar que o clube tinha a "reencarnação" de Kaká nas categorias de base, em Cotia.
Era o auge de Igor Gomes.
Jogador, que hoje tem 23 anos, vivia seu auge em 2020. Dono de arrancadas inesperadas, driblando em alta velocidade, com muita confiança, marcando gols, dando excelentes assistências.
O jeito de correr, de cabeça erguida, a postura em campo, tudo lembrava Kaká.
E ele gostava da comparação.
"O pessoal na base já falava bastante, a comparação com o Kaká. Para mim é uma honra. É uma pessoa que vejo como um ídolo que já ganhou muitos títulos, jogou em alto nível, foi o melhor do mundo. Um atleta que tenho como espelho", cansou de repetir em 2020.
Até mesmo a aparência física lembrava o brasileiro que foi o melhor do mundo em 2007.
Igor Gomes decidiu travar as comparações. Deixou bigode e cavanhaque.
Foi ao mesmo tempo que seu futebol caiu assustadoramente.
Ele passou a prender demais a bola, mostrar insegurança nos dribles, acabaram as arrancadas, se tornou lento, facilmente anulável por times adversários.
Virou reserva do reserva.
Seu empresário, Wagner Ribeiro, dizia no ano passado que poderia arrumar um clube que pagasse 25 milhões de euros, R$ 127 milhões. A diretoria do São Paulo se animou. Mas essa equipe não apareceu.
As torcidas organizadas desde o ano passado estão em uma campanha fortíssima. Pedem a saída do jogador. Acreditam que ele representa a falta de confiança que domina o time há anos e anos. Tudo ficou pior na noite de 1º de setembro, com o São Paulo disputando a partida de ida da Sul-Americana, em Goiânia.
Aos 40 minutos do primeiro tempo, Igor Gomes, de forma infantil, já com cartão amarelo, deu um carrinho violentíssimo em Edson Fernando e foi expulso. Os goianos venceram por 3 a 1. Os torcedores não perdoaram e exigiram a saída imediata do atleta.
A desilusão atingiu até o maior defensor de Igor Gomes, Rogério Ceni. O treinador o transformou em reserva dos reservas.
Cada vez que Igor Gomes entra em campo, há vaias, xingamentos.
Ele tem tudo para ser o primeiro do desmanche que o São Paulo fará em 2023.
E de uma maneira muito política.
Ou seja, a não renovação de contrato por "desencontro financeiro".
O compromisso de Igor Gomes com o São Paulo termina no início de março de 2023. Há cinco dias, ele já pode assinar um pré-contrato com qualquer outro clube do mundo. Sem render um euro de sua multa rescisória de 50 milhões de euros, anunciada pelo jornal espanhol AS.
A direção do São Paulo não se mostra nem um pouco preocupada. Muito pelo contrário. Ela sabe que o jogador não tem nenhum gigante interessado. E fechar contrato de cinco anos com um atleta em franca decadência há pelo menos dois anos não anima Julio Casares.
O presidente sofre enorme pressão dos conselheiros que o elegeram e mudaram o estatuto, possibilitando sua reeleição. Eles não querem a renovação de Igor Gomes. Assim como os principais líderes das organizadas.
A situação é escancarada.
Não é segredo.
O clima de renovação entre São Paulo e Igor Gomes é péssimo. As primeiras conversas foram ainda no início do ano. E foram piorando. De acordo com a direção do clube, a pedida do jogador é muito alta. Assim como o desejo de contrato de cinco anos.
A saída política, com a liberação antecipada ao fim da temporada, com o São Paulo não pagando o salário de janeiro a março de 2023, ganha força no Morumbi.
Os companheiros tentam animar Igor Gomes.
Rogério Ceni deixa claro que não depende dele a permanência do jogador. Aliás, o próprio treinador pode sair, caso o São Paulo não consiga uma vaga na Libertadores de 2023.
Igor Gomes tem sentido o clima de desilusão com seu futebol.
Evita entrevistas. É visto calado, tenso, sem alegria.
Todas as indicações são que o tempo do novo Kaká no Morumbi está terminando.
E que ele tem tudo para ser o primeiro do desmanche programado para 2023.
Com vaga ou sem vaga para a Libertadores...
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